Assinar

O media training invertido de Luiza Trajano

Buscar

O media training invertido de Luiza Trajano

Buscar
Publicidade
Ponto de vista

O media training invertido de Luiza Trajano


27 de janeiro de 2014 - 3h45

Dias trás bombou nas redes sociais a entrevista que Luiza Trajano deu no Manhattan Connection. O mote principal dos comentários foi a capacidade de argumentação da Luiza perante as garras afiadas do pessoal do programa. Alguns citaram que a entrevistada deixou o ácido Diogo Manardi constrangido, outros afirmaram que Luiza tem ligações com o PT por conta de sua exagerada motivação com os indicadores da economia brasileira e por aí vai. Não tenho interesse em discutir isso aqui, mas sim olhar a entrevista pelo lado do comportamento e da capacidade demonstrada pela Luiza.

Entrevistas para imprensa, especialmente dadas por CEOs, sempre são cercadas de atenção da assessoria e do time de comunicação da empresa do entrevistado. Normalmente, merecem cuidados especiais, uma preparação prévia e uma boa dose de planejamento. Isso é natural e faz parte do jogo, até porque uma declaração de um CEO causa impacto no mercado, especialmente se a empresa tem ações no mercado acionário. Por isso, as organizações implementam treinamentos de como falar e se relacionar com a imprensa, os chamados media training.

Alguns CEOs, governantes e personalidades parecem não precisar de media training. Existem pessoas mágicas, detentores de atributos nativos em seu DNA que geram naturalmente credibilidade e admiração. Será que pessoas como Drauzio Varella precisam realmente de algum treinamento? Quando o Dr. Drauzio abre a boca a gente acredita. Steve Jobs e Richard Branson são bons exemplos. No Brasil, Jorge Gerdau e Antônio Ermírio de Moraes são exemplos evidentes. Lembro bem do Comandante Rolim numa palestra que assisti, eu fiquei encantado com sua capacidade de comunicação. Acho que a Luiza Trajano entra nessa lista de speakers autênticos e críveis. Veja qualquer entrevista ou apresentação da Luiza. Ela encanta.

A entrevista da Luiza para o Manhattan Connection foi interessante. Ela foi simples, clara, didática e factual. Parecia estar conversando numa tarde qualquer, em um lugar qualquer, tomando um cafezinho com bolo de laranja. Soube equilibrar os seus pontos de vista pessoais com a visão da empresária. Teve paciência e tolerância com os entrevistadores, que foram negativos o tempo todo. Não vi nada de positivo na posição e na argumentação deles. Na verdade, eles tinham uma visão de fim de mundo e vieram armados para colocá-la em sinuca. Diogo Mainardi, como sempre, veio com uma visão catastrófica. Ele não vê salvação para o varejista brasileiro e teve a ousadia de perguntar quando ela pretendia vender a sua empresa para a Amazon. Isso não foi apenas uma indelicadeza, foi uma grosseria. Me parece que este foi o único momento em que Luiza ficou séria, mas ela não caiu na pegadinha dele. Talvez até tenha ficado ansiosa com a grosseria, porém respondeu com fatos e de forma assertiva, tendo ainda presença de espírito para dizer que ia mandar um email para ele, pois ele não estava com dados verdadeiros.

Sorriso nos lábios, leveza de expressão e brilho nos olhos. Luiza tem isso em seu DNA, além de profundo conhecimento de seu negócio e do mercado onde atua. Essa é uma combinação infalível para conquistar carisma e credibilidade. Ela não nega que é uma otimista de carteirinha, mas reconhece a enorme distância existente entre os mercados varejistas brasileiro e norte-americano. Também cita alguns enormes desafios que o varejo nacional tem pela frente, como fazer a integração das lojas física e online. Ela disse que o Magazine Luiza é um "case" e que 57% dos consumidores que compram no site da empresa visitam uma loja física.

Quer saber? Acho que esta entrevista de 16 minutos é um media training invertido. Geralmente são jornalistas que dão treinamento para os empresários nos tradicionais media training corporativos. Aqui rolou o contrário. Foi a Luiza Trajano que deu um media training no grupo de jornalistas experientes e reconhecidos do Manhattan Connection. Eles entraram com o espírito de "metralhar esta senhora" e receberam em troca uma verdadeira aula de carisma, conhecimento, capacidade de argumentação, simplicidade, domínio do assunto e comunicação direta e assertiva. Foi um show. Acho que eles se surpreenderam e aí está a genialidade da entrevistada: a capacidade de surpreender. Não é por acaso que Luiza Trajano comanda um conglomerado com faturamento próximo aos 10 bilhões de reais. 

 

wraps

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Beats busca fãs virais de Lady Gaga para levar ao show

    Beats busca fãs virais de Lady Gaga para levar ao show

    Patrocinadora do evento Todo Mundo no Rio, marca quer encontrar os rostos dos famosos memes que envolvem a cantora

  • Loft aposta em Huck e Angélica para atrair donos de imóveis

    Loft aposta em Huck e Angélica para atrair donos de imóveis

    Empresa foca em proprietários para captar clientes às imobiliárias parceiras com nova estratégia de comunicação