Os 5 grandes desafios da transformação digital das empresas
CEO da CI&T, Cesar Gon enumera entraves na busca de um processo mais tecnológico, ágil e inteligente
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Meio & Mensagem
9 de janeiro de 2019 - 12h34
Mais do que uma atualização ou a busca por maior competitividade, possuir processos digitalizados e, portanto, mais velozes e cognitivos é questão de sobrevivência. Não se trata de apenas levar mais tecnologia para as empresas. O grande desafio é implementar uma cultura mais digital dentro da organização e dessa forma, continuamente, buscar um desempenho melhor.
Para Cesar Gon, CEO e fundador da CI&T, essa virada de mindset é um o principal entrave para as companhias. “Tem que modificar a estrutura, quebrar silos, mudar a maneira como a comunicação acontece. Toda essa mudança traz questões, porque sai da zona de conforto”, afirma. Abaixo, o executivo aponta as cinco principais dificuldades na implementação da transformação digital:
Percepção da urgência
Para Cesar, diversas empresas deixaram até de existir porque não tiveram a percepção que precisam se transformar para acompanhar as ofertas disponíveis no mercado e as necessidades do cliente. Em sua visão, por exemplo, a Blockbuster foi extinta porque não enxergou a grande oportunidade que o mercado de streaming permitia. A empresa viu a Netflix nascer e ocupar os espaços que seu serviço não atendia. “A percepção de urgência dessa mudança é uma questão de saúde para o negócio. Existem muitas instituições conservadoras e que ainda não são pressionadas, mas em um setor de alta competitividade, elas precisam estar dispostas a passar pelo desconforto para não serem engolidas pelo mercado”, defende.
Aprendizado rápido
Outro obstáculo é ajustar o ritmo e a precisão dos processos.
“É preciso estar pronto para ter uma estrutura que faça testes de hipóteses, construa experimentos rápidos e aprenda com eles. O sucesso no mundo atual é baseado em resiliência, aprendizado e evolução”, afirma Cesar. Para ele, é essencial testar hipóteses e implementar MVPs (Produto Mínimo Viável) para ter feedbacks rápidos do cliente ou consumidor ajudam a agilizar esse processo.
“A velocidade é super importante. A velocidade pela velocidade produz lixo na velocidade da luz, mas a velocidade associada ao aprendizado, com análise de dados e números, mostra o que o experimento permitiu”, acredita.
Comando e controle
A estrutura de comando e controle é o padrão da maioria das empresas. Nela, o chefe é a figura principal e quem tem mais experiência diz o que fazer, enquanto os demais apenas executam, sem conversa ou discussão sobre o assunto. Para Cesar, essa conduta atrapalha o desenvolvimento rápido de ideias e projetos.
“Hoje, não existe garantia de que a sua ideia seja a melhor ideia. Ela está sujeita a questionamentos e a falhas. O líder tem que se transformar do comando e controle para um líder que é inspirador”, ressalta. Nesta estrutura que fomenta o compartilhamento, todos são convidados para colaborar e trocar informações e os departamentos devem repensar as métricas segmentadas para alcançar esse objetivo principal.
Cultura da experimentação
Outra observação feita por Cesar é que, na cultura do mercado atual, a experimentação é praticamente inexistente. O mais tradicional é seguir com um planejamento anual e complexo, que muitas vezes não traz os resultados esperados. Na transformação digital, a experimentação é um dos pontos principais. Os MVPs permitem que hipóteses sejam testadas em prazos mais curtos e as mudanças podem ser implementadas enquanto o produto recebe melhorias e atualizações. “Esse choque de abandonar o passado é muito desconfortável porque é muito intenso, vai amadurecendo ao longo do tempo” disse.
Expor erros
Por fim, Cesar observa que, na cultura corporativa tradicional, os erros são abomináveis e nunca devem aparecer ou fazer parte do dia a dia do trabalho. Muitas empresas encontram dificuldades para atuar com a possibilidade de errar. “É preciso expor esse erro, buscar resolver o problema e não tentar achar o culpado. Na hora que o erro é repreendido, o aprendizado acabou porque as pessoas passam a se proteger e não falam mais”, finaliza.
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