Meio & Mensagem
17 de setembro de 2013 - 11h09
Turbinado pelo agronegócio, o PIB brasileiro deu um saltinho para frente no último trimestre – no Rio Grande do Sul, o campo empurrou o Produto Interno Bruto do Estado para incríveis 15% de crescimento em comparação com o segundo trimestre do ano anterior.
Apesar de o agronegócio ser uma máquina de produzir renda, de responder por 40% das exportações, 25% do PIB e 37% dos empregos, a relação da comunicação com este setor vital do Brasil é de uma penúria franciscana.
Fora canais nichados de audiência restrita, de um punhado de revistas especializadas e programas em rádios e TVs que vão ao ar antes de o galo cantar, a comunicação no Brasil está de costas para o campo, e vice-versa.
Temos incontáveis analistas de futebol na imprensa brasileira, pencas de comentaristas de política e até alguns bons e reconhecidos intérpretes da economia, mas, convenhamos, de quantos nomes você ouviu falar quando se trata de dar vida e voz para um pedaço do Brasil bem maior do que o próprio Brasil imagina? Ou seja, temos aqui uma exemplar dissonância entre o Brasil real e o Brasil espelhado pelos meios de comunicação – e o resultado é o distanciamento e o desperdício de oportunidades, para as audiências, para a publicidade e, principalmente, para o país como um todo.
A culpa é dos dois lados. Da mídia, por não conseguir atrair plateias urbanas para o que se passa às suas costas (e que lhes fornece boa parte do sustento). E do campo, por ignorar muitas vezes rudimentares técnicas de marketing e comunicação – a publicidade como alma do negócio para citar a mais comezinha delas. Fico em um exemplo: o Brasil é o maior e mais tradicional produtor de café do planeta, mas quem leva a fama, e cobra a mais por isso, é o Café de Colombia, com seu simpático e universalmente reconhecido ícone do montanhês andino cafeicultor, o Juan Valdez (abaixo):
Justiça seja feita: alguns raros grupos (como o JBS, que impulsionou o Friboi com uma agressiva campanha de marketing) ou veículos de comunicação, como o Grupo RBS, emprestam um olhar mais diferenciado para o campo. No jornal Zero Hora, por exemplo, além de editar um caderno semanal, a colunista Gisele Loeblein assina uma página diária com notas e análises do setor primário. Mas, no geral, são escassos os veículos, editorias, jornalistas, assessorias e grandes agências focadas no agronegócio. O setor ainda engatinha na comunicação profissional, mas como sobram perspectivas positivas para o agronegócio quem sabe não está aí, na esteira da soja, do biodiesel e da carne, a próxima grande fronteira da comunicação brasileira?
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