Vibra inicia rompimento com Americanas
Empresa de energia informa procedimento de desfazimento de parceria da Vem Conveniência, joint venture que reuniu operações de Local e BR Mania
Empresa de energia informa procedimento de desfazimento de parceria da Vem Conveniência, joint venture que reuniu operações de Local e BR Mania
Fernando Murad
24 de janeiro de 2023 - 13h44
A Vibra Energia informou nesta terça-feira, 24, em Fato Relevante, que o seu Conselho de Administração notificou a Americanas para imediato encerramento da joint venture Vem Conveniência. O comunicado informa que a empresa já iniciou os trâmites e procedimentos necessários para seu desfazimento. A decisão foi motivada pelas “inconsistências contáveis” informadas pela varejista há duas semanas e que deflagraram o processo de recuperação judicial, aprovado na quinta-feira, 19.
A Americanas e a Vibra formalizaram a joint venture para atuar no mercado de proximidade e conveniência em fevereiro de 2022. A operação passou a integrar as lojas BR Mania, da Vibra, e Local, da Americanas, nascendo com uma rede de mais de 1.250 lojas. Cada uma das companhias tem participação de 50% na joint venture.
Ainda de acordo com o Fato Relevante, o procedimento de desfazimento já estava estabelecido nos instrumentos da parceria. A medida busca o retorno dos negócios para os respectivos sócios originais. E tem a previsão de que a empresa Vem Conveniência siga com a Vibra.
“A companhia entende que esse procedimento é o que melhor atende aos objetivos do negócio nesse momento, bem como buscará manter a reserva de todos os seus direitos e prerrogativas assegurados em lei ou nos documentos da parceria, que possam advir de atos praticados pelo sócio Americanas inclusive no curso da constituição da parceria”, diz outro trecho do documento assinado por André Corrêa Natal, vice-presidente executivo de finanças, compras e RI da Vibra.
Uma semana após informar o mercado sobre “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nas demonstrações financeiras de 30 de setembro de 2022, a Americanas S.A. formalizou na quinta-feira, 19, pedido de recuperação judicial. O pedido foi aceito no mesmo dia pela 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro. O total dos créditos listados nos documentos protocolados soma, aproximadamente, R$ 43 bilhões.
Em Fato Relevante, a companhia disse que “continuará envidando esforços para prestar um serviço amplo à população, com um compromisso social forte de levar produtos acessíveis aos seus 53 milhões de clientes”. Para tanto, “o grupo de acionistas de referência da empresa informou ao Presidente do Conselho de Administração que pretendem manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, — americanas.com —, da Ame e suas demais coligadas”.
Diferentemente do informado no anúncio sobre as inconsistências contábeis, o conglomerado tem em caixa apenas R$ 800 milhões e não R$ 7,8 bilhões como reportado. A companhia não informou quais serão as ações para manter a liquidez neste período. A ausência de um plano de capitalização para salvar a empresa por parte dos acionistas de referência — Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, fundadores do 3G Capital —, além de uma explicação clara para o rombo, é uma das queixas de credores e uma das questões levantadas pelo mercado.
As ações da Americanas bateram R$ 122,90, em 3 de agosto de 2020, segundo levantamento de Einar Rivero, da TradeMap, a pedido do g1. Na ocasião, o valor de mercado da empresa era de pouco mais de R$ 66 bilhões. No pregão de sexta-feira, 20, as ações fecharam valendo R$ 0,71. No mesmo dia, a B3 excluiu a Americanas de 14 índices do mercado, incluindo o Ibovespa.
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