O que levou Jeff Bezos a deixar a liderança da Amazon?
Pressão de órgãos reguladores e o foco da companhia em verticais de publicidade e serviços digitais podem ter impactado na decisão
O que levou Jeff Bezos a deixar a liderança da Amazon?
BuscarO que levou Jeff Bezos a deixar a liderança da Amazon?
BuscarPressão de órgãos reguladores e o foco da companhia em verticais de publicidade e serviços digitais podem ter impactado na decisão
4 de fevereiro de 2021 - 14h18
Por Garett Sloane, do AdAge
Jeff Bezos está abrindo espaço para uma nova era de liderança na Amazon, ao deixar o cargo de CEO em julho, enquanto a companhia mira um futuro que inclui plataformas em todos os lugares para segmentos de negócios de rápido crescimento, como serviços em nuvem e publicidade.
Na terça-feira, 2, a Amazon fez o anúncio abrupto de que Bezos ia ceder a cadeira de CEO para Andy Jassy, head da Amazon Web Service, que é uma vertical da companhia que por si só poderia ser considerada uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. A saída de Bezos acontece no momento em que a Amazon busca expandir agressivamente sua presença fora dos Estados Unidos, construir um império de logística no varejo, um negócio em publicidade e está de olho nos investimentos em vídeo.
Jeff Bezos deixará cargo de CEO da Amazon
“Não posso culpar alguém que levou a empresa a essa altura e entrega as rédeas para alguém que tem tempo, vontade e energia para construir um legado próprio”, disse Nii Ahene, diretor de estratégia da Tinuiti, empresa de marketing e inteligência que foi gerada pelo interesse da Amazon em publicidade.
Bezos e a Amazon não divulgaram muitos detalhes sobre por que o fundador decidiu sair agora, depois de quase 27 anos desde o início da empresa em 1994. Mas a Amazon divulgou seu relatório trimestral final de 2020 na terça-feira, 2, que mostrou que a companhia está avançando rapidamente para novas oportunidades de negócios e mercados. Aqui está o que sabemos sobre a saída de Bezos e o que isso diz sobre o futuro da Amazon.
Amazon sob pressão
“Bezos [que tem 51 anos] ainda é relativamente jovem para um CEO e eu me pergunto se a pressão das investigações do governo, que uma equipe de relações públicas não pode mudar, teve um papel nesta decisão neste momento. Sua carta parecia dizer que ele quer se concentrar na inovação, o que parece ser sua paixão ”, apostou Sucharita Kodali, vice-presidente e analista principal da Forrester, em uma nota após o anúncio.
No ano passado, começaram a se formar investigações e inquéritos no Congresso norte-americano contra a empresa. A Amazon é uma gigante do varejo de US$ 1,7 trilhão agora, mas há preocupações cada vez mais presentes sobre como ela cresceu tanto. Em julho, Bezos foi chamado para testemunhar no Congresso dos Estados Unidos sobre algumas das práticas que construíram a Amazon. Houve relatos de abusos de dados.
Além disso, sob comando de Bezos, a Amazon passou a concentrar todas as partes do negócio – Amazon.com, Amazon Web Services, Prime Video, Amazon Advertising, Amazon Publisher Services. Para os investigadores, quanto mais a empresa cresce, mais dependentes ficam os varejistas da plataforma para atingir os consumidores, levantando preocupações anticompetitivas.
Bezos se tornou um alvo conveniente para os críticos da Amazon. Sua riqueza disparou, e o clima geral é contra esse acúmulo de riqueza.
O sucessor
Os serviços na web e a publicidade apontam o caminho da Amazon para o futuro. A Web Services está a caminho de gerar uma receita de US$ 51 bilhões por ano. Ela é a infraestrutura em nuvem que grandes corporações e pequenas empresas usam para executar sua própria computação. Nos últimos meses, a Web Services assinou com Twitter, JP Morgan Chase e ViacomCBS, para citar alguns.
“Andy [Jassy] está aqui desde 1997”, contou Brian Oslavsky, diretor financeiro da Amazon, na conferência que apresentou os resultados financeiros da empresa na terça-feira, 2. “Ele não é apenas um líder visionário, mas também um forte operador, como eu disse, e tem um excelente histórico de desenvolvimento de negócios na Amazon. Não menos importante é a AWS, que é indiscutivelmente a empresa de tecnologia técnica mais lucrativa do mundo. ”, apontou o executivo.
O legado de Bezos
Jeff Bezos permanecerá como presidente executivo do conselho de administração da Amazon e estará por dentro das estratégias gerais. Ele disse que quer se concentrar em seus projetos favoritos e outros empreendimentos, incluindo a exploração espacial através da Blue Origin e sua propriedade do Washington Post.
Sua carta aos funcionários também foi um resumo sobre como dirigiu a Amazon, destacando como ele empregava 1,3 milhão de pessoas. Entretanto, existem grupos comunitários, organizadores trabalhistas e ativistas que denunciaram as práticas de negócios da companhia. Nesta semana, a gigante foi multada pela Federal Trade Commission pela maneira como ela recalculou o pagamento dos entregadores e, supostamente, recuperou algumas de suas gorjetas. A Amazon concordou em pagar US$ 61,7 milhões no caso.
A companhia também teve conflitos com organizadores sindicais. “Bezos sempre demonstrou uma obsessão singular pelo consumidor e por servi-lo, mas às vezes existem princípios mais importantes em jogo”, opina Salim Holder, cofundador e CEO da 4th Ave Market, uma plataforma de e-commerce que está tentando deixar sua própria marca no varejo fortalecendo marcas, especialmente as de empreendedores negros.
“O foco [na Amazon] era dar ao consumidor o que ele queria e rapidamente, mas eles provavelmente não tinham uma obsessão tão grande em garantir que o impacto para a comunidade fosse igualmente positivo”, diz Holder.
*Tradução: Taís Farias
**Crédito da foto no topo: Reprodução
Compartilhe
Veja também
Com Felipe Andreoli, Estapar anuncia reposicionamento
Segunda fase da campanha “Estapar é muito mais do que Estacionamento”, destaca os benefícios do app Zul+, que reúne os mais de 20 serviços da empresa
Quincy Jones: lenda no mundo da música e no das marcas
Produtor musical norte-americano, falecido nesta segunda-feira, 4, participou de ações e campanhas para companhias como PepsiCo, AT&T, Audi e Apple