Projeto quer colocar mulheres negras em conselhos de administração
Em sua terceira edição, Conselheira 101 formará 40 profissionais negras para ocuparem cadeiras nos conselhos das empresas
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Bárbara Sacchitiello
14 de julho de 2022 - 12h13
Se o acesso das mulheres negras ao mercado formal de trabalho ainda é um complexo desafio para a sociedade brasileira, a presença dessas profissionais nos conselhos administrativos, a mais alta hierarquia das empresas, é um assunto ainda mais problemático. De acordo com o Instituto Ethos, apenas 4,2% dos conselhos administrativos das empresas é formado por mulheres negras.
Ideia do projeto é ampliar a presença de profissionais negras no conselho administrativo das empresas (Crédito: fizkes/Shutterstock)
Para tentar solucionar esse gap por meio da formação e qualificação das profissionais, o projeto Conselheira 101 promove mais uma edição de seu programa de capacitação, voltado à formação e preparação de mulheres negras para a função de conselheiras administrativas.
A nova etapa do projeto, que já está em sua terceira edição, receberá, até o próximo dia 17, inscrições de mulheres para a programação. O projeto tem, entre as fundadoras, a advogada e especialista em transformação digital, Lisiane Lemos.
Nas duas últimas edições, o Conselheira 101 formou 37 profissionais. De acordo com Ana Paula Pessoa, chair Credit Suisse Brasil e uma das fundadoras do projeto, o Conselheira 101 conseguiu promover o diálogo sobre inclusão racial nos conselhos do País. “Identificamos mulheres negras e altamente qualificadas para qualquer posição em empresas brasileiras. Identificamos pessoas talentosas e capazes, além de criarmos um ambiente corporativo de estímulo contínuo”, pontua.
Lisiane Lemos explica que essa terceira edição do projeto será maior e que as duas primeiras fizeram o grupo entender que existem muitas mulheres preparadas para essa jornada. “Manteremos a versão online, para contemplar mulheres negras de todo o País. Seguimos mantendo a rotatividade dos nossos palestrantes, para que mais pessoas tenham a oportunidade de conhecer as conselheiras”, explica a advogada. Neste ano, serão 40 profissionais formadas.
Para as fundadoras do projeto, o Conselheira 101 é uma forma prática de a indústria agir para tentar corrigir uma questão que, na teoria, já vem sendo bastante discutida no mercado. “Começamos uma jornada sem volta rumo à diversidade racial nos conselhos. Não poderemos dizer que não há mulheres negras preparadas ou que não sabemos onde elas estão”, alerta Marienne Coutinho, sócia da KPMG no Brasil e conselheira da WCD e ICC.
Também sócia da KPMG no Brasil, Patricia Molino lista como é possível, em conjunto, mudar uma situação de exclusão racial. “Com intencionalidade, metas agressivas, ambiente colaborativo, planejamento detalhado e execução cuidadosa, o Conselheira 101 criou pontes e transformo pessoas, conselhos e vieses sobre o preparo e a disponibilidade de talentos femininos negros”, diz.
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