Nos EUA, Stellantis tira comerciais patrióticos do ar
Comerciais de Jeep, RAM e Dodge exaltavam fato de veículos serem "100% made in USA", quando na verdade muitas das peças vêm de fora do país
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Meio & Mensagem
10 de abril de 2025 - 16h19
Por E. J. Schultz, do Ad Age
Stellantis recém-criou o programa “Freedom of Choice”, que possibilita aos consumidores a compra de carros pelo mesmo preço praticado junto aos funcionários da companhia (Crédito: Reprodução)
Nos últimos dias, a Stellantis começou a veicular no YouTube e na televisão comerciais de Jeep, Ram e Dodge que celebravam o fato de os veículos terem sido construídos em solo norte-americano.
Os filmes de cunho patriótico – feitos em meio ao aumento de 25% das tarifas sobre automóveis confeccionados fora dos EUA – já saíram do ar, porém.
A retirada das campanhas ocorreu logo depois de a Truth in Advertising (TINA) vir a público alegando que a mensagem publicitária da Stellantis é falsa, já que peças utilizadas nos carros da companhia vêm de fora. O órgão também frisou que a Comissão Federal de Comércio (FTC) determina que produtos comercializados como “made in the USA” precisam ser ter 100% fabricados nos EUA.
Em carta endereçada a Oliver Françoise Giorgio Fossati, respectivamente chief marketing officer (CMO) e conselheiro geral da Stellantis, o TINA afirmou que a companhia tem o direito de se gabar do fato de ter plantas nos EUA que geram empregos e fortalecem a economia do país, mas que, no entanto, não podem camuflar a quantidade de manufatura doméstica.
Diante disso, a marca retirou os comerciais do YouTube e encerrou prematuramente a veiculação na TV, alegando que estaria lidando com certas questões que vieram à tona em relação à linguagem utilizada nos vídeos. Um porta-voz disse que o trabalho continuará a ser veiculado nas redes sociais, uma vez que tais questões sejam resolvidas.
Em seu site, o TINA afirma que diversas partes dos modelos retratados na campanha, como motor e transmissão, vêm de diversas partes do mundo, como México, Itália e Filipinas.
Mas, apesar das regras estipuladas pelo FTC, quase nenhum carro norte-americano é construído integralmente com peças confeccionadas no país.
Criado pela Doner, o comercial de Jeep, chamado “American Freedom”, relembrou a história da marca como veículo utilizado pela força militar norte-americana na Segunda Guerra Mundial, antes de descrever como o Wrangler e o Gladiator foram feitos na cidade de Toledo, em Ohio, e o Grand Cherokee e o Grand Wagoneer em Michigan.
Já o vídeo de RAM falou sobre como a marca foi construída do zero na América. Ambos os comerciais terminavam apresentando o programa “Freedom of Choice”, que dá aos compradores a opção de escolher incentivos em dinheiro ou pagar o mesmo preço aplicado aos funcionários da companhia.
Em resposta às tarifas, Ford e Hyundai também lançaram programas limitados de preço em resposta às tarifas – algo que os especialistas esperam que reduzirá as demandas sobre a indústria automotiva, à medida que as marcas aumentam preços para lidar com a ascensão de custos das cadeias de suprimento.
A Hyundai prometeu não subir o preço de varejo sugerido pela fabricante sobre os veículos, enquanto a Ford está ofertando carros pelo mesmo preço pago pelos funcionários da empresa.
Donald Trump propôs as tarifas para incentivar a manufatura no país, mas estabelecer plantas de carros nos EUA é um processo longo. As tarifas também serão aplicadas, a partir de 3 de maio ou antes, a partes maiores dos automóveis, como motores e transmissões.
Na campanha “From America, For America”, criada pela W+K, a Ford fala sobre a sólida presença de suas fábricas em solo norte-americano. Mas o TINA não fez ressalvas ao comercial porque afirma que não há referências enganosas na mensagem. A marca evita, de fato, o uso de frases como “construído nos EUA”.
A Ford importa 20% dos veículos comercializados no país, menos do que outras empresas automotivas, segundo dados da S&P Global Mobility. Já a Stellantis importa 41% de seus carros.
O hitórico da Jeep com o marketing patriótico é antigo e tem a ver com sua relação com a Segunda Guerra Mundial.
O Gladiator ocupa o oitavo lugar no American Made Index 2024 do Cars.com, enquanto o Wrangler ocupa a 30ª posição. O índice considera fatores como local da montagem, peças, origem do motor e da transmissão, e força de trabalho. O Y, da Tesla, aparece em primeiro lugar, seguido pelo Honda Passport.
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