O futuro da Fórmula 1 no Brasil e no mundo
A aposentadoria de Felipe Massa e a provável venda de parte da empresa que cuida do torneio para o Liberty Media reacendem a discussão sobre os rumos do evento
A aposentadoria de Felipe Massa e a provável venda de parte da empresa que cuida do torneio para o Liberty Media reacendem a discussão sobre os rumos do evento
Luiz Gustavo Pacete
6 de setembro de 2016 - 10h49
Em visita ao Rio de Janeiro, em agosto, para a Rio 2016, Martin Sorrell, chairman e CEO do Grupo WPP, reforçou a importância da Fórmula 1, juntamente com Copa do Mundo e Olimpíadas, como ferramenta de marca.
A visão de Sorrell até se aplica bem em países da Europa onde estão os grandes líderes atuais do torneio como o inglês Lewis Hamilton e o alemão Nico Rosberg. Mas e no Brasil? Se antes do anúncio da aposentadoria de Felipe Massa, na semana passada, o esporte vivia o impasse da audiência em função da falta de um ídolo na altura de Ayrton Senna, a discussão voltou à tona: qual será o destino da F1 no Brasil?
Para Antônio Strini, colunista da ESPN, o automobilismo brasileiro continua sua trajetória de descenso e descrédito no calendário mundial. “Sem a garantia de Felipe Nasr em 2017, o Brasil pode ter sua primeira temporada sem um piloto na F-1 em 47 anos – Emerson Fittipaldi chegou em 1970, e desde então sempre houve um corredor do país”, escreveu.
Durante o GP da Itália, no último fim semana, foi publicada a notícia de que o grupo de investimento CVC Capital Partners, maior sócio da F1, está vendendo seus 35,5% de participação para o Liberty Media Corporation, dos Estados Unidos. Segundo a imprensa inglesa, o negócio será fechado ainda nesta semana. De acordo com especialistas, o Liberty, além de ser americano, possui um perfil muito mais ousado do que a CVC e poderia mudar radicalmente os rumos da empresa.
Anderson Gurgel, professor de comunicação e marketing esportivo do Mackenzie, explica que a saída do piloto brasileiro prejudica o negócio da F1 principalmente nas ações com marcas. “A falta de pilotos competitivos dificulta mais ainda a ativação das propriedades ligadas ao principal campeonato do automobilismo no âmbito nacional”. Gurgel explica que a ausência de Massa pode causar ainda mais desinteresse pelos brasileiros. “Em relação ao público, é mais um fator de desmobilização e aumento de desinteresse, mas não se pode perder de vista, que esse quadro já vinha se acentuando mesmo com o Massa nas pistas. As estratégias de cobertura de mídia e marketing esportivos são dependentes de ídolos e feitos e, nesse sentido, o automobilismo brasileiro está carente já há algum tempo. ”
Gurgel ressalta, no entanto, que a F1 é um negócio bilionário e que se configura entre os principais megaeventos esportivos do mundo. ”Uma tentativa de mudar essa situação foi a parceria com a Heineken, realizada nos últimos meses. Mais que trazer mais um parceiro e recursos ao circo da F1, a parceria tem a ver com trazer jovialidade ao business que perdeu a capacidade de atrair jovens e se conectar ao cenário sócio-midiático atual. Nesse sentido, a saída do Massa não interfere muito e ter ou não um outro brasileiro no lugar dele pouco vai mudar. O problema é mudança de gestão e modernização para uma modalidade esportiva que não está encantando novas gerações como já foi capaz no passado.”
Flávio De Pauw, diretor-geral de mídia da Ogilvy Brasil, afirma que como produto de marketing, a F1 é muito relevante para empresas que querem se associar a um território com tecnologia de ponta. “A presença consistente em um ambiente que vive de inovação é muito valiosa para marcas, que precisam construir uma imagem de modernidade. ” De acordo com ele, não há dúvidas que o interesse é maior quando temos brasileiros em condições competitivas, vide o crescimento das audiências do Circuito Mundial de Surfe. “Mas também entendo que existe um universo de fãs do esporte em si, que tem prazer em acompanhar as corridas independentemente da nacionalidade dos pilotos. É uma audiência mais específica, mas que deve demonstrar níveis maiores de engajamento”, diz De Pauw.
Em outubro do ano passado, a Globo confirmou o fechamento da venda do projeto de comunicação da temporada 2016 da Fórmula 1. Os patrocinadores são Cerveja Itaipava, Renault, Santander, TIM, ZAP Imóveis e Unilever, que entrou no lugar de Petrobras. O preço de cada cota, por tabela, é de R$ 79,8 milhões. As marcas parceiras têm presença em todas as transmissões, coberturas editoriais e matérias online do evento.
Luiz Sabatino, diretor de Marketing da Petronas para Américas, patrocinadora da equipe Mercedes AMG Petronas, , o investimento no esporte é fundamental. “A nossa parceria tecnológica com a Mercedes-Benz nos permitiu a conquista do Mundial dos Construtores duas vezes consecutivas. Concentramos esforços no incentivo ao crescimento sustentável desta equipe.” Ele resalta que a ação fortalece ainda mais a posição institucional da empresa no Brasil, “uma vez que divulgarmos toda nossa tecnologia de produção, desenvolvimento de produtos e seus benefícios”, diz Sabatino.
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