Porquê a Rio 2016 conquistou o ouro
Reversão da expectativa, Boulevard Olímpico e outros fatos marcaram os Jogos Olímpicos
Reversão da expectativa, Boulevard Olímpico e outros fatos marcaram os Jogos Olímpicos
Por Fernando Murad e Teresa Levin
Os Jogos Olímpicos Rio 2016 foram pródigos em emoções antes, durante e depois da sua realização, como a reversão da expectativa em relação da capacidade do País entregar o evento, o sucesso do Boulevard Olímpico, primeiro live site fora do Parque Olímpico, e o desempenho da torcida e dos atletas, por exemplo. Veja, a seguir, dez fatos de destaque da Rio 2016 selecionados pela redação de Meio & Mensagem.
crédito: David Rogers/Getty Images
Reversão da expectativa quanto à capacidade do Brasil
A crise econômica e política já assustava, e absurdos como a queda de parte da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, além do surto de zika vírus, indicavam que os Jogos Olímpicos Rio 2016 poderiam dar errado. Ao menos este era o temor que afligia brasileiros e estrangeiros. Mas se os olhares iniciais eram pessimistas, eles rapidamente deram um giro de 180 graus: o otimismo tomou conta enquanto a organização, a mobilidade, a infraestrutura e, principalmente, os atletas e a torcida deram um show ao longo da competição. A torcida participativa até quando não tinham brasileiros na disputa, chegando a vibrar com a atuação de um juiz. Já as vaias de brasileiros a estrangeiros causaram polêmica: enquanto uns classificaram como fruto do calor da população local, outros consideraram falta de educação. Polêmicas à parte, os Jogos terminaram sob aplausos e elogios do mundo. Mesmo a conta, que vem chegando aos poucos, especialmente para a população do Rio, não apagou o brilho do evento.
crédito: Pascal Le Segretain/Getty Images
O poder de contar uma história
Bastou a contagem regressiva se iniciar no Maracanã na noite de 5 de agosto para que os Jogos Rio 2016 conquistassem o público. Um time com estrelas como Daniela Thomas, Andrucha Waddington e Fernando Meirelles, comandado por Abel Gomes, da empresa Cerimônias Cariocas, conseguiu elevar a autoestima do brasileiro com pouco mais de três horas de apresentação. Criado para a TV, o espetáculo foi visto por mais de três bilhões de espectadores. Com projeções a cargo de Fabião Soares e coreografias de Deborah Colker, o show da abertura arrebatou a população ao redor do mundo e a mídia internacional. Beleza, leveza, suavidade e doses grandiosas de emoção conquistaram a audiência e fizeram o brasileiro voltar a ter orgulho. Exagerado? Não diante do espetáculo que trouxe Paulinho da Viola com sua elegância cantando o hino nacional e seguiu com nomes que vão de Gisele Bündchen ao gari Sorriso, de Anitta a Caetano Veloso e Gilberto Gil, Regina Casé a Marcelo D2 e Jorge Benjor.
crédito: Chris McGrath/Getty Images
Boulevard Olímpico, o novo point do Rio
Antes um ponto abandonado da cidade, a região já é chamada de “a nova praia dos cariocas” e é a estrela da revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. O projeto do Boulevard Olímpico, que teve criação e organização da Gael, se tornou um dos principais legados dos Jogos Olímpicos. Foi a primeira vez que uma edição das Olimpíadas teve um live site fora do Parque Olímpico, e o reconhecimento do espaço veio não só pelo público, mas também pelas marcas: Bradesco Seguros, Coca-Cola, Skol e Nissan estiveram entre os anunciantes que apoiaram o projeto. O interessante foi que os Jogos acabaram, mas o espaço ficou como presente para a população. Desde que a pira paralímpica foi apagada no Maracanã, em 18 de setembro, diversos eventos já ocuparam os armazéns do Boulevard como a ArtRio, o Parque de Natal, o Wired Festival e o Rio Gastronomia. Em janeiro do ano que vem será a vez da realização da Arena Banco Original.
crédito: Buda Mendes/Getty Images
Palco de inovações
Não são apenas os atletas que buscam superar seus limites. A cada edição dos Jogos, os patrocinadores oficiais aproveitam para introduzir novidades em termos de produtos e serviços. A Visa, por exemplo, apresentou no Rio wearables de pagamento móvel como a pulseira Bradesco Visa, o relógio Bellamy, em parceria com a Swatch e um anel — distribuído exclusivamente para os atletas. A Samsung lançou o Galaxy S7 Olympic Edition (cada atleta ganhou um) e o Gear IconX (fone de ouvido sem fio). A Nissan, por sua vez, introduziu o Nissan Kicks, primeiro modelo feito pelo time de designer da empresa no País. Já a Adidas colocou em evidência duas tecnologias: a Boost, sistema de amortecimento, e a AdZero, cujo foco é velocidade. A também alemã Puma testou a Disc, sapatilha sem cadarço, e a Ignite Duo, sapatilha que propicia amortecimento atrás e flexibilidade na frente. Parceira dos Jogos, a Nike apresentou os calçados Unlimited Colorway, a tecnologia Flyknit (cabedal moldável), Aeroswift (que repele umidade na camisa) e Aeroblades (que diminui o atrito com o ar).
Cobertura 100%
(Créditos: Bob Paulino/BP Filmes)
Vencedor do Caboré 2016 na categoria Veículo de Comunicação — Produtor de Conteúdo, o SporTV fez nos Jogos Olímpicos a maior cobertura televisiva de sua história. Com 16 canais comentados e narrados na TV paga e 56 sinais na internet, foram mais de quatro mil horas de transmissão. O projeto contou com o envolvimento de 1.591 profissionais que cumpriram a meta de transmitir 100% da Olimpíada. Segundo dados do canal, em mais de 2,4 mil horas de transmissão ao vivo em 17 dias, a rede SporTV alcançou 38 milhões de pessoas. Foram 29% mais telespectadores do que o obtido em Londres 2012, e 27% a mais do que a soma do desempenho de todos os canais esportivos fechados concorrentes no mesmo período (em número de telespectadores impactados). Entre os destaques do canal esteve o programa É Campeão, que levou ao ar um time de comentaristas de ouro, com nomes como Mark Spitz, Bart Conner, Nadia Comaneci, Carlão, Greg Louganis e Javier Sotomayor
Bolt e Phelps no panteão
(Créditos: Adam Pretty e Harry How-Getty Images)
Ícones e nomes já consagrados em suas respectivas modalidades, o velocista Usain Bolt e o nadador Michael Phelps saíram da Rio 2016 como lendas olímpicas. O jamaicano se tornou o único atleta tricampeão olímpico dos 100 metros rasos, 200 metros rasos e revezamento 4 por 100 metros. Já o norte-americano se tornou o maior medalhista de todos os tempos. Com as cinco medalhas de ouro e uma de prata conquistadas no Rio, Phelps encerrou sua carreira com 28 medalhas, 23 delas douradas, deixando para trás os casos polêmicos (como o uso de maconha após os oito ouros em Pequim 2008, e a condenação, em 2014, por dirigir bêbado). Phelps acumulou mais de US$ 94 milhões em patrocínio ao longo da carreira, segundo a Money Nation. Atualmente, tem acordos com Beats by Dre, Intel, Omega e Under Armour. O jamaicano, por sua vez, que soma mais de US$ 108 milhões em patrocínio na trajetória esportiva, atraiu a atenção até de marcas brasileiras. O astro protagonizou campanhas do banco Original e do analgésico Advil após a Rio 2016.
A nova casa do Fox Sports
Lançado no mercado brasileiro em 2012, o canal Fox Sports aproveitou os Jogos Olímpicos Rio 2016 para inaugurar sua nova sede na capital fluminense, localizada na região da Barra da Tijuca. O prédio, de três andares e com uma construção baseada no conceito de sustentabilidade, tem três grandes estúdios, oito ilhas de edição de imagem e duas de som, três switchers, quatro cabines off tubes (para transmissão de eventos), 20 salas técnicas e 27 escritórios distribuídos em uma área total de quatro mil metros quadrados. Com as melhorias, a capacidade de produção subiu de sete mil horas de programação por ano para cerca de 11 mil horas. A nova estrutura foi responsável por 80% da produção de conteúdo da Fox Sports na América Latina. Além de dar conta de 24 horas diárias de programação dos dois canais Fox Sports no Brasil, a nova sede enviou 12 sinais para outros países da região.
Sucesso paraolímpico
(Créditos: Hagen Hopkins / GettyImages)
O sucesso na venda dos ingressos, o envolvimento dos brasileiros com a competição, a participação inédita de atletas refugiados e o ótimo desempenho dos atletas foram as grandes marcas dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. O comitê organizador superou a meta de 2,1 milhões de ingressos comercializados. Foram vendidos mais ingressos para o judô paralímpico do que para o olímpico, por exemplo. Além disso, os boulevares olímpicos do Porto Maravilha e de Campo Grande receberam um público total de 950 mil pessoas. Já a cidade do Rio recebeu 243 mil turistas durante o evento e teve uma movimentação econômica adicional de R$ 410 milhões. Em termos de desempenho esportivo, foram 592 recordes paralímpicos e 208 recordes mundiais. O argelino Abdellatif Baka, por exemplo, venceu a prova dos 1.500 metros na classe T3 (para atletas com baixa visão) com o tempo de 3 minutos 48 segundos e 29 centésimos, abaixo dos 3 minutos e 50 segundos do norte-americano Matthew Centrowitz, ouro na mesma prova na Rio 2016.
Tour da Tocha
(Créditos: Andre Mourao-GettyImages)
Foram 95 dias, 26 mil quilômetros por terra, passando por 325 cidades dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal. O Revezamento da Tocha Olímpica, que começou em 3 de maio e se encerrou em 5 de agosto, no Maracanã, contou com 12.494 condutores. Realizado pela Cerimônias Cariocas, formada pela união da SRCOM e da italiana Filmmmaster Group, o Revezamento contou com o patrocínio de Bradesco, Coca-Cola e Nissan, que fizeram ativações em todo o percurso. Não faltaram nomes prestigiados do mercado entre os condutores: de Washington Olivetto, da WMcCannn, a Andrucha Waddinton, da Conspiração, passando por Luiza Trajano, do Magazine Luiza. O projeto também envolveu histórias marcantes de brasileiros: o Bradesco realizou uma campanha para escolher seus condutores que deveriam ser pessoas que fizessem a diferença em suas comunidades. Ao todo, foram enviadas mais de 15 mil histórias.
Publicidade cai no gosto da torcida
(Créditos: Reprodução)
Os temores iniciais e o pessimismo em relação aos Jogos Olímpicos Rio 2016 sumiram e as marcas tiveram no evento um grande palco para ativações e reforço de imagem. Coca-Cola e Bradesco foram os anunciantes que mais se destacaram, segundo um estudo do Datafolha. O instituto realizou 2,5 mil entrevistas durante o evento e outras duas mil após o encerramento da Olimpíada em mais de 200 municípios do País. Ao serem questionados espontaneamente sobre as marcas patrocinadoras que lembravam, 27% dos entrevistados citaram a Coca-Cola, enquanto 22% lembraram do Bradesco. As duas ficaram bem à frente da terceira colocada, a operadora de telefonia Claro, mencionada por apenas 5%. Em outra etapa, os pesquisadores apresentaram um cartaz com as 28 marcas patrocinadoras globais e regionais da Rio 2016 para os entrevistados. Mais uma vez, deu Coca-Cola: a marca obteve o primeiro lugar em lembrança estimulada, com 65%; seguida por Bradesco, com 61%; Rede Globo, com 35%; Sadia, com 31%; e, em quinto lugar, a Visa, com 27%.
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