Creator economy: da sobrevivência à publicidade
Ana Paula Passarelli, Deh Bastos e Egnalda Côrtes debatem momento atual da creator economy e relacionam sua ascensão ao contexto brasileiro e credibilidade frente ao mercado publicitário
Creator economy: da sobrevivência à publicidade
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Giovana Oréfice
5 de outubro de 2023 - 6h00
Como surgem os criadores de conteúdo? A pergunta é essencial para entender o momento em que a creator economy se encontra no Brasil. Ainda que a indústria movimente mais de US$ 16 bilhões, segundo a Collabstar com dados referentes ao ano de 2022, é preciso ter um olhar focado no âmbito local.
Descolando o conceito de creator economy da publicidade, os indivíduos iniciam sua jornada junto às comunidades, conforme indicou Egnalda Côrtes, CEO da Côrtes e Companhia. Ela classificou os creators como um grupo de empreendedores criativos que se atreveram a começar algo novo, conectando com uma comunidade relevante para a sociedade, e as marcas estão dentro desse movimento. “Essa profissão criada muito neste País é por conta da escassez de oportunidade”, salientou Egnalda, enfatizando a criatividade que parte da necessidade no Brasil e que muitos criadores ingressaram nas redes com a proposta de aparecer e trazer sua narrativa a um público.
“Sobrevivência não é empreendedorismo, e muitas vezes a influência, a criação de conteúdo é uma forma de oportunidade, estratégia de sobrevivência”, corrobora Deh Bastos, sócia e diretora executiva de criação da MAP Brasil. Ainda, acredita que a creator economy é parte de um processo – uma vez que a mensuração ainda parte muito da publicidade.
As painelistas alertaram à plateia presente no segundo dia do Maximídia de que a criação de conteúdo se relaciona com o empreendedorismo por ser um negócio. A criação de conteúdo demanda investimento, há custos e muitos têm formações, como lembrou Egnalda. As redes sociais contam com profissionais como jornalistas, publicitários e tantos outros que usufruem das ferramentas por elas oferecidas.
Na mesma linha, Ana Paula Passarelli, cofundadora da Brunch, destacou os giginfluencers. O termo é cunhado a influenciadores que têm uma profissão, mas ganham uma renda extra na produção de conteúdo. Agora, a categoria ascendeu à infocreators. Em pesquisa, a Brunch e a YouPix identificaram que, de 11,8% de criadores que possuem o TikTok como principal rede, 37,8% têm outro trabalho não relacionado e o faz como renda extra. Além disso, 35,1% têm a criação de conteúdo como principal fonte de renda.
“Parte do desejo da sobrevivência e percorre uma trajetória de encontrar o empreendedorismo e o entendimento da formalização”, endossou. “Quando olhamos para a creator economy, ela não necessariamente é sobre publicidade, mas sobre o papel empreendedor de criadores e a maneira como eles estão oferecendo serviços e produtos para o mercado — tanto para as marcas quanto para suas comunidades”, acrescentou.
Contudo, há uma discussão sobre limites. Recentemente, a ascensão das lives NPC (em que usuários fazem lives imitando personagens não jogáveis, de games) deu luz à polêmica de até onde se vai por monetização. “O Brasil é um dos países que mais consome e produz conteúdo no mundo e isso diz muito sobre nossa economia”, relacionou Deh Bastos. Ela lembrou que muitos influenciadores que protagonizaram as transmissões assumiram que estavam criando conteúdo para pagar contas, por exemplo.
Um estudo da MSL US, em parceria com a The Influencer League, revela a existência de uma diferença salarial de 29% entre creators brancos e pretos. Questionada sobre uma possível evolução deste gap no mercado brasileiro, Egnalda destacou o trabalho que começou fazendo junto a criadores de conteúdo ativistas, bem como lembrou sobre propostas complexas de marcas para influenciadores com carreiras ainda muito prematuras.
“Tive que ter muito diálogo e um diálogo quase de aula de história para que as pessoas entendessem que não tinha como medir essa paridade – e que não existia paridade – entre um criador com 10 milhões de seguidores e um criador negro com 13 mil”, disse a CEO da Côrtes e Companhia. “Cada criador meu era quase uma tese a ser defendida”, acrescentou. Para ela, deve haver uma responsabilidade de práticas sustentáveis de marcas que comprometem-se ao assumir responsabilidades públicas neste sentido, estendendo aos criadores de conteúdo.
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