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Um papel de relevância

Entrevista com Paul Rossi, VP executivo e diretor administrativo da Economist


29 de abril de 2011 - 2h31

A revista-bíblia do capitalismo, The Economist chega aos 168 anos de existência com um desempenho de causar inveja: a publicação bateu, no ano passado, o recorde semanal , com 200 mil exemplares, o que dá uma circulação global de quase 1,5 milhão de cópias. O dado é do Audit Bureau of Circulations e o recorde é único na longa existência da revista. O vice-presidente executivo e diretor administrativo da revista The Economist, Paul Rossi, que estará no ProXXIma 2011, fala sobre essa bem-sucedida e secular história.

Longevidade

A revista continua a crescer. Acredito que existem várias razões para o sucesso da Economist, que acaba de quebrar o recorde de circulação numa época em que se discute o fim do papel. A primeira razão é o valor que temos e o que publicamos a cada semana. Penso que, toda semana, estamos conectados com o mundo, com o que acontece. Sobretudo em conexão com a economia mundial, chinesa, americana, por exemplo. Uma das razões é que, se numa semana, escrevemos sobre a economia mundial, na outra semana abordamos o crescimento da população. 168 anos é muito tempo. A razão número dois é a tecnologia, que nos permite cobrir o mundo todo e fazer essa integração, cada vez mais amplamente, mais rapidamente. A tecnologia, em geral, é um fator determinante nos direcionar. O segredo dessa longevidade pode ser explicado independência e conexão com o leitor. Fundamentalmente, o segredo está na independência que mantemos sobre a cobertura dos assuntos.

Editores e pautas

O time editorial fica baseado em Londres. A cada semana, temos editores que definem as pautas da edição. A partir daí, editores ao redor do mundo apuram as reportagens, que são enviadas de volta para Londres toda semana de onde são editadas. É isso que cria a consistência e o estilo da revista. Creio que temos um time editorial muito bem preparado, um conteúdo que tem um alinha clara a cada edição.

Produtos e serviços

Sob a marca “Economist”, nós temos a revista The Economist, o site economist.com, a unidade Economist Intelligence Unit, para informar e ajudar empresas a tomar decisões sobre onde e no que investir. Basicamente, essa unidade define estratégias de investimentos para as empresas. Existem, ainda, unidades como a Economist Conferences, Economist Corporate Network (rede de negócios) e as publicações anual The World In (compilação de cenários que formula tendências) e trimestral Intelligent Life (que é o título de estilo de vida do grupo).

Modelo de negócios

De ambos os modos, por assinatura e com publicidade. O modelo é baseado em assinaturas de longo prazo. Desde a introdução do modelo digital, nós ainda podemos ter assinaturas da Economist nas várias telas. Podemos ter assinaturas da revista no celular, iPad, no online, no iPhone. Ou seja, qualquer tipo de assinatura, em qualquer plataforma.

Plataformas online e off-line

A linha editorial entre o ambiente online e o impresso é uma só. Essencialmente, a diferença é tecnológica. Depende do nível tecnológico do leitor. Nos mercados em que há um nível elevado de adoção tecnológica, por exemplo, o leitor pode ser online. Em outros lugares, podemos investir no meio tradicional. Para a distribuição, porém, o meio digital é mais eficiente.

Distribuição mundial

Editorialmente, a revista é fechada em Londres e impressa em cinco países. Nós temos distribuição na Virgínia e em Nova York, nos Estados Unidos, em Londres, na Europa, e na Ásia.

Princípios editoriais

A posição editorial da Economist é a mesma de sempre. Mantemos os mesmos princípios desde a fundação da revista. Princípios como a defesa do livre-comércio, da globalização e da mínima interferência do governo, especialmente nos negócios de mercado ainda norteiam a publicação. Defendemos a clareza do ponto de vista sobre aspectos regulatórios. Se você olhar para os comentários do site da Economist, por exemplo, verá que as pessoas concordam com as ideias defendidas pela revista, com os pontos de vistas. Na nossa visão editorial – e não é uma opinião particular minha, e sim da revista, deve haver livre mercado e livre-arbítrio.

Estrutura do grupo

The Economist pertence ao The Economist Group. Grande parte das ações do The Economist Group pertence ao The Financial Times Limited, empresa controladora do jornal do mesmo nome. Outro grande acionista é o Grupo Pearson (que, no Brasil, adquiriu o controle de grupos educacionais como COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name, do Sistema Brasileiro de Ensino – SEB). No entanto, The Economist Group não é uma subsidiária nem do Financial Times e tampouco do Grupo Pearson, já que ambos não detêm o controle majoritário do grupo. As ações do grupo ainda estão divididas entre outros acionistas independentes.


Fim do papel

Não penso que o acesso online pode causar tanto impacto sobre a edição impressa. Penso que a indústria tem algumas tendências como a adoção de leitura em dispositivos como iPad e outros tablets. São oportunidades reais para migrar e substituir os meios tradicionais e gerar novos recursos. Penso que são coisas que acontecerão a longo prazo, mas não mudarão completamente. Por exemplo, o site economist.com pode ser tanto pago quanto gratuito. Para o assinante da revista, o acesso é gratuito. E se for apenas assinante online, o acesso é pago.

Brasil

The Economist publicou recentemente um bulish paper (tendência de valorização) a respeito do Brasil. Penso que o Brasil terá uma oportunidade única, mas também demandas, grandes desafios. Eu não sei se o Brasil está preparado para eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Não sei dizer. O que você pensa?
 

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