Preços acessíveis: a estratégia da 99Food em sua volta ao mercado
Aplicativo de delivery será lançado ainda no primeiro semestre com promessa de também oferecer condições justas para restaurantes e entregadores
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Larissa Santiago
24 de abril de 2025 - 6h01
99Food retorna ao Brasil com investimento bilionário de grupo chinês (Créditos: Leonidas Santana/Shutterstock)
A justificativa foi de que a empresa não conseguia competir em igualdade com os demais players do mercado e, por isso, decidiu concentrar grande parte de seus recursos no desenvolvimento de serviços sobre duas rodas com a expansão da 99Moto e da 99Entrega Moto no segmento de entregas, que internamente cresceu 125% no último ano.
No mês passado, por meio de um comercial vinculado na TV Globo, a 99 deu início a um manifesto reivindicando o retorno do serviço de mototáxi à cidade de São Paulo – oferecido atualmente somente na região metropolitana.
De acordo com a empresa, ao longo de 14 dias de operação, a opção intermediou mais de 500 mil viagens na região central, gerando mais de R$ 7 milhões em ganhos para os motociclistas parceiros.
O comunicado ainda diz que 73% dessas viagens foram realizadas em áreas e média e baixa renda, colocando que o serviço de moto nesses locais, muitas vezes, é a única alternativa acessível e rápida aos moradores.
Desta vez, representantes do DiDi’s International Business Group — grupo chinês controlador da 99, ao lado do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, comunicaram o investimento de R$ 1 bilhão, em 2025, no crescimento do ecossistema completo da empresa no Brasil, que inclui mobilidade urbana, serviços de entrega e soluções financeiras por meio da 99Pay, que já conta com 21 milhões de contas ativas.
A maior parte desse valor, no entanto, será direcionada ao desenvolvimento da nova 99Food, que está sendo construída do zero e será lançada ainda no primeiro semestre deste ano.
Segundo a empresa, o projeto está nas mãos de uma equipe composta por mais de 95% de colaboradores brasileiros, com suporte e investimento em tecnologia fornecidos por sua parceira chinesa.
Bruno Rossini, diretor de comunicação, compartilha que a estratégia é transformar a 99 em um super app, uma plataforma completa de serviços e mobilidade urbana.
“Nosso grande objetivo, ao investir esse montante no Brasil, é justamente criar uma nova experiência de conveniência digital, reunindo serviços essenciais para os brasileiros e oferecendo, ao mesmo tempo, mais eficiência e melhores ofertas por meio da combinação dessas soluções”, comenta, lembrando também que o app de entrega de comidas já está presente no México desde 2019.
Rossini disse que a empresa foi ouvir os restaurantes para entender como poderiam melhorar o serviço de entrega, quais são os desafios e oportunidades para esse público.
“Percebemos que eles buscavam uma alternativa, não apenas, mas também os clientes e os próprios entregadores parceiros, como os motociclistas. Todos queriam mais opções no mercado, que promovessem concorrência e empurrassem os serviços para um padrão mais elevado de qualidade”, explica.
“Outro fator importante foram as mudanças nas condições de mercado, impulsionadas por decisões do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e de outras instituições, que alteraram a dinâmica entre os restaurantes e as plataformas de entrega. A partir disso, enxergamos uma oportunidade de colocar o nosso DNA brasileiro em prática nesse serviço”, complementa.
O porta-voz ressalta que o DNA da 99Food é oferecer uma alternativa acessível, com refeições mais baratas e preços justos tanto para os restaurantes quanto para os consumidores; atuar como um parceiro real dos pequenos e médios negócios, apoiando na logística e impulsionando sua presença em plataformas de marketing e aquisição de clientes; além de criar novas e melhores oportunidades de ganho para os motoristas parceiros.
Bruno Rossini, diretor de comunicação da 99, fala sobre a volta da 99Food com investimento bilionário (Créditos: Divulgação)
“Um dos exemplos que temos discutido, ainda em fase de desenvolvimento, é a criação de um modelo de assinatura mensal. Não necessariamente um clube, mas uma espécie de programa de fidelidade no qual o usuário se torna membro e passa a ter acesso a benefícios exclusivos. Por exemplo: descontos em pedidos de comida, frete grátis em entregas, descontos em corridas pela 99 ou até mesmo cashback ao usar o 99Pay para fazer pagamentos”, detalha Rossini, reforçando que a empresa está disposta a investir nesse relacionamento.
Nas próximas semanas, está previsto o lançamento da plataforma de auto cadastro para restaurantes, que contará com ‘condições agressivas e atrativas’, segundo o executivo.
Entre os benefícios estão a isenção de comissão e taxas para quem se registrar neste momento inicial.
Desde 2022, o Cade investiga o iFood, ativo desde 2012 e líder no mercado brasileiro no setor de delivery, por possíveis práticas que prejudicariam a concorrência de outras empresas.
No entanto, em fevereiro, o órgão aprovou, sem restrições, a aquisição de participação societária da Shopper pelo iFood, com o objetivo de utilizar sua experiência para impulsionar o crescimento da empresa, ativa desde 2019. A decisão foi unânime e seguiu o voto do relator, o conselheiro José Levi.
A conclusão foi de que a transação não apresenta riscos à concorrência, uma vez que se trata da aquisição de uma participação minoritária pelo iFood, enquanto a Shopper ainda possui atuação relativamente restrita ao estado de São Paulo, estando presente em 129 cidades.
Já no dia 23 deste mês, em audiência pública Câmara dos Deputados, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci Jr., afirmou que as taxas cobradas pela plataforma elevam os custos dos estabelecimentos e prejudicam os consumidores.
Rossini reconhece que o iFood foi responsável por construir a categoria e destaca que há espaço para todos no mercado, com a concorrência sendo benéfica para todos os envolvidos.
O Rappi segue como alternativa desde 2017, enquanto a Uber, que havia lançado o Uber Eats em 2016, encerrou suas operações no segmento em 2022.
“Nosso compromisso é fazer isso com eficiência, trazendo ofertas alternativas mais acessíveis e com preços mais baixos para os brasileiros, o que nos colocará à frente do resto do mercado”, pontua.
Questionado sobre como a 99Food pretende melhorar as condições de trabalho dos motoboys e entregadores, o porta-voz destaca que a empresa participa ativamente dos debates com o Governo Federal em torno da criação de uma regulamentação justa e equilibrada para a categoria, além de seguir as diretrizes de trabalho da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec).
“Nosso foco é eficiência. Um dos nossos principais diferenciais é reduzir o tempo de espera entre corridas, otimizando deslocamentos e ampliando as oportunidades de ganhos”, fala.
“Hoje, um motociclista parceiro da 99 pode atuar em qualquer uma das categorias disponíveis na sua cidade — seja transporte de pessoas, entrega de pacotes ou, agora, comida. Isso permite que ele concentre sua jornada num só app, aproveitando diferentes picos de demanda ao longo do dia. Por exemplo: entregas de comida nos horários de almoço e jantar, entregas diversas no início da manhã e transporte de passageiros à tarde”, explica.
De acordo com dados do Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas do Estado (SindimotoSP), cerca de 650 mil motociclistas atuam em São Paulo – 320 mil deles apenas na capital.
Já o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), publicou que entre maio de 2023 e abril de 2024, os entregadores trabalharam em média 39 horas por mês e tiveram ganhos brutos médios de R$ 31,33 por hora, um aumento de 5% acima da inflação na remuneração em relação ao mesmo período entre 2021 e 2022. Já os motoristas tiveram uma jornada média de 85 horas mensais e renda bruta média de R$ 47 por hora.
Segundo o estudo, quase metade dos entregadores (46%) exerce outra atividade remunerada – e 75% querem continuar trabalhando com os aplicativos.
“Estamos comprometidos com a criação de políticas que garantam pisos de remuneração comparáveis ao salário mínimo, sem perder de vista a sustentabilidade do modelo. Queremos contribuir com responsabilidade nesse debate”, finaliza.
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