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No mundo da lua e além

No aniversário de 50 anos da conquista da lua, Meio & Mensagem resgata entrevista com Edwin Buzz Aldrin, segundo homem a pisar na superfície lunar


19 de julho de 2019 - 6h54

Astronauta Buzz Aldrin com seu relógio Speedmaster, da Omega, que o acompanhou na missão Apolo 11 (crédito: divulgação)

“Esse é um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade”. A frase dita pelo comandante Neil Armstrong ao se tornar o primeiro homem a pisar na lua foi acompanhada, ao vivo, por mais de 600 milhões de pessoas na Terra em 21 de julho de 1969. Ele descreveu a superfície lunar como “um granulado muito fino” e “quase como pó”.

Logo em seguida, o piloto do Módulo Lunar Edwin Buzz Aldrin caminhou na lua. O astronauta descreveu a visão como “desolação magnífica” e até deu dois saltos de canguru no ambiente de baixa gravidade. No dia 22 de julho, depois de mais de 21 horas e meia na superfície lunar, Armstrong e Aldrin levantaram voo na Eagle carregando 21,55 quilos de amostras lunares. Eles chegaram à Columbia que se encontrava em órbita lunar com Michael Collins, o terceiro integrante da missão Apollo 11.

Em visita ao Brasil em novembro de 2014 a convite da Omega, marca do relógio que usou nas aventuras espaciais e da qual é embaixador desde 2009, o astronauta Edwin Buzz Aldrin recebeu a reportagem de Meio & Mensagem. Na entrevista, que republicamos a seguir, o segundo homem a pisar na lua analisou a importância da alunagem, a participação do Brasil e da iniciativa privada na exploração do espaço, o desenvolvimento do turismo espacial e deu sua previsão para a nova parada para a viagem humana: Marte, em 2039.

Edwin Buzz Aldrin (crédito: Arthur Nobre)

Meio&Mensagem – Depois de 45 anos, qual é a importância da missão Apollo 11 para a exploração espacial e para a humanidade?
Edwin Buzz Aldrin – A primeira missão a pousar na lua, consequência de outras missões que foram até a lua, foi o símbolo do cumprimento de um compromisso feito pelo presidente (em discurso no congresso norte-americano em 1961, John F. Kennedy estabeleceu o pouso de um homem na lua como uma meta até o final da década de 1960) e representa uma ampliação muito significativa da capacidade da humanidade que, após milhares de anos na Terra, conseguiu visitar temporariamente outros corpos celestes e voltar para o planeta, e visitar de novo e de novo… Alcançamos essa habilidade de ir e voltar. Há outros corpos celestes no sistema solar que podem ser mais propícios a existência humana por longos períodos e eu acredito que Marte se encaixa bem nesta categoria.

M&M – E quando o senhor acredita que o homem conseguirá pousar em Marte?
Aldrin – Há cerca de cinco anos eu diria que no início dos anos 2030, como 2031 ou 2032. Agora eu acredito que será um pouco antes de 2040. Minha previsão otimista seria 2039. Nos períodos favoráveis para ir da Terra a Marte é necessário pouco mais de dois anos. São cerca de 26 meses. As condições da superfície de Marte são similares as da Terra. As estações que temos ao longo do ano, o dia e a noite são bem semelhantes. Há uma atmosfera muito fina e também há evidências de gelo e água. A utilização desses recursos pode apoiar uma permanência maior no planeta. Essa permanência seria inicialmente suportada por suprimentos vindos da Terra, mas com tendência de ser mais e mais auto-suficiente.

Buzz Aldrin durante entrevista ao Meio & Mensagem em novembro de 2014 (crédito: Arthur Nobre)

M&M – Qual é seu envolvimento atual com o programa espacial?
Aldrin – Bem, dias atrás estive conversando com um departmento da Nasa (agência espacial norte-americana). Tenho trabalhado em estreita colaboração com funcionários da agência que têm a responsabilidade de desenvolver a exploração espacial humana. Conversei recentemente com essas pessoas no quartel-general em Washington, em Houston, no Texas. Continuo associado aos objetivos da Nasa. Tenho amigos lá que têm feito testes no Havaí que simulam a superfície da lua e da Marte.

M&M – Recentemente, a Virgin Galactic, companhia espacial comercial de Richard Branson, registrou um problema durante um teste de voo da SpaceShipTwo que resultou na morte do copiloto. Qual sua opinião sobre voos comerciais para o espaço e o turismo espacial?
Aldrin – Sempre acreditei na evolução gradual para o turismo espacial para a população em geral a um determinado custo como um desenvolvimento natural da atuação da iniciativa privada no suporte do transporte das equipes da Nasa até a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Esses foguetes comerciais e veículos espaciais também podem ser usados em várias ocasiões para levar pessoas que compraram bilhetes, que tenham atribuições ou que participaram de concursos, por exemplo. Acredito que veremos esse compartilhamento entre governo e iniciativa privada se tornar cada vez mais independente do governo. Mas existe um monte de coisas sendo executadas pelo governo que deveriam ser transferidas para as empresas privadas, mas o governo pode não estar disposto a abrir mão. É preciso que o congresso ou o presidente modifique essa política para começar a acelerar.

 

M&M – O Brasil participou do programa da Estação Espacial Internacional e enviou Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro, ao espaço em 2006. O País poderia contribuir mais com a exploração espacial?
Aldrin – A Embraer produz um avião muito atraente, competitivo e útil, e acredito que eles podem avançar em certas áreas. Fiz uma visita ao Centro de Lançamento de Alcantará (localizado no Maranhão) há cerca de 15 anos e conversei com algumas pessoas, conheci o astronauta brasileiro, e fiquei sabendo que há um trabalho colaborativo entre a China e o Brasil. Acredito que os Estados Unidos devem entrar mais ativamente no apoio ao desenvolvimento da capacidade do Brasil de exploração do espaço e talvez as pessoas no País possam fornecer recursos para que a Agência Espacial Brasileira (AEB) possa começar a realizar trabalhos para a Estação Espacial e também atividades privadas, como o turismo. Certamente existem possibilidades de alianças para esse tipo de cooperação na produção espacial. Investidores de todo o mundo podem ajudar a dividir os custos de desenvolvimento e de operação de veículos espaciais.

M&M – Do que você mais sentiu falta da Terra quando estava nas missões espaciais e do que você sente falta do espaço?
Aldrin – Procurei entender o que estaria disponível no espaço para que quando eu chegasse lá eu realmente não sentisse falta de nada. Não senti falta de nada porque eu sabia quais eram as circunstâncias. É como sair num passeio de canoa ou de cavalo, ou ir de avião visitar alguém ou conhecer um novo lugar, você não sabe exatamente o que encontrará. Você pode sentir falta dos huevos rancheros (prato típico mexicano) no café da manhã. Eu não os encontrei aqui (risos).

M&M – Como se sente no papel de embaixador de uma marca?
Aldrin – É atrair um amplo número de pessoas para conhecer as características de um relógio que foi escolhido para ser o único aprovado para os astronautas norte-americanos usarem no espaço, e isso inclui novas versões dos relógios Omega. Eu tenho um, mas está em reparos na Suíça (risos). Trata-se de uma versão especial com dois relógios em uma mesma pulseira que permite a Aldrin saber a hora exata em qualquer lugar que esteja no mundo.

crédito: Arthur Nobre

Crédito da imagem no topo: Daniel Tiriba/FreeImages

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