O futuro da Intel após a crise dos processadores
De acordo com especialistas, as falhas nos produtos da empresa são graves, mas o histórico de construção da marca deve minimizar o impacto em sua credibilidade
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Luiz Gustavo Pacete
8 de janeiro de 2018 - 8h23
No sábado passado, 6, a Intel divulgou uma lista com todos os modelos de processadores afetados por falhas e vulnerabilidades. Foi uma das diversas medidas que a empresa tomou após vir à tona as informações de que as falhas permitem que cibercriminosos acessem dados sigilosos e roubem senhas de computadores.
Em um comunicado oficial, divulgado na quinta-feira 4, a empresa garantiu que suas correções e atualizações, que em breve chegarão aos usuários da marca, permitirão que as CPUs fiquem imunes às falhas. A divulgação das falhas técnicas foi precedida por outra polêmica, Brian Krzanich, CEO da Intel, teria vendido o equivalente a US$ 11 milhões de ações da empresa antes da divulgação das falhas.
O mercado suspeita que Brian sabia do que viria e, por isso, decidiu se desfazer dos papéis da empresa. De acordo com o site Gizmodo, uma porta-voz da Intel negou qualquer ligação do movimento do presidente e a crise da empresa. De acordo com Carlos Borges, especialista em cibersegurança do Arcon Labs, laboratório da Arcon, empresa especializada em cibersegurança, as informações sobre as falhas foram alvo de vazamento.
“As empresas responsáveis esperavam que as falhas fossem divulgadas nas próximas semanas, mas a informação vazou antes da hora. Com a aplicação de uma correção é possível, em alguns casos, que o processador tenha perda de performance. A maioria das empresas afetadas — como Microsoft, Apple, Google e sistemas Linux — já está trabalhando nas correções”, diz Borges.
A crise de imagem envolvendo a marca — que aparece no ranking da Interbrand como uma das de maior reputação do mundo —, segundo Gabriel Rossi, especialista em marketing, professor da ESPM e diretor da Gabriel Rossi Consultoria, é grave, mas em se tratando de Intel, de rápida reversão. “A Intel faz parte de um seleto grupo de marcas que têm tamanha força, relevância e credibilidade que seus consumidores até permitem alguns ‘deslizes’. É claro que no momento as pessoas até se assustam. Mas um só caso não consegue abalar um equity tão enraizado”, diz Rossi.
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Porém, apesar da força da marca, Rossi ressalta que parte da integridade na imagem da empresa dependerá da maneira com que a crise for conduzida. “Hoje é possível dizer que toda e qualquer empresa ou marca podem vivenciar uma situação de crise com consequências danosas à marca. A Internet potencializou o poder de resposta e a demonstração das mais variadas emoções dos consumidores. E mais: o alcance é inevitavelmente global”, afirma.
“É válido reforçar que o profissional, gestor da crise que vai lidar com a situação, deverá realizar uma imersão no negócio da empresa em conflito. É preciso entender como agem os geradores desse boca a boca, ou seja, a qualidade e as características do produto, o atendimento ao consumidor, os call centers, o ambiente interno da empresa, o relacionamento com os diversos públicos da sociedade”, diz Rossi.
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