A crítica situação da RedeTV
Migração do Pânico para a Band tornou mais visíveis as dificuldades enfrentadas pela emissora; cujo futuro é tido como incerto pelo mercado publicitário
Migração do Pânico para a Band tornou mais visíveis as dificuldades enfrentadas pela emissora; cujo futuro é tido como incerto pelo mercado publicitário
Bárbara Sacchitiello
27 de fevereiro de 2012 - 2h56
Algo parece assombrar o canal 9 na TV aberta de São Paulo. Em 1970, à beira da falência, a TV Excelsior teve seu fim decretado pelo governo militar. Depois de 13 anos fora do ar, o espaço foi ocupado pela Rede Manchete, de Adolpho Bloch. Problemas de administração e sucessivas crises a levaram à extinção em 1999. No mesmo ano, os sócios Amílcare Dallevo e Marcelo de Carvalho adquiriram a concessão para ali lançar uma nova emissora, inicialmente, voltada ao público A.
Treze anos depois da primeira transmissão, a RedeTV se vê diante da maior crise de sua história. Após se intitular por anos como “a rede de TV que mais cresce no Brasil” e de ser pioneira na adesão de novas tecnologias, a emissora vem, desde o ano passado, amargando perdas importantes em seu leque de produtos e em sua credibilidade diante do público e do mercado.
Ocupando as noites de domingo da emissora há nove anos, o programa Pânico respondia pela maior audiência e também pelo maior faturamento comercial entre todos os produtos da casa. Na segunda semana de fevereiro, o programa marcou uma média de 4,8 pontos de audiência. O segundo colocado — o Superpop — fechou uma semana com uma média de 2,6 no Ibope (praticamente a metade do Pânico). Em anos anteriores, o humorístico frequentemente ultrapassava os dois dígitos.
Embora a RedeTV afirme que, até o momento, nenhum dos atuais patrocinadores do Pânico (Guaraná Antarctica, Skol, Sawary Jeans e Suzuki) deixou a emissora, acredita-se que, em breve, as marcas também façam a mudança, de Osasco para o Morumbi. Segundo apurou Meio & Mensagem, o mercado publicitário não duvida que a perda do Pânico irá respingar, de alguma forma, nas demais atrações da grade. Ao negociar os pacotes de mídia na emissora, muitas vezes os anunciantes são motivados pelas atrações de peso e as estrelas da casa. Na ausência delas, é esperado que o interesse perca um pouco a intensidade.
Futuro
Na RedeTV, a ideia é minimizar o impacto da saída do Pânico. Para superar a perda, a emissora já se mobilizou para escalar a atração substituta: um programa humorístico, nos mesmos moldes do Pânico, ainda sem data de estreia e equipe definidas (leia mais sobre isso aqui).
A emissora quer, a partir de agora, transmitir a ideia de que, mesmo com a saída do Pânico, tudo está dentro da normalidade. Na semana passada, foi fechado um acordo de patrocínio máster com a Bombril para o programa Mega Senha e o apresentador Amaury Jr. renovou seu contrato por mais três anos. A RedeTV afirma que o faturamento do Pânico correspondia, atualmente, a 12% do total. Vale lembrar que metade da grade semanal da RedeTV é comercializada para Igrejas, empresas e produtoras independentes, que lhe garante um faturamento fixo mensal (clique aqui para ver o levantamento completo feito pelo Meio & Mensagem).
Apesar disso, o histórico recente da emissora tem mais pontos negativos do que alegrias. No ano passado, após ter tentado, sem sucesso, adquirir o Brasileirão, o canal perdeu os direitos de transmissão da Série B do campeonato para a Band. Meses depois, após sucesso com o UFC Rio, perdeu-o para a Globo. No final de 2011, notícias de atrasos nos pagamentos de funcionários com contratos de pessoa jurídica começaram a circular na imprensa. Segundo fontes, Hebe Camargo pode ser a próxima a deixar a casa. Descontente com o atraso no pagamento de sua equipe, a pioneira da TV já manifestou disposição em sair.
Enquanto isso, na sexta-feira passada, a RedeTV anunciou a contratação de Robert Rey. O cirurgião plástico é figura conhecida na grade da casa, que há anos exibe o seu reality show, o Dr. Hollywood.
Outra fonte ouvida pela reportagem declarou que é possível que o jornalismo da casa ganhe força após a baixa da área de entretenimento. Comandado por Américo Martins (ex-BBC) desde 2010, o jornalismo já havia dado início à missão de aprimorar-se e atrair mais audiência. No atual contexto, é possível que a área consiga captar mais investimentos publicitários na emissora.
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