Transformação digital dá novo sentido à cocriação
Parcerias entre Fiat e Visa na busca de soluções de pagamentos e da Nestlé com mais de quinze parceiros reforçam o desafio de alinhar culturas corporativas
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Luiz Gustavo Pacete
12 de dezembro de 2019 - 6h00
Por décadas, empresas atuaram como um caixa forte protegendo segredos empresariais, dinâmicas, formas de trabalho e organização e parcerias estratégicas. Há muito tempo essa dinâmica deixou de fazer sentido. Ainda que continuem existindo informações que precisem ser preservadas, as empresas que avançaram rumo à inovação também entenderam que precisariam se expor. E exposição aqui tem seu aspectivo positivo, porque como contrapartida ela traz novas soluções e aprendizados. E cocriação, neste contexto, é uma palavra-chave.
Com uma frequência cada vez maior, empresas precisam desenvolver soluções em parcerias e em processos que envolvem a junção de equipes e culturas corporativas diferente. No final de novembro, por exemplo, a Nestlé reuniu em sua sede, em São Paulo, quinze empresas de segmentos variados que desenvolveram soluções customizadas especificamente para atender demandas do marketing à indústria. O Innovation Day reuniu Adobe, Delloitte, Alice Wonders, Amazon, Delfos, Facebook, Foodini, Foxtrot, Google, InLoco, Microsoft, More Than Reale SafeTrace.
Na ocasião, os colaboradores de diferentes áreas da Nestlé trocaram informações e insights com essas empresas. A iniciativa se soma a outras ações da empresa em busca de parcerias e novas oportunidades de inovação dentro e fora da empresa, com o apoio de start-ups, scale-ups, empresas de tecnologia, aceleradoras e universidades. “Olhar o mercado e se abrir para novas tendências e tecnologias que estão sendo trabalhadas por empresas parceiras é essencial para conseguirmos enxergar novas oportunidades de inovação interna”, explica Carolina Sevciuc, diretora de Transformação Digital da Nestlé.
Em muitos casos, as parcerias podem parecer improváveis em um primeiro momento. A Fiat Chrysler Automóveis (FCA) e a Visa, por exemplo, acabam de se unir com a proposta de cocriação para buscar novas formas de pagamentos. Os times de inovação das duas empresas estão mobilizados para o desenvolvimento de uma solução de pagamento “mais segura e fluida”. “O consumidor está cada vez mais plural e o processamento de dados ocorrerá em qualquer formato, dispositivo, lugar e tempo. Temos que estar preparados para o futuro e convidamos a Visa para cocriar uma solução digital a favor da conveniência das pessoas”, afirma o diretor de Portfólio, Pesquisa e Inteligência Competitiva da FCA para a América Latina, Breno Kamei.
“Em um mundo conectado e digital, inovação e colaboração caminham juntas. Dividimos essa visão com a FCA e estamos cocriando uma solução que enxerga no carro inúmeras possibilidades de negócio e de mobilidade para os consumidores”, conta Percival Jatobá, vice-presidente de Inovação e Soluções da Visa do Brasil. Além da cocriação, o processo de desenvolvimento em parceria tem como abordagens o entendimento das necessidades e realidades dos usuários e o aprendizado contínuo, retroalimentando as experiências. “Nosso desafio é validar a proposta de valor o mais rápido possível com o consumidor”, completa Breno Kamei.
“Clareza no objetivo é fundamental para a cocriação”
O consultor de narrativas corporativas Bruno D’Angelo se especializou em contar, adaptar e desenvolver histórias. No ambiente corporativo, histórias bem contadas são vitais no sucesso das dinâmicas de cocriação. Segundo ele, é importante alinhar expectativas e ter clareza dos objetivos já que o encontro de várias culturas diferentes demanda desafios, adaptações e riscos.
Meio & Mensagem – Quais os desafios de um encontro de culturas corporativas diferentes em processos de cocriaçao?
Bruno D’angelo – Não há nada mais forte em uma empresa que a cultura. Normalmente, quando duas companhias começam a criar algo juntas, algo já serviu de atração. Uma delas, pelo menos, já é aberta à cocriação. Podemos ter combinações de culturas iguais, por exemplo duas fintechs, ou absolutamente opostas como uma fintech e um banco tradicional, o que neste caso pode ser complementar. Os riscos envolvidos, mais do que discutir o que elas farão juntas, se relaciona ao fato de uma cultura dominante acabar se sobrepondo ao processo, para reduzir esse impacto, o importante é ter o objetivo claramente estabelecido.
O que pode ajudar a evitar conflitos de interesses?
A primeira coisa que evita conflitos ou egos é alinhar expectativas. Todo mundo deve ter clareza em qual problema deve ser resolvido. E a condução deste processo deve ter um dono. É importante que exista um líder que conduza a dinâmica. É importante que os líderes dessas duas empresas fiquem o tempo todo dedicados e com as expectativas alinhadas.
Qual o papel do storytelling em processos de cocriação?
Empresas são ficções jurídicas, por isso é importante ter clareza do tipo de histórias que aquelas empresas estão contando e que todo mundo se alinhe. Essa jornada não é de um herói, logo, esse storytelling não deve ser apenas de uma pessoa, não deve ser individualmente e é importante saber que história será vendida e qual o aprendizado.
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