Women to Watch: Martha Krawczyk
Vice-presidente de marketing da Visa aceitou o desafio de vir ao Brasil para elaborar uma nova estratégia de comunicação no País
Vice-presidente de marketing da Visa aceitou o desafio de vir ao Brasil para elaborar uma nova estratégia de comunicação no País
Bárbara Sacchitiello
2 de setembro de 2015 - 5h00
Pelo terceiro ano consecutivo, Meio & Mensagem – com a opinião de profissionais do mercado – elegeu cinco mulheres cujos trabalhos estejam se destacando na indústria do marketing e da comunicação. As eleitas de 2015 se reuniram nessa segunda-feira, 31, para receberem suas placas de Women to Watch, iniciativa criada pelo Advertising Age para destacar as mulheres que vem fazendo a diferença na indústria.
Ao longo da semana, Meio & Mensagem conta um pouco mais da trajetória profissional e pessoal das eleitas de 2015, que tem em comum a missão de liderar as estratégias de marketing de grandes anunciantes do Brasil. Por ordem alfabética, depois de Cris Duclos, e de Flavia Altheman, é a vez de Martha Krawczyk, vice-presidente de marketing da Visa.
Ao receber a notícia de que era uma das homenageadas de 2015 do Women to Watch, Martha Krawczyk, que estava de férias com a família, em Miami, achou que iria jogar um balde de água fria na empolgação de sua equipe. “Temos de avisar que não sou brasileira”, lamentou a vice-presidente de marketing da Visa, na época, crente que sua nacionalidade panamenha seria uma barreira ao reconhecimento de Meio & Mensagem.
Ao constatar, posteriormente, que a homenagem independia de seu local de nascimento, ela se permitiu celebrar. “A indicação vem ao encontro do objetivo da Visa, que é a de criar uma organização mais diversa, com mais mulheres no comando”, revela, com português fluente (e sotaque carregado).
Martha vivia uma fase confortável em sua carreira quando foi convidada para vir ao País e liderar o marketing local da Visa, patrocinadora oficial da Copa do Mundo. De Miami, comandava há mais de sete anos as estratégias de marketing de 42 países das Américas do Norte, Central e do Sul (com exceção do Brasil). Antes disso, havia também morado em São Francisco. Por 15 anos, trabalhou no marketing da Sony.
Sua primeira reação ao receber a proposta foi telefonar para o marido, o norte-americano John, e chamá-lo para uma conversa. O tom, sério, assustou o companheiro. “Achou que eu iria pedir o divórcio”, diverte-se. Ao ouvir do esposo um rápido e pronto ‘vamos’, ela adquiriu a parte de coragem que faltava para aceitar o desafio e preparar sua vinda ao Brasil.
Oito semanas depois, Martha, John e o filho do casal — que tem o mesmo nome do pai — desembarcavam no País, em uma madrugada. O flat em que morariam foi escolhido pela futura equipe de Martha no País, que ela ainda nem conhecia pessoalmente. O receio da chegada somado ao cansaço e à fome da viagem, foi aliviado assim que a família abriu a porta do quarto. Na cama havia uma cesta com itens de café da manhã, enviado pela equipe brasileira de Visa. “Lembro-me de que, naquela hora meu marido me olhou e disse que havíamos feito a escolha certa. Viemos para um país de pessoas boas”, recorda.
Essa primeira impressão define bem a relação de carinho de Martha com o Brasil. A língua portuguesa — que começou a ser aprendida nas aulas que teve nos Estados Unidos, no final de 2013, quando soube que seu novo lar seria o Brasil — vem sendo aprimorada com as novelas, que se tornaram um de seus passatempos preferidos, ao lado dos realities de culinária. A alegria do filho de quatro anos, que comemora o fato de poder jogar futebol e abraçar os colegas na escola, também colabora para a natural adaptação da executiva. “Embora tenha vivido 20 anos nos Estados Unidos, me casado e construído minha carreira lá, nunca me senti americana. O Brasil é bem mais afetivo, mais aberto e aqui me sinto muito bem”, confessa.
Passada a Copa do Mundo, na qual ela finalmente compreendeu o que significa sofrer por futebol ao assistir ao vivo a humilhante derrota da seleção por 7×1 para a Alemanha, ela deu continuidade à coordenação das estratégias de marketing da marca. Liderando mais de cem pessoas (entre os funcionários diretos e os profissionais das agências que atuam com a companhia de cartões e meios de pagamentos eletrônicos) ela tem adiante dois desafios: desenvolver as ações de marketing para os Jogos Olímpicos de 2016 e motivar a contínua evolução de sua equipe. “Sempre acredito que as pessoas podem aprender e entregar mais. O tema de carreiras, para mim, é muito importante”, confessa.
Essa inclinação pelo desenvolvimento de pessoas vem do berço. Segunda dos quatro filhos do casal Carlos e Leonarda, Martha viveu uma infância humilde no Panamá. Um item, no entanto, jamais faltou em seu lar. “Meu pai era obcecado por educação. Trabalhava em dois empregos e tudo o que ganhava ia para nossos estudos”, recorda. O investimento deu resultado. Martha graduou-se em marketing, no país natal, e embarcou para os Estados Unidos para cursar MBA, mestrado e diversas especializações em marketing e recursos humanos. Um dos irmãos é médico e vive no Panamá; o outro, engenheiro, mora na Califórnia, assim como sua irmã, que se formou em psicologia.
O orgulho do pai pode ser medido pela reação ao saber que a filha, 25 anos depois de começar a carreira, estava na lista do Women to Watch 2015. “Ele chorou muito, ficou emocionado”, revelou uma Martha também emocionada. No futuro, ela sabe que outras mudanças virão. Fazer um curso de gastronomia, seu sonho antigo, está entre elas. E, inevitavelmente, deixar o Brasil. Mas nisso, por enquanto, ela prefere não pensar. “Claro que a empresa planeja desenvolver outros mercados, mas não tenho prazo para deixar o País. Tudo acontecerá na hora certa”, acredita.
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