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Marketing

O trilhão da Apple: a marca versus o mito

Em xeque após a morte de Steve Jobs, empresa precisou se reinventar; para especialistas, o valor de mercado inédito mostra que ela já saiu da sombra de seu fundador


7 de agosto de 2018 - 9h29

Um trilhão de dólares. O valor de mercado inédito atingido pela Apple na última quinta-feira, 2, é superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de países como Indonésia, Argentina, Suécia, África e equivalente ao do México. Entre os motivos do resultado: um ritmo acelerado de lançamentos que incluem o iPhoneX, sua categoria de wearables e serviços vinculados ao Apple Music.

Em meio à euforia do mercado relacionada ao resultado, Tim Cook, CEO da Apple, preferiu ser cauteloso. Em carta enviada aos funcionários, ressaltou que o valor de mercado “não é a medida mais importante” do sucesso da empresa. “Os retornos financeiros são simplesmente o resultado da inovação da Apple, colocando nossos produtos e clientes em primeiro lugar e sempre permanecendo fiéis aos nossos valores”, escreveu.

Tim também lembrou o motivo de ser da marca, seu fundador: “Steve Jobs fundou a Apple na crença de que o poder da criatividade humana pode resolver até mesmo os maiores desafios – e que as pessoas que são loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo são as que o fazem”, escreveu. Após a morte de Jobs, em 2011, a empresa foi colocada em xeque sobre sua capacidade de inovação.

Eduardo Tomiya, diretor da Kantar Consulting Latin America, explica, se referindo a Jobs, que a marca se mostrou maior que a pessoa física. “A Apple é uma marca com propósito na mente dos consumidores. Um dos pontos importantes é a aposta dos mercados em novas tecnologias, como o carro elétrico e óculos. E para ambos os casos, certamente a posição que a Apple atingiu pode ajudar muito”, analisa.

No último ranking do BrandZ – a Apple aparece como a segunda marca mais valiosa do mundo com um valor de mais de US$ 300 bilhões. “Nossas pesquisas de mercado mundo inteiro mostram que das marcas de tecnologia, a Apple consegue capturar um aspiracional muito forte”, afirma Tomiya. Renê de Paula, estrategista de negócios na consultoria WF, lembra que a Apple trabalha atributos que dizem muito sobre o mercado de desejo e consumo. “Pessoas são emocionais, vaidosas, querem se sentir especiais e encantadas e querem pagar muito por algo que todos sabem que custa muito”, afirma.

Léo Xavier, CEO da Pontomobi, afirma que deve que se creditar à companhia de Steve Jobs o papel chave na criação do que se chama hoje de App Economy: a indústria global dos empresas com serviços em apps. “As alavancas para o crescimento podem ser consolidadas em três frentes: o aumento do preço médio do iPhone graças ao sucesso do modelo X, a divisão de serviços, que compreende App Store, Apple Pay e Apple Car, crescendo 30%, e a divisão de wearables, que inclui Apple Watch, Air Pods e Beats headphones, com avanço de 60%.”

Para Alberto Pardo, CEO e fundador da Adsmovil, o trilhão da Apple é um marco histórico importante. “Há alguns anos, o mundo da tecnologia estava sempre questionando quem seria a próxima empresa que chegasse a esse valor. E todo mundo pensava que seria Google, ou Facebook, ou talvez Amazon, mas no final acabou sendo a Apple. Eu acredito que o outro ponto a se entender é que haverá uma nova categoria de empresas que estarão no grupo das que valem mais de 1 trilhão de dólares em dois ou três anos”, afirma.

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