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WSL terá recorde de marcas em 2022

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WSL terá recorde de marcas em 2022

Escritório da América Latina confirmou participação de 11 empresas na etapa do Championship Tour em Saquarema, e projeta oito etapas do Qualifying e uma do Challenger na região


11 de janeiro de 2022 - 5h49

A temporada 2021 foi inédita para o surfe brasileiro. Além da medalha de ouro de Ítalo Ferreira na estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos de Tóquio, os surfistas do País conquistaram o título mundial do masculino, com Gabriel Medina, e o vice-campeonato no feminino, com Tatiana Weston-Webb. Além disso, os surfistas brasileiros conquistaram cinco das últimas sete edições do Championship Tour, divisão de elite da World Surf League (WSL): Medina em 2014, 2018 e 2021; Adriano de Souza, em 2015; e Ítalo Ferreira, em 2019.

Gabriel Medina é três vezes campeão mundial da WSL  (crédito: Kenny Morris/World Surf League)

O sucesso nas ondas tem reverberado no aumento da audiência da modalidade e da assinatura de contratos de patrocínio. O escritório da WSL na América Latina já tem confirmada a participação de 11 marcas para a temporada 2022, um recorde. São elas Oi, Enel, Oakberry, Oakley, Unicesumar, Localiza, Australian Gold, Prefeitura de Saquarema, Havaianas, Corona e Red Bull. Além disso, neste ano tem início o contrato da WSL com a Globo. “Será um game changer para nós”, destaca Ivan Martinho, CEO da WSL na América Latina.

Válido até 2024, o acordo prevê cobertura multiplataforma no Sportv, TV Globo, Globoplay, ge e Canal Off, e inclui os direitos exclusivos no Brasil de Championship Tour (CT), Challenger Series (CS), Qualifying Series (QS), Big Wave Tour (BWT) e Longboard Tour (LT), além de séries e documentários produzidos pelo WSL Studios. As etapas terão transmissão gratuita no Globoplay até as oitavas de final e, depois, no Sportv, além de flashes na programação da TV Globo.

Na entrevista a seguir, Ivan Martinho analisa a evolução da modalidade na região, a estratégia da WSL para quebrar a barreira das marcas de surfwear, o trabalho com atletas para desenvolver a produção de conteúdo digital e o impacto da Olimpíada e do contrato com a Globo para a visibilidade do surfe. “A Olimpíada deu a oportunidade de contar essa história para mais gente”.

Campeão mundial em 2019, Ítalo Ferreira foi ouro em Tóquio 2020 (crédito: Kenny Morris/World Surf League)

Meio & Mensagem – Os surfistas brasileiros estão se destacando no cenário mundial e a estreia na Olimpíada trouxe mais atenção para o esporte. Qual é sua avaliação do avanço do surfe no Brasil?
Ivan Martinho – A Olimpíada é propulsora de um trabalho que vem sendo feito. A WSL é uma liga global, dividida em quatro macros regionais. Tenho pares para América do Norte e Havaí; Europa, África e Oriente Médio; e Austrália e Ásia. A sede fica em Santa Mônica, na Califórnia. Cada região tem sua maturidade. Na Austrália, o surfe é como o rugby, tem torcida. Austrália e Havaí dominaram a cena muito tempo. Outros brasileiros foram ganhando etapas até o Gabriel ser campeão. Cada país tem um ciclo de maturidade. Nos EUA, a costa oeste tem devoção, mas não é o mesmo na costa leste. Brasil e América Latina estão, cada vez mais, criando marca falando não só de performance, mais o que o surfe representa em estilo de vida. Os quatro pilares da WSL são performance (com os melhores atletas e ondas), life style (abordando tudo sobre estilo de vida, como viagem, moda, música), igualdade (a premiação é igual para homens e mulheres, o que ainda é exceção no mundo do esporte) e, por fim, sustentabilidade (é dever da liga fazer uma série de ações). A WSL fez o spin-off da Pure (sigla de Protect, Understand & Respect the Environmen), que faz trabalho de conversação, replantio de corais no Taiti, limpeza das praias e até auditoria do trabalho da WSL, sobre a qualidade de execução dos eventos. Sempre deixamos a praia melhor do que recebemos, às vezes com replantio de restinga. Um estádio se faz uma vez e pronto. No surfe, trabalhamos para neutralizar todo impacto e somos cobrados. A WSL não tem patrocinador de óleo e gás não por falta de oferta e interesse das marcas, mas porque vai contra os valores da liga. Isso dá legitimidade. Não é da boca para fora. A Olimpíada deu a oportunidade de contar essa história para mais gente, foi um grande megafone.

Ivan Martinho (crédito: divulgação)

M&M – E como tem sido a resposta das marcas a esse trabalho do escritório?
Ivan – Desenvolvemos uma série de motivos para criar um grupo de marca mais amplo do que as que ajudaram a criar o esporte, as de surfwear, que continuam investindo na modalidade como plataforma. Ampliamos o leque trazendo marcas novas e novos segmentos. Nos últimos dois anos e meio trouxemos marcas como Corona, Jeep, Havaianas, Localiza, Unicesumar, Oakberry, Australian Gold. Por exemplo, todo o conteúdo da Red Bull no surfe é performance. Sua principal propriedade é a área de atletas. Já Havaianas é o contrário, é life style, não quer a tensão da competição, quer a diversão na areia, a comemoração de quem ganha a bateria, a surf trip, o momento férias. É o mesmo evento com marcas distintas explorando sob ângulos diferentes. Mas é o mesmo produto. Corona, por exemplo, faz mutirão de limpeza de praias. Cada uma tem uma história para contar e criar conexão com os consumidores por meio de ações que vão muito além do que está acontecendo dentro da água.

M&M – Quais são as marcas fechadas para a temporada 2022?
Ivan – A WSL organiza Championship Tour, Challenger Series, Qualifying Series, Big Wave Tour e Longboard Tour com marcas globais e regionais por cada evento. Não está fechado, mas estamos com boa expectativa para 2022. Já temos Oi, Enel, Oakberry, Oakley, Unicesumar, Localiza, Australian Gold, Prefeitura de Saquarema, Havaianas, Corona e Red Bull. Queremos anunciar mais algumas. Será o número recorde de patrocinadores e segmentos inéditos, que mostra a versatilidade do surfe, com educação, açaí, energia, mobilidade. Só herdamos Oi. A entrega é always on: aplicativo, mídias sociais, plataforma de conteúdo. Criamos presença de marca ao longo do ano. A empresa aprendeu muito sobre isso durante a pandemia. Fazíamos o evento uma vez por ano e, hoje em dia, a WSL é uma plataforma que gera interesse das marcas ao longo de todo o ano.

M&M – Do ponto de vista dos atletas, qual é o foco da atuação da WSL?
Ivan – Trabalhamos muito para auxiliar os atletas. Eles têm exclusividade de competição com a WSL, constroem a vida com a premiação e tentamos assessorá-los para ser um melhor produto, em como construir conteúdo nas redes sociais, oferecemos workshops. Com a Unicesumar, por exemplo, ofereceremos ensino acadêmico, inclusive de gestão de esporte, porque não só o atleta pode melhorar a sua gestão. A gestão muitas vezes é feita por familiares ou amigos, eles têm confiança, mas não necessariamente todo o conhecimento e métricas de negócios. Oferecendo graduação, pós-graduação e cursos especiais, buscamos despertar o assunto pós aposentadoria e melhorar a gestão da carreira. Com o trabalho de conteúdo com os atletas a liga trouxe a provocação de contar a história pessoal, fora da onda, de se enxergarem como produtos. O Medina foi primeiro a trazer marcas e a romper a barreira do mundo de surfe, é protagonista nessa transformação. Do aspecto esportivo, cada um cuida, mas nesse ideal de preparar os atletas para ser um produto publicitário, investimos no compartilhamento de conhecimento com especialistas de redes sociais, media training, e os atletas mesmo elogiam, acham que veio a calhar.

M&M – Em 2022 terá início o contrato de parceria com a Globo. Qual é a expectativa da liga?
Ivan – A parceria com a Globo é genial, coloca um canal de exposição para essa geração de atletas e para as próximas. A cobertura multiplataforma, falando tantas horas, dá a oportunidade de contar mais histórias. Quando ampliamos esse espaço de cobertura, damos a chance de trazer para o holofote mais gente. Cada evento da WSL é visto por 10 milhões de pessoas, normalmente, não só ao vivo, mas highlights, no somatório de todas as plataformas: TV, aplicativo, web, redes sociais (fizemos testes no TikTok). São públicos complementares. Qual é a beleza de ter parceiro como a Globo? Temos a chance de ter atletas piscando ao vivo na TV aberta, onde milhões de pessoas estão assistindo. Será um game changer para nós. E seguiremos com conteúdo nas plataforma proprietárias da liga, até por entendemos que são complementares e não concorrentes.

M&M – Qual será a programação dos eventos da WSL na América Latina em 2022?
Ivan – Teremos a etapa de Saquarema do CT e estamos avaliando a realização de uma etapa do Challenger Series na América Latina e outros eventos QS, no qual criamos a chance de mais pessoas competirem. Em 2021, tivemos dois no Equador, um em Floripa e outro em Saquarema. Teremos um mínimo de sete etapas do QS, incluindo as duas no Brasil. À medida que trazemos marcas para a base, temos a chance de fazer mais eventos. Para nós tem sido uma grata surpresa.

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