O que a Amazon pode causar no e-commerce brasileiro
O início da venda de eletrônicos no Brasil por parte da varejista estadunidense alerta um mercado marcado pelo aumento da concorrência no marketplace
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Luiz Gustavo Pacete
9 de novembro de 2017 - 8h37
Desde que chegou ao Brasil, em 2012, com sua operação de livros, a Amazon tinha de responder ao mercado sobre uma eventual entrada definitiva vendendo outros tipos de produtos como eletrônicos. O anúncio da novidade, tão esperada pelos veículos de negócios, e vista com atenção pelos concorrentes, tornou-se realidade em outubro. O início da venda de eletrônicos por parte da empresa, no entanto, não significa que a companhia vá garantir no Brasil toda a experiência que ela entrega nos Estados Unidos.
Amazonificando o varejo brasileiro
Pedro Guasti, especialista em e-commerce da e-bit, afirma que, apesar das incertezas sobre o futuro dessa operação, a diversificação de categorias que começou a acontecer recentemente pela Amazon Brasil será benéfica para o consumidor, pois acirra ainda mais a competição no setor. “Isso forçará os competidores a desenvolverem e lançarem novos produtos e serviços. Um exemplo foi o recente anúncio da B2W que pretende lançar em breve um serviço de assinatura de frete e a venda de produtos usados em seus sites. Por outro lado, haverá ainda mais pressão sobre a margem das empresas forçando-as a ser ainda mais inovadoras, criativas e eficientes”, diz Guasti.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, no ano passado, ao responder sobre a venda de outros itens por parte da empresa no Brasil, Alex Szapiro, presidente da Amazon Brasil, afirmou que a Amazon observou de perto, durante todos esses anos, as maneiras de atuar no Brasil. “O que aprendemos muito com o mercado brasileiro é que o nível de serviço aqui é baixo. Toda vez que cumprimos essa missão, que para nós é básica, o cliente se surpreende porque sua expectativa é baixa, não porque nosso padrão seja diferente”, disse Szapiro.
“Desde 2011, o mercado já vem se adaptando para uma eventual chegada definitiva da Amazon. Várias lojas ampliaram seus modelos para marketplace inaugurando e ampliando rapidamente este conceito. Claro que não podemos menosprezar a capacidade de investimento, inovação e execução da Amazon que tirou do conforto muitos varejistas tradicionais, principalmente nos Estados Unidos”, diz Pedro Guasti.
Amazon começa a vender eletrônicos no Brasil
Cristina Farjallat, diretora de marketplace do Mercado Livre, um dos principais concorrentes da Amazon no Brasil, afirma que a chegada da empresa em outros segmentos no Brasil já era esperada e que o e-commerce brasileiro já contava com isso. “Era natural, sobretudo pelo potencial do Brasil em termos de e-commerce que cresce a dois dígitos desde 2010”, diz Cristina. Ela ressalta que o Brasil, por natureza já é um mercado competitivo e é natural que um player como a Amazon brigue internamente.
Em outubro, assim que a Amazon iniciou as vendas de eletroeletrônicos no Brasil, as ações da B2W caíram 4,29%, as do Magazine Luiza 3,29% e as da Via Varejo 2.90%. Sérgio Lage Carvalho, professor e coordenador do Master de Gestão da experiência do Consumidor da ESPM, explica que nos EUA a Amazon investe em cada vez maiores fatias do mercado pela sua estratégia de aceitar margens de lucros menores e concorrer em entregas rápidas e preços competitivos. “Como aconteceu recentemente na compra da Whole Foods, a Amazon estaria se fortalecendo em um setor que ela ainda não domina, mas para onde ela pode levar seu modelo de entregas rápidas, um novo canal para seus produtos e marcas próprias”, diz Lage.
Em artigo recente, publicado no Meio & Mensagem, Adriano Araújo, diretor-geral da Symphony EYC no Brasil, apontou os aprendizados que o varejo brasileiro pode ter com a Amazon. Ressaltando entre eles, o investimento em dados. “Varejistas bem-sucedidos adotam uma abordagem mais científica da precificação, melhorando sua percepção de preço, focando o investimento de margem nos produtos importantes para clientes mais sensíveis a preços. Isso passa sem dúvida por um investimento em tecnologia de big data. Estima-se que a Amazon mude 30 milhões de preços diariamente para adequá-los à demanda e à competição”, escreveu.
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