Surge um novo ciclo de serviços voltado para mulheres
Com o avanço das discussões sobre diversidade de gênero, as iniciativas relacionadas ao público feminino devem gerar valor e evitar o oportunismo
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Luiz Gustavo Pacete
29 de maio de 2017 - 9h14
A evolução nas discussões sobre diversidade de gênero, que é pauta na sociedade, nas empresas e na propaganda, vem propiciando o surgimento de um novo ciclo de serviços desenvolvidos especificamente para mulheres. Essas novas empresas, muitas delas startups, se apegam na geração de valor em demandas específicas e em resposta a problemas atuais. Os casos de assédio em táxis e em serviços de carona, por exemplo, motivaram a criação de um aplicativo de transporte de mulheres para mulheres. A dificuldade de mães se recolocarem no mercado de trabalho deu origem ao site Contrate Uma Mãe e demandas pontuais ligadas ao público feminino deram margem para a criação de um aplicativo de farmácias voltado às mulheres.
Sua marca sabe conversar com as mulheres?
De acordo com Marienne Coutinho, sócia da KPMG no Brasil, a criação de serviços específicos para as mulheres é um progresso por ser consequência de uma resposta ao momento atual e suas demandas. “Alguns serviços são direcionados a mulheres por resultarem de uma necessidade identificada para o gênero como táxi para mulheres para lidar com questões de segurança, treinamentos específicos para habilidades menos presentes nas mulheres profissionais como negociação e networking”, diz Marienne.
Para ela, no entanto, se a proposta de valor não for bem definida, os serviços podem soar oportunistas. “Quando não há um link claro no tocante a valor gerado – exemplo uma caneta para mulheres ou cerveja para mulheres – nesses casos, o resultado negativo pode vir também do fato do produto ‘para mulheres’ estar relacionado a um estereótipo ultrapassado de gênero”, diz Marienne. Ainda de acordo com ela, mais empresas surgirão com essa proposta. “O assunto está na moda, há um mercado que compra e que necessita de alguns serviços e produtos direcionados. Nem todos serão bem-sucedidos e não sei por quanto tempo o sucesso deverá perdurar. Os bem-sucedidos, a meu ver, serão os que conseguirem se adaptar às mudanças de tendência e mercados, pois o debate do tema se gênero (não a erradicação dos problemas) tende a evoluir ainda mais”, afirma.
“Falar sobre mulher não pode ser moda”
Caso recente do que Marienne considera oportunismo foi a criação, em janeiro, dos rótulos da cerveja Proibida voltado a mulheres. A empresa criou a “Puro Malte Rosa Vermelha Mulher” descrita como “uma cerveja delicada e perfumada, feita especialmente para a mulher”. O novo produto da Proibida recebeu uma série de reclamações de consumidores que consideraram inapropriada a criação de um tipo de cerveja especial para o público feminino. Na ocasião, em entrevista ao Meio & Mensagem, Thais Fabris, fundadora e diretora da 65/10, consultoria especializada em comunicação para o público feminino, afirmou que a estratégia de produtos e serviços também não pode ficar a margem do debate sobre diversidade. “Antigamente não tínhamos uma maneira diferente de delimitar um target, mas hoje é possível pensar na grande diversidade de comportamento que temos e atingir um público específico”, pontua.
Charles-Henry Calfat, CEO do FemiTaxi, uma espécie de Uber de mulheres para mulheres, explica que a empresa surgiu após ele ouvir de amigas reclamações do comportamento inadequado de alguns motoristas durante as corridas. “Com isso, perguntei para elas o que achavam da ideia de fazer um aplicativo que conectava taxistas mulheres com clientes mulheres. Na hora, todas acharam uma excelente iniciativa. Na época cheguei a registrar a ideia, mas me faltava experiência especialmente no setor de tecnologia. Nos últimos seis meses o tema de assédio nos transportes acabou voltando à tona e decidi que seria o momento ideal para lançar o FemiTaxi, após uma experiência com um site de crowdfunding”, diz Calfat.
De acordo com Calfat, no processo de criação da empresa eles levaram em consideração uma pesquisa na qual 56% das mulheres preferiam ser conduzidas por taxistas mulheres. “Este dado deu ainda mais força para o nosso aplicativo, uma vez que mensurou a real demanda pelo serviço. ” Para ele, o maior desafio atual ainda é atender a grande procura de mulheres que querem utilizar o serviço. “Nos horários de pico, a demanda aumenta e a oferta nem sempre é suficiente. Além disso, a noite muitas motoristas têm medo de trabalhar”, afirma.
O Farmácias APP, uma espécie de iFood das farmácias, vem investindo em especializar-se no público feminino e nas demandas deste segmento. Robson Michel Parzianello, CTO da empresa, conta que o serviço de farmácias é muito específico e que sendo a mulher uma das principais consumidoras é fundamental a especialização. “Diferente do público masculino, as mulheres são mais fiéis às marcas. Quando elas encontram uma marca ou produto que corresponde às suas necessidades, criam confiança e fidelização na compra. Além disso, também é notável que as mulheres seguem tendências específicas, especialmente, no que diz respeito ao consumo de produtos de saúde, beleza e cosméticos”, diz Michel.
No mês passado, um site foi criado para conectar empresas e profissionais mães. O blog Contrate uma Mãe foi criado pela agência TeamWorker e seu principal objetivo é atender às mulheres que possuem dificuldade de voltar ao mercado de trabalho depois da maternidade. Outra empresa atenta a esse movimento é a M’Ana – Mulher conserta para Mulher, serviço de manutenção residencial e comercial de mulheres para mulheres. A empresa surgiu após a paulista Ana Luisa Correard se sentir intimidada pela forma como foi tratada por um homem que foi até sua casa trocar o botijão de gás.
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