“O Flamengo quer ser a Disney”, diz VP do clube
Em embate com a Globo por conta dos direitos de transmissão, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, elogia a nova MP e diz que conglomerado de mídia inspira os negócios do time
“O Flamengo quer ser a Disney”, diz VP do clube
Buscar“O Flamengo quer ser a Disney”, diz VP do clube
BuscarEm embate com a Globo por conta dos direitos de transmissão, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, elogia a nova MP e diz que conglomerado de mídia inspira os negócios do time
Renato Rogenski
29 de junho de 2020 - 6h00
Bap é vice-presidente de relações externas do Flamengo (Crédito: Divulgação/Marcelo Cortês)
Assinada no último dia 18 pelo presidente Jair Bolsonaro, a Medida Provisória 982/20, que altera as regras para a negociação dos direitos de transmissão de jogos de futebol, colocou em lados opostos duas grandes forças: o Clube de Regatas Flamengo, detentor da maior torcida do Brasil, e a Globo, maior conglomerado de mídia da América Latina.
Antes da pandemia interromper os campeonatos esportivos no Brasil e no mundo, Flamengo e Globo não haviam chegado a um acordo para a negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Carioca. A falta de conciliação voltou a à tona e ganhou novos contornos nessa retomada do futebol no Rio de Janeiro.
O novo texto da MP – que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso – propõe que o clube de futebol mandante seja o detentor dos direitos de arena, ganhando o direito de negociar a transmissão daquele jogo. Até então, para uma emissora transmitir uma partida, era necessário o acordo com os dois clubes envolvidos. A Medida ainda precisa ser aprovada pelo Congresso. No mesmo dia em que a MP foi publicada, inclusive, o Flamengo voltou às atividades em um jogo contra o Bangu, no Maracanã.
MP muda direitos de transmissão do futebol
Na visão do clube carioca, a nova Lei é vista como uma espécie de libertação no futebol. Na entrevista concedida ao Meio & Mensagem, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, vice-presidente de relações externas do Flamengo, comenta a situação judicial com a Globo e conta que o clube mira a Disney como exemplo para ser uma empresa de faturamento com negócios múltiplos.
Meio & Mensagem – A Globo acionou a justiça para impedir que o Flamengo transmita seus jogos Campeonato Carioca. Qual é a posição do Flamengo?
Luiz Eduardo Baptista (Bap) – O clube entende que a Medida Provisória é uma peça jurídica absolutamente perfeita e que nós temos o direito inequívoco de transmitir nossos jogos por três razões: porque é uma Medida Provisória; porque o Flamengo não tem contrato com a Globo e porque a Globo já tinha previsão no contrato dela com os demais clubes, de que se não conseguisse assinar o contrato com o Flamengo, pagaria os clubes com desconto.
M&M – De que forma essa MP, se virar Lei, pode beneficiar os clubes e o futebol brasileiro como produto?
Bap – Nós entendemos que isso vai ser como uma redenção. É quase como uma Lei Áurea do futebol. Hoje vivemos em um modelo fechado, determinado pela Lei Pelé, que tem 22 anos. Naquela época, discutia-se a relação entre a emissora, que iria transmitir, e os clubes que eram os clientes. Hoje em dia os clientes são os torcedores, em qualquer lugar do mundo, onde quer que eles estejam, usando o aparelho que quiserem. Temos certeza que, se isso for aprovado pelo Congresso Nacional, a oferta será maior e os preços menores para o consumidor final.
M&M – A tendência é que o Flamengo faça experiências de transmissão de seus jogos pela FlaTV ou alguma outra plataforma de streaming?
Bap – Estamos discutindo isso agora. Entendemos que as duas opções não são excludentes. A FlaTV é um canal de vídeo, mas não é exatamente uma plataforma operacional para todo tipo de transmissão que a gente queira fazer. Ainda bem que hoje há inúmeras plataformas para transmitir seu conteúdo sem que, necessariamente, elas briguem umas com as outras. Em muitos casos, podem até ser complementares.
M&M – A entrega dos clubes brasileiros para torcedores e patrocinadores ainda é muito restrita ao campo de jogo. Você acha o Flamengo precisa investir ainda mais em conteúdo para crescer como produto?
Bap – Sem dúvida. O posicionamento estratégico do Flamengo, se, puder comparar, quer ser igual ao da Disney. O Flamengo quer ser a Disney. Eles têm parque de diversão, filmes, estúdios, licenciamento de produtos, enfim. Existe todo um conteúdo estratégico embaixo do guarda-chuva estratégico da Disney que permite uma série de ações, sejam elas cruzadas ou horizontais. E nós entendemos que o Flamengo pode e deve cumprir esse caminho também. Podemos ter produtos das mais diversas naturezas e fazer muito mais do que temos feito até agora. Sou muito entusiasta dessa ideia e acho que o futuro do Flamengo vai ser muito pautado pela exploração de todo esse potencial omnidirecional.
M&M – Quais foram os principais impactos financeiros desse tempo parado para o clube?
Bap – O impacto para um clube como Flamengo é algo na casa de R$ 30 milhões por mês, o que equivale a R$ 1 milhão por dia, parado. Essa é a conta com a qual acabamos nos deparando. Não era o que antevíamos no início, mas foi o que a gente aprendeu ao longo do processo depois de todos os efeitos negativos que a pandemia trouxe sobre o resultado do clube. Entre as medidas de contingência, tomamos uma linha de empréstimo importante para garantir os compromissos que o Flamengo teria, por precaução. E também renegociamos uma série de pagamentos.
M&M – E quais foram as principais medidas para manter contato e sinergia com torcedores e patrocinadores?
Bap – Em relação a sinergia com torcedores e patrocinadores, neste momento conseguimos privilegiar os patrocinadores que estavam conosco e ajudar muito os novos patrocinadores que estão chegando, como o banco BRB. A marca foi anunciada nos últimos dias como patrocinador master do Flamengo e o conselho deliberativo deve aprovar isso até o final de junho. Mas os resultados já são surpreendentes. Ouvi dizer que as ações do banco já valorizaram 65% em pouco tempo. Do ponto de vista nominal isso representa quase R$ 1,2 bilhão, para que se tenha noção da força e do impacto do Flamengo.
Compartilhe
Veja também
Nubank convida Antonio Fagundes para promover The Last of Us
No curta de quatro minutos, criado pela equipe interna do Nubank, ator interpreta ele mesmo, como fã da série original da HBO
LeBron James vira boneco Ken em lançamento especial da Mattel
Astro de basquete é o primeiro homem real a receber um boneco em sua homenagem, que será lançado oficialmente no dia 14 de abril