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Marketing

Roupas “instagramáveis” desafiam varejistas de moda

No Reino Unido, 9% dos usuários de cartão de crédito admitem comprar apenas para postar; prática é identificada em outros países e tem impacto na estratégia das marcas


22 de agosto de 2018 - 8h41

Uma pesquisa publicada nesta semana no Reino Unido apontou um desafio que já vem sendo discutido há algum tempo por empresas de e-commerce em vários países. De acordo com a empresa de cartões de crédito Barclaycard, tem aumentado o número e a intenção de compra de peças de vestuário apenas para serem postadas nas redes e, logo em seguida, devolvidas.

 

A prática de comprar roupas para tirar fotos e depois devolvê-lás pode onerar a cadeia varejista (Crédito: Reprodução)

De acordo com a pesquisa, 9% dos 2.002 usuários de cartão ouvidos admitem que compram roupas apenas para tirar foto nas redes sociais e depois devolvem. Segundo a própria Barclaycard, medidas como “teste antes de comprar” em varejistas on-line – onde as pessoas pagam por roupas que compraram on-line depois de experimentarem em casa – poderia estar contribuindo para essa tendência.

Apesar do foco da pesquisa ser o Reino Unido, a prática é identificada em outros países e vem fazendo com que marcas se adaptem ao comportamento. A Fashion Nova e a The Cut, por exemplo, vêm criando roupas destinadas especificamente para a prática. De acordo com a Daniella Bianchi, diretora geral da Interbrand, as características do e-commerce brasileiro podem dificultar essa prática.

“Nos países onde isso estiver acontecendo, as marcas terão que criar processos como limitar o número de trocas de um mesmo cliente, por exemplo. Por outro lado, isso pode ser uma grande oportunidade de negócio: aluguel de roupas novas por assinatura. Não me surpreenderia se muitas pessoas pagassem um valor mensal para receber uma caixa com looks novos toda semana, que seriam devolvidos depois de usados uma ou no máximo duas vezes”, afirma.

Marina Roale, head de pesquisa da Consumoteca, consultoria especializada no comportamento do consumidor brasileiro, reforça que “o que as marcas vivem agora é uma reação do que elas mesmo cavaram. Isso é uma resposta à ‘cultura dos recebidos’. Nos últimos anos a verba da mídia tradicional foi direcionada para os digital influencers, isso despertou nos consumidores a vontade de uma vida semelhante a deles, que recebem produtos diariamente em troca de fotos e divulgação de produtos. “Práticas como essa acabam a princípio podem parecer uma ameaça, mas muitas vezes acabam oxigenando o mercado e abrindo brechas para novas oportunidades e modelos de negócio”, explica.

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