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Relembre alguns dos destaques da seção Opinião em 2024

Dezenas de colaboradores são representados em dez textos publicados ao longo deste ano em nossas plataformas físicas e digitais


20 de dezembro de 2024 - 6h00

(Crédito: Ilustração – Marcos Medeiros/ Sócio e CCO da CP+B Brasil)

Lidar com a opinião do outro é um dos exercícios democráticos e de convivência social mais relevantes. E, há anos, o Meio & Mensagem abre espaço, tanto em suas páginas da edição semanal, quanto do site, para que pontos de vista plurais sobre os temas mais variados do mercado – passando por reflexões sobre a polêmica do momento, a mudança regulatória que vai impactar um segmento ou toda a indústria, aquela inovação tecnológica que está mudando paradigmas às questões comportamentais e de gestão no dia a dia de diferentes perfis de profissionais – tenham espaço garantido no veículo. Relembre abaixo alguns dos assuntos que ganharam nossas páginas – impressas e digitais – ao longo deste 2024. Uma pequena amostra que representa a colaboração valiosa de um número muito maior de pessoas:

 

Estique-se, por André Kassu (Sócio e chief creative officer da CP+B Brasil)

Do ponto de vista da filosofia “minutos de sabedoria”, há toda uma crença de que devemos ser rígidos, fortes, duros para conquistar resultados. É muito comum ouvir a frase “nunca me arrependo de nada”. E o que a gente descobre em algum momento é que as nossas certezas mais inflexíveis são desconstruídas com o tempo, como se ocorresse uma erosão imposta pelos fatos da vida. Bom, isso para quem se permite o autoquestionamento com a prepotência que impõe aos outros. O tranquilo e infalível Bruce Lee dizia a seguinte frase: “Observe que a árvore mais dura é mais facilmente rachada, enquanto o bambu ou salgueiro sobrevivem dobrando-se com o vento”. Falei que eram minutos de sabedoria neste parágrafo. Flexibilidade é, também, poder se livrar das certezas que perderam o sentido. Esticar quem você pode ser para além daquilo que você já foi. Ou não quer ser mais. Dói, também.

São João: a hora do Nordeste, por Caio Braz (Jornalista e apresentador)

Diferente do Carnaval, que se concentra mais em cidades do litoral, como Recife, Olinda e Salvador, o São João é uma festa que transforma o mês de junho em muitas cidades do Nordeste. Patos (PB), Mossoró (RN), Cruz das Almas (BA), Arcoverde (PE), Gravatá (PE) e outras costumam sediar festas memoráveis. Pelo Maranhão, os sotaques do bumba meu boi tomam conta das cidades. Para não-nordestinos, é o momento de reconhecer um outro tipo de Brasil, ver o interior do Nordeste com muita pujança e protagonismo, e colocar sua cultura em primeiro lugar, contrapondo-se às narrativas de esquecimento e abandono que fazem parte do imaginário sudestino sobre o Nordeste.

O terreno instável sobre o qual caminha o profissional de marketing, por Igor Puga (Vice-presidente de marketing da Zamp)

Profissionais de marketing enfrentam dilemas diários e pressões conflitantes dos consumidores. O mercado segue repleto de exigências contraditórias: os consumidores querem produtos cada vez melhores a preços cada vez mais baixos, os investidores exigem retornos financeiros impressionantes em setores que não crescem e possuem cada vez mais concorrentes. Mas não para por aí, o próprio marketing há muito se interessa e prega a noção de paradoxos: o sorvete combina erotismo e inocência; as viagens aéreas oferecem uma aventura higienizada; os parques de diversões proporcionam terror e segurança.

As bets e as mentirinhas que contamos a nós mesmos, por Gabriela Rodrigues (Chief impact officer da Droga5 São Paulo)

Como uma boa criança dos anos 1990, cresci cantando “não me diga mentirinhas, dói demais”, enquanto assistia à Chiquititas e ouvia esse clássico da música brasileira cantado na voz da personagem Vivi. Quem viveu, sabe. Hoje, 2024, mentirinhas continuam doendo. Mas, desta vez, alimentando conflitos globais, corridas eleitorais repulsivas e avanços inadmissíveis, como o das bets. Mesmo que nem sempre estejam visíveis.

Obrigada, Deus; sou CEO mulher, por Gabriela Onofre (CEO do Publicis Groupe Brasil)

Há quem pergunte por que é preciso falar tanto sobre equidade de gênero. Mas o fato é que, se descansamos, a pauta retrocede. O exemplo mais gritante disso ocorreu há poucos dias, quando o empresário Tallis Gomes, cofundador e CEO da G4 Educação, fez um post em seu Instagram com inúmeros comentários machistas e a frase que virou o epítome do infeliz episódio: “Deus me livre de mulher CEO”. Como mulher, mãe, executiva, aliada das pautas de inclusão e retratação histórica, e como CEO que gera milhões em EBITDA, fiz um post rechaçando o absurdo daquela publicação. Não só eu. Centenas de executivas, empresárias e mulheres que caminham pessoal e profissionalmente rumo à equidade de gênero se manifestaram.

Pelo Washington, por Fabio Fernandes (Publicitário)

Passados os primeiros dias de comoção pela perda do meu amigo, quando o máximo que consegui foi recuperar um texto inédito e restrito ao acervo pessoal dele, resolvi voltar para tentar prestar a devida homenagem ao profissional Washington Olivetto, o precursor de tudo e o maior de todos os tempos na publicidade brasileira. Fiquei pensando sobre o gigantesco número de manifestações, a imensa minutagem na TV, as incontáveis linhas nos periódicos impressos ou digitais, sobre o rosto do nosso herói estampado em cada esquina de São Paulo, graças a uma linda iniciativa das empresas que comercializam mobiliário urbano, e concluí que não podemos parar por aqui. Simplesmente porque a maior e mais urgente de todas as homenagens ainda não foi feita. Pelo menos não a mais justa, proporcional a tudo o que ele fez pela nossa atividade. E, conhecendo o Washington do jeito que eu conheci, garanto que nada o deixaria mais feliz. A volta da boa propaganda.

Precisamos redescobrir o óbvio, por Marcos Bauer (CMO, Analytics & Insights e Sales Intelligence da P&G Brasil)

Nos últimos anos, o marketing tem sofrido uma onda de previsibilidade. Ao invés de campanhas que surpreendem, envolvem e, realmente, conectam com o consumidor, o que vemos são fórmulas recicladas e uma dependência excessiva de tendências passageiras. E quem perde? Todos nós: marcas, consumidores, e, sobretudo, a relevância do marketing como uma força cultural e comercial. O problema não é falta de criatividade. Temos diversos talentos nas agências e empresas. O verdadeiro problema é que muitas marcas perderam o contato com o consumidor real, que vive fora das bolhas de pesquisa e painéis de tendências.

Marcas: a tênue linha entre memória e esquecimento, por Ana Erthal (Professora e pesquisadora PosDoc ECA-USP)

Recentemente tivemos a publicação de pesquisas que, ano após ano, revelam quais são as marcas mais lembradas pelos consumidores. Uma análise séria que gerou um índice de verificação reputado. A partir de uma metodologia de pesquisa objetiva, que promete tomar poucos minutos do respondente apressado que quase a contragosto assentiu em fazer parte da investigação, as memórias de marcas vão sendo evocadas e listadas em categorias de produtos que se encontram em disposições diferentes no mercado. A memória não possui apenas uma dimensão arquivística. Ela é um sistema afetivo complexo de armazenamento e organização de informações a partir da experiência pelos sentidos.

Diversidade nas empresas: de discurso pontual a compromisso contínuo, por Luana Génot (Fundadora e diretora-executiva do Instituto Identidades do Brasil)

Sabemos quem tem “cara de CEO” e quem tem cara de “tia do café”. E aqui não há nenhum demérito às profissões, mas precisamos olhar com criticidade o quanto as possibilidades de carreiras ainda são bastante engessadas, mesmo para quem carrega vários diplomas debaixo do braço. Se se nasce mulher, negra e periférica neste País, as chances de exercer seu pleno talento e potencial serão limitadas. Talvez porque você não tenha “cara de…” e isso precisa mudar se quisermos desbloquear nosso potencial de crescimento como país.

Os danos do Pop SEO, por Eduardo Tessler (Sócio-diretor da Mídia Mundo)

* Atenção: este texto não é contra a prática de SEO (search engine optimization), mas sobre a banalização do uso de técnicas amadoras para caçar cliques, o Pop SEO)
“Subiu o salário-mínimo! Veja aqui o novo valor”; “Brasil conquista mais uma medalha. Saiba em qual esporte”; “Nepotismo na Assembleia: deputado empregou o filho e a nora”. Esses títulos, encontrados nos mais importantes sites do país, mostram uma tendência absurda nos meios de comunicação digital que está sepultando o que havia de melhor na oferta de conteúdos: o bom jornalismo. Se os títulos serviam para oferecer o principal de um texto – e por isso atrair leitura – agora a chamada quer esconder a notícia, obrigar o leitor a dar um novo clique. Uma artimanha para buscar alguns centavos a mais. O motivo de tanto desserviço é a estratégia de fazer dinheiro (em linguagem do meio, “monetizar”) com publicidade programática.

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