Representatividade e boicote: os desafios dos consumidores negros
Estudo Black Consumers, da Data Makers e Black Influence, revela que 64,85% do público dá preferência a produtos ou serviços que se identificam ou apoiam a causa negra
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Taís Farias
19 de novembro de 2024 - 6h00
Nesta quarta-feira, 20, é celebrado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Nesse sentido, ao longo do mês de novembro, a Data Makers em parceria com a Black Influence desenvolvendo o estudo Black Consumers que ouviu 744 pessoas, de todas as regiões do País, que se declaram pretas e pardas.
O estudo revelou que a maior parte do público (64,85%) dá preferência a produtos ou serviços que se identificam ou apoiam a causa negra. Nesse sentido, 57,41% indicam, inclusive, que pagariam mais por um produto ou serviço alinhado com a causa. 45,65% da amostra pesquisada já deixou de comprar de uma marca por sentir falta de apoio ou desrespeito.
E um número ainda maior (56,25%) boicotaria ativamente uma marca que desrespeite a população negra. Quando questionados sobre o quão importante é que produtos e serviços sejam adaptados aos consumidores pretos, 41, 50% disseram ser muito importante, 35,69% importante, 11,63% pouco importante e 11,17% nada importante.
Os entrevistados também listaram produtos e serviços que não atendem suas necessidades. O setor mais citado foi o de produtos de beleza (13,70%), seguido por serviços financeiros (12,56%), educação (12,10%) e moda (11,59%).
Mas o desejo é que a representatividade e inclusão não estejam apenas nos produtos. 61,87% que a presença de pessoas pretas e pardas é um critério para gostar mais de uma marca e, para 58,78%, é um critério para consumir mais de seus produtos ou serviços.
“Essa é uma evidência de uma tendência maior, que já estamos captando, de que cada vez mais o consumidor está tomando atenção ao que acontece na organização. Os critérios que o consumidor usa para escolher uma marca estão mais sofisticados. Ele passa a olhar mais para como a empresa se comporta e não só para os atributos de marca”, aponta Fabrício Fudidsaku, CEO da Data Makers.
A maior parte dos respondentes (64,53%) disse se sentir representado na publicidade. Avaliando o último ano, 68,95% acreditam que a representatividade da população negra na publicidade melhorou. 25,97% acreditam que não mudou e 5,08% afirmam ter piorado.
Questionados sobre como gostariam de ser representados na publicidade, 31,48% gostariam de se ver sem estereótipos, 26,22% em posições de protagonismo e liderança e 24,83% citam histórias de superação. Por fim, o estudo também questionou os setores que melhor representam a população negra na publicidade. O mais citado foi a moda (23,52%), seguido por calçados (13,13%).
Em julho, o estudo “Diversidade na comunicação de marcas em redes sociais”, realizada pela Buzzmonitor, SA365 e Elife, apontou uma queda na representatividade de mulheres e negros na publicidade online.
“Os dados mostram que não se trata apenas de consumo, mas de uma escolha consciente que valoriza marcas comprometidas com a diversidade e o respeito. As empresas que ainda ignoram essa demanda correm o risco de perder relevância, enquanto aquelas que abraçam a causa têm a oportunidade de se conectar de maneira genuína com um público que movimenta a economia e exige representatividade”, reflete Ricardo Silvestre, CEO da Black Influence.
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