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Os planos da Samsung para a IA

Companhia sul-coreana já registrou mais de três mil patentes ligadas à tecnologia e o S24 foi apenas o começo, segundo Lucia Bittar, diretora de marketing do ecossistema Galaxy


19 de março de 2024 - 6h00

Lucia Bittar: “Existe um grande número grande de pessoas buscando inovações e novas possibilidades” (Crédito: Arthur Nobre)

Quando a Samsung lançou o smartphone Galaxy S24 no evento Unpacked, em San Jose (EUA), em 17 de janeiro – poucos dias depois de ter feito um teaser a respeito na CES – dava o primeiro grande passo numa estratégia que deverá se espalhar por todos os produtos do portfólio.

“O Galaxy AI não é algo de um produto, vai englobar, em médio prazo, todo nosso portfólio”, afirma Lucia Bittar, diretora de marketing para o ecossistema Galaxy no Brasil.  Para ela, o que chamou atenção do público no S24 foi o fato de pegar tecnologias muito boas que já existiam no mercado, como o círculo do search do Google, e embarcar com uma usabilidade muito melhor aos consumidores. Isso também vale às funções de tradução e transcrição que têm sido melhoradas exponencialmente pela inteligência artificial (IA).

Considerando que a IA é uma plataforma e que a Samsung já possui cerca de três mil patentes registradas ligadas à tecnologia é certo que isso será levado a todos os devices. “Temos um grande número de pessoas só trabalhando isso, buscando inovações e novas possibilidades. Em tudo que tivermos chance de, através da AI, melhorar o uso para o consumidor, tornar mais produtivo, interessante, econômico, vamos fazer”, elenca Lucia.

Uma área em que isso tem acontecido muito, diz, é a de saúde e, em breve, virão novidades em computadores, combinando o poder da máquina à IA para trazer ainda mais funcionalidades.

Agenda de inovação

Cascatear inovação dos itens premium para outras linhas tem sido estratégia da Samsung, que tem aparelhos com preços que vão de R$ 700 a R$ 12 mil. “Temos um calendário muito forte de inovação e em 2024 continua. Nosso mindset é sempre ‘tecnologia a favor das pessoas’”, argumenta a executiva. Além de recursos como a IA, essa democratização ocorre em outras frentes: o 5G já é compatível com 43 modelos de diferentes faixas de preço comercializados no Brasil e características da linha Galaxy S – qualidade de câmeras, processadores de alta performance e baterias de longa duração – têm sido aplicadas a smartphones intermediários. Lucia inclusive atribui a liderança no mercado local ao fato de que mesmo produtos de entrada da marca já têm muita tecnologia embarcada. E a aplicação de tecnologias de ponta como a IA, por outro lado, atrai o consumidor de mais alta renda a experimentar e testar os itens premium do portfólio.

Marketing em expansão

E como não adianta investir tanto na sofisticação dos produtos se isso não for informado aos consumidores, a Samsung globalmente tem aumentado os orçamentos de marketing, segundo Lucia. Embora por política interna a companhia não abra números, ela garante que o S24 já teve um investimento maior que os lançamentos feitos no início de 2023. No Brasil, diz, o crescimento no budget foi de dois dígitos.

Após reconfigurar a arquitetura de agências que atendem a marca, reduzindo o número daquelas que atuavam em digital, a Samsung, hoje, tem a Accenture, Cheil e Suno como agências principais dos projetos “always on” e para grandes projetos costuma convocar alguma das agências que mantém em um pool escalado conforme a necessidade: Artplan, Leo Burnett Tailor Made, Fbiz e Mutato.

Retorno sobre investimento

Os resultados dos investimentos que a Samsung tem feito ao longo dos últimos anos no Brasil têm sido recompensados: o mercado local está no Top 5 dentre os principais para a companhia sul-coreana globalmente. Além disso, dos centros de desenvolvimento instalados juntos aos complexos fabris de Campinas (SP) e Manaus (AM) sai muito da tecnologia em saúde utilizada nos smartwatches da marca.

Desde 2022, por exemplo, a empresa tem parceria com o Incor/USP para projeto de monitoramento de pacientes que passaram por cirurgias cardíacas, por meio do Galaxy Watch4. Isso dá voz à operação brasileira para alguns pleitos em termos de produtos e de ações.  A relação com o headquarter, conta Lucia, é interessante porque também existe de lá a expectativa de que o País gere coisas localmente que, depois, possam ser levadas a outros países.

Além disso, o Brasil é visto como um país de “muito potencial de crescimento”, dada sua grande população e o espaço que a Samsung tem para crescer no segmento premium, no caso dos smartphones.  Sobre os públicos-alvo em 2024, Lucia destaca que a abrangência de portfólio – além da divisão em que Lucia atua, existe a de consumer electronics, onde entram eletrodomésticos, por exemplo – é um desafio da Samsung, que olha desde capacidade de desembolso até o perfil de uso dos aparelhos. Isso se reflete também na escolha dos diferentes perfis de influenciadores para atingir a diferentes grupos de clientes. De toda forma, ressalta, público gamer e os jovens em geral são um target visto com olhar especial, já que os jovens são “o futuro de qualquer marca” e normalmente tendem a ter uma conexão forte com tecnologia.

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