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Sites como o Ashley Madison, que inaugura neste mês sua operação no Brasil, prometem ? com discrição ? facilitar a vida de quem procura um relacionamento extraconjugal
Sites como o Ashley Madison, que inaugura neste mês sua operação no Brasil, prometem ? com discrição ? facilitar a vida de quem procura um relacionamento extraconjugal
Bárbara Sacchitiello
19 de agosto de 2011 - 11h30
Você é casado (a), tem uma vida estabilizada e está financeiramente bem estabelecido (a). No entanto, percebe que falta um brilho, uma aventura capaz de tirá-lo (a) um pouco da rotina cotidiana. O tradicional, nesses casos, seria procurar um affair em bares, happy hours ou até mesmo entre os colegas de trabalho e conhecidos.
Mas, assim como revolucionou boa parte das relações humanas, a internet pode, também, auxiliá-lo (a) a trair de uma maneira mais prática. Ou, pelo menos, mais discreta. E é com esse propósito que sites de relacionamento como o Ashley Madison – que lançou neste mês suas operações no Brasil – vem conquistando um impressionante número de adeptos e vislumbrando um crescimento ainda maior em novos mercados.
“Nós não inventamos a traição. O ser humano sempre traiu. A diferença é que, caso a pessoa realmente escolha ter um caso extraconjugal, oferecemos meios para que ela faça isso de uma maneira respeitosa”. Dessa maneira que Noel Biderman, CEO do site canadense Ashley Madison explica a finalidade de sua empresa, que foi criada há dez anos e que, atualmente, já atua em 15 países e soma mais de 10 milhões de usuários, em todo o mundo.
Segundo ele, a ideia de criar uma espécie de difusor de infidelidade veio justamente da percepção de que os usuários de sites de relacionamento não eram, na verdade, tão solitários assim. Biderman explica que, após muitas conversas e pesquisas, descobriu que muitas pessoas recorriam à web para procurar um caso extraconjugal, com a ideia de que, protegidas pela tela do computador, correriam menos risco de se expor e de criar problemas com os respectivos cônjuges.
Mulheres infiéis
Ao contrário do que possa parecer, o fundador do site não tem uma visão pessimista acerca do amor e dos relacionamentos. “As pessoas podem amar, preservar seus parceiros, e, ao mesmo tempo, estarem insatisfeitas com algo que só será preenchido com um caso extraconjugal”. Segundo ele, esse é o típico perfil do usuário (na verdade, da usuária) que procura os serviços do Ashley Madison, uma vez que 70% da base de cadastrados em todo o mundo são de pessoas do sexo feminino. “O homem pode até trair mais, mas quando a mulher trai, ela o faz com maior cautela e atenção. Por isso, ela prefere não se arriscar a se envolver com qualquer pessoa e, nisso, entra o nosso serviço, que permite a busca por pessoas de maneira sigilosa”, explica o CEO do site.
Apesar de tratar o seu serviço como uma ferramenta aliada dos relacionamentos, Noel Biderman revela já ter ouvido muitas críticas sobre a atuação do Ashley Madison. Questionado sobre as acusações de ter causado muitos divórcios, ele defende-se garantindo que os usuários que se cadastram no site já não estão plenamente satisfeitos em suas relações e que trairiam de qualquer maneira – com ou sem a ajuda do site.
Brasil – escritório internacional de infidelidade
Com uma campanha publicitária que começou a ser veiculada na mídia esta semana – e que compreende anúncios em jornais e revistas e comerciais de TV no SBT, Bandeirantes e Gazeta – o portal tem a ousada meta de conseguir 500 mil usuários brasileiros em um ano. Apenas as primeiras semanas de atuação por aqui mostram que o objetivo pode ser facilmente alcançado.
“Em apenas dez dias, já tínhamos mais de 50 mil usuários cadastrados. Na segunda-feira seguinte ao Dia dos Pais, quando veiculamos nosso primeiro anúncio, recebemos 22 mil novos cadastros”, conta o CEO. As segundas-feiras, aliás, são os dias de maior pico de acesso no site. “Realizamos pesquisas que nos mostraram que, em toda a América Latina, o Brasil é o País com maior índice de infidelidade”, argumenta a indiana Jas Kaur, diretora de Operações Internacionais e do Ashley Madison Brasil.
A nação está tão em alta no mercado mundial da traição que São Paulo foi escolhida como a sede internacional dos negócios do Ashley Madison. “Acho que boa parte disso deve-se a independência que a mulher brasileira vem conquistando, o que a faz ver que ela tem os mesmos direitos que os homens”, analisa Jas.
A vida é curta. Curta um caso
Com um investimento de R$ 2,5 milhões no mercado brasileiro (que compreende o desenvolvimento de infraestrutura, engenharia e os investimentos em marketing), o Ashley Madison procura diferenciar-se de seus concorrentes – como o Second Love e o Ohhtel – pela privacidade fornecida aos usuários e a maior interatividade que oferece entre as pessoas.
Para se promover entre os brasileiros, o site conta com um trabalho de comunicação desenvolvido pela agência Ad/Mkt, que traduziu para o Brasil o slogan global da marca: “A vida é curta. Curta um caso.”
Para se cadastrar no site, a princípio, não é preciso pagar nada. Mas, se a pessoas quiser trocar mensagens e se comunicar com outra, ela deverá comprar pacotes de créditos, que custam a partir de R$ 49. “O nosso faturamento provem apenas dos assinantes. Não queremos colocar anúncios e publicidade no site pois achamos que não combinaria com o perfil dos nossos usuários”, explica o CEO do Ashley Madison.
Chegando também à Itália e com a pretensão de, em breve, levar o serviço a outras nações da América Latina e da Ásia, Biderman visualiza um amplo e aparentemente inesgotável mercado. “Onde as pessoas traírem, teremos campo de atuação. Ou seja, podemos chegar a qualquer lugar”, diverte-se.
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