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Nike e CBF, vinte anos de polêmicas

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Nike e CBF, vinte anos de polêmicas

Fornecedora de material esportivo da Seleção Brasileira desde 1995, marca americana já inspirou nome de CPI e bateu de frente com José Maria Marin


1 de junho de 2015 - 8h08

Quando assumiu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em 1989, Ricardo Teixeira se deparou com uma entidade com o caixa quebrado e sem condições, até mesmo, de bancar as viagens de suas delegações. Um dos primeiros grandes feitos do cartola foi retomar o superávit por meio de contratos milionários, um dos mais importantes foi com a Nike, em 1995, para fornecimento de material esportivo à Seleção Brasileira. Atualmente, ele está avaliado em US$ 35,5 milhões anuais e vai até 2017.

As relações entre a entidade e a empresa são marcadas por polêmicas. Em 1998, após a Copa do Mundo na França, gerou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A "CPI da Nike" debatia os relacionamentos entre a entidade e a empresa. Em 2001, ao término da comissão, Teixeira foi acusado de vários crimes e o contrato teve que ser revisto. Em 2013, a Nike e a CBF se desentenderam em relação aos termos de tal contrato, a CBF, presidida por José Maria Marin, reclamava que a abrangência dos direitos da multinacional era excessiva. A Nike rebateu e não abriu mão dos poderes sobre o time.

Essa relação tumultuada, que completa vinte anos, foi marcada por um novo capítulo na última semana. Após a prisão de sete executivos da Fifa, em Zurique, na quarta-feira 27, entre eles, José Maria Marin, vice-presidente da CBF. O relatório da Justiça americana citou que Marin teria relações com “alegados esquemas relacionados a pagamento e recebimento de comissões e propinas em conexão com o patrocínio à CBF por uma grande marca de sportswear dos Estados Unidos”. Apesar de não ter sido citada, a Nike logo foi associada com o caso por ser a única fornecedora de material esportivo para a Seleção.

As propinas originadas no contrato com a marca poderiam ter rendido até R$ 94 milhões a Marin e outros membros da CBF. A empresa foi a única envolvida diretamente nos escândalos. Em sua primeira nota, ainda na quarta-feira, repudiou qualquer forma de manipulação e disse que colabora com o caso. "Como todos os nossos fãs ao redor do mundo, nós somos apaixonados pelo jogo. A Nike acredita em ética em fair play tanto nos negócios como no esporte, e repudia fortemente toda forma de manipulação".

Após dois dias, a empresa informou que um suposto indiciamento no caso Fifa não faz dela uma empresa de conduta criminosa. “As denúncias divulgadas nos últimos dias nos Estados Unidos não indicam que a Nike estivesse envolvida em conduta delituosa. Não há, nos documentos de acusação, alegação de que qualquer funcionário da Nike tivesse conhecimento ou participação consciente em esquemas de suborno ou propina”, disse a empresa em nota enviado ao Meio & Mensagem.

A pergunta que ronda o mercado é: qual será o próximo capítulo dessa história? A Nike tem uma marca avaliada em US$29,7 bilhões, segundo o ranking BrandZ, divulgado na semana passada. É a maior entre as marcas esportivas do mundo. Em 2013, um ano antes da Copa do Mundo no Brasil, o País já era o terceiro mercado para a empresa, atrás da China e dos Estados Unidos. Naquele ano, em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Mark Parker, presidente mundial da companhia, disse que o Brasil era o País onde a marca via maior oportunidade de crescimento.

Nos últimos dias, a empresa não deu nenhum sinal de que poderia reaver seus contratos com a CBF. Resta saber qual serão os danos causados à Nike e se essa tumultuada relação supera mais esse momento. Ainda não se sabe qual foi o diálogo entre CBF e Nike, na quinta-feira 28, a entidade reuniu seus patrocinadores para uma gestão de crise e na coletiva de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, na sexta 29, pela primeira vez na história nenhuma das marcas foram expostas, inclusive a Nike.

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