Nivea Ferradosa
4 de maio de 2011 - 9h05
Na semana passada tirei 10 dias e fui para Nova York. Delícia. Não é uma cidade propriamente para descansar, mas para te inspirar e pirar. Voltei renovada. Depois quero compartilhar algumas coisas aqui com vocês, mas o assunto hoje é outro.
Enquanto estava na fila para assistir ‘Wicked’ na Broadway (que pasmem, contrariando toda a crítica a favor, particularmente não gostei… pronto, falei) recebi um SMS da minha assessora de imprensa com a novidade: “A GM contratou outra mulher no lugar da Denise Johnson. Achei que você gostaria de saber”.
Sim gente, eu fiquei bem feliz ao saber.
Fiquei incomodada com as notícias veiculadas na época, quando Denise pediu demissão da presidência da GM. Achei o tom de tudo o que li e os comentários que ouvi a respeito muito preconceituosos.
Conheci Denise no Salão do Automóvel. Nos falamos rapidamente na visita que ela fez ao estande da Citroën. Senti um orgulho feminino por vê-la no topo. Uma mulher no comando, a primeira a presidir uma montadora no Brasil.
Denise alegou motivos pessoais em sua saída.
As especulações pelos tais motivos foram várias. Mas em tudo que li, sentia o tom de preconceito por se tratar de uma mulher, principalmente a história de que ela não “agüentou o tranco”, com as reuniões, a pressão da Rede de Concessionárias, o estilo de negócios do Brasil, a saudade dos filhos e do marido. Se fosse um homem os comentários seriam estes?
Me fez pensar em minha jornada profissional e no peso de muito cedo ter assumido um cargo de liderança. Mulher e jovem. Hummm….tem coisa aí. Até provar que o que tinha ali era uma jovem com talento e muita vontade foram anos de trabalho, dedicação, muita briga, conflitos e varias sessões de terapia, claro.
Tivemos que aprender, ao longo destes anos, a colocar limites, a se impor, a dosar o equilíbrio entre ser dura para vencer em um mundo de homens, mas sem deixar de ser mulher. Hoje vejo como um diferencial a nosso favor: somos multitarefa, capazes de fazer mil coisas ao mesmo tempo, temos sensibilidade, responsabilidade, senso de equipe, organização, curiosidade, flexibilidade, determinação e força, sim muita força.
Tive uma mentora, alguém que marcou meu início de carreira. Lembro sempre de suas palavras e, sobretudo, de sua sensibilidade. Eni Pereira Leitão teve sua passagem rápida pela empresa. Ela recebeu uma proposta para um cargo de direção no Citibank e me indicou para seu lugar dizendo de forma muito franca que não deveriam buscar alguém no mercado, uma vez que eu estava ali pronta pra assumir a função.
E assim assumi a minha primeira Gerência de Marketing, com uma responsabilidade enorme de não decepcionar. Apostavam em mim e por isso eu deveria retribuir à altura. Carrego este sentimento comigo até hoje e isso me dá forças para fazer cada vez mais e surpreender sempre.
Bem-vinda ao Brasil, Grace Lieblein.
E parabéns a GM pela escolha de mais uma mulher na direção.
PS: Perdi o contato com a Eni, se alguém souber onde anda… Sei que voltou pra Recife, saiu do Citi. Alegou motivos pessoais… 🙂
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