YouTube: a década do vídeo
Desde sua criação, em 2005, o YouTube passou de rede social de vídeos a um dos principais canais de entretenimento do mundo
Desde sua criação, em 2005, o YouTube passou de rede social de vídeos a um dos principais canais de entretenimento do mundo
Ruvila Avelino
13 de maio de 2015 - 9h40
Há dez anos foi ao ar a primeira versão do site de compartilhamento de vídeos chamado YouTube. Após uma década de mudanças, atualizações e amadurecimento, a plataforma se tornou um dos maiores destinos de entretenimento de usuários da internet em todo o mundo, sobre o qual orbita uma diversificada possibilidade de negócios para produtores de conteúdo, marcas e anunciantes.
O Google adquiriu o YouTube no final de 2006 e seis meses depois já investia em um programa de parcerias que garantisse algum retorno financeiro a produtores de conteúdo. A plataforma, buscando conectar marcas e clientes de forma efetiva, lançou em 2010 o True View, que deu ao usuário a chance de pular um anúncio que não deseja ver após os cinco primeiros segundos — o anunciante paga somente pelo anúncio visto até o fim e sabe, dessa forma, se está construindo relação com o público mais engajado.
“Nos últimos anos, o consumidor de vídeo deixou de ser um telespectador e passou a ser mais ativo, com comportamento de fã”, diz Alvaro Paes de Barros, diretor de conteúdo do YouTube no Brasil. “Ele consome de uma forma diferente, ignorando a grade linear, ou seja, ele vê o que quer, quando quer, na plataforma que quer. O fã não simplesmente desliga a TV quando o programa acaba, ele comenta, compartilha, tem uma posição proativa, quer ser protagonista e fazer parte da história.” O executivo acredita que essa é a maior transformação desses últimos dez anos e o fator responsável pelo crescimento do YouTube, que passou de ferramenta para compartilhar vídeos a local de entretenimento.
De acordo com dados do próprio Google, a plataforma ultrapassou o índice de um bilhão de usuários por mês em 2013. A produção de conteúdo também cresceu exponencialmente: em seu quinto aniversário, em 2010, a cada minuto eram carregadas 24 horas de vídeos, enquanto hoje 300 horas de novos vídeos são colocados no YouTube por minuto.
O Google não revela especificamente quanto usuários ativos têm no Brasil, mas calcula que existam 70 milhões de espectadores de vídeo online de forma geral, que assistem a aproximadamente 8,1 horas semanais — para a TV tradicional, são dedicadas em média 21,9 horas semanais. No YouTube, o canal mais visto pelos brasileiros é o infantil Galinha Pintadinha, que ultrapassa um bilhão de visualizações. O vídeo mais assistido na plataforma como um todo é o clipe da música Gangnam Style, do cantor coreano Psy.
Apesar do sucesso atual, o YouTube já enfrentou problemas com violação de direitos autorais e conteúdo não autorizado. Grandes gravadoras internacionais travaram lutas intensas com o Google, principalmente entre 2006 e 2011, por causa da publicação, por parte de usuários, de clipes ou de trilhas sonoras sem prévia autorização das editoras responsáveis. Acordos milionários e o repasse de verba publicitária aos detentores de direitos amenizou o imbróglio. No Brasil, em 2007, a plataforma chegou a ficar 48 horas fora do ar por decisão judicial a favor da modelo Daniela Cicarelli, que teve vídeo de momentos íntimos publicado no site. Discussões sobre privacidade foram iniciadas com o caso. O relatório de transparência aponta que entre 2010 e 2013 o Google recebeu4.975 pedidos de retirada de conteúdo do ar. Para contornar o problema e remunerar devidamente os produtores foi criada a ferramenta Content ID que identifica e repassa verbas ao detentor da propriedade intelectual.
Transformação social
Muitas vezes, quem vê vídeos online possui hábitos diferentes de quem vê TV tradicional. Mas os anunciantes não se prendem muito a isso, de acordo com Julio Zaguini, diretor de agências do Google Brasil. “O ambiente de anunciantes do YouTube está ficando parecido com o ambiente da TV, acrescido dos varejistas online”, explica. Segundo Zaguini, comércio eletrônico investe cada vez mais na plataforma, de olho em visitas e conversões.
De acordo com Paes de Barros, o crescimento do mercado de vídeos online puxou a profissionalização da produção de conteúdo. O lançamento do YouTube Space é uma iniciativa relacionada a isso. São Paulo foi a quinta cidade a ganhar uma unidade desses estúdios, depois de Los Angeles, Londres, Tóquio e Nova York. Inaugurada no final de 2014 em parceria com o Instituto Criar, o YouTube Space brasileiro tem como objetivo promover transformação social de jovens por meio do audiovisual, com a criação de vídeos, a promoção de workshops e a realização de eventos de troca de informações sobre esse universo.
Para o diretor de conteúdo do YouTube o poder de contar boas histórias é o diferencial para um produtor de conteúdo na plataforma. “Se o conteúdo não for autêntico não é possível desenvolver um público ao redor dele”, afirma Paes de Barros. A ideia de que uma boa história é necessária para engajar o usuário já chegou à publicidade. “Anunciantes também estão contando histórias por meio dos seus vídeos na plataforma. Isso é a evolução do comercial de televisão”, conta Zaguini.
Paes de Barros acredita que, no futuro, as plataformas móveis serão cada vez mais utilizadas para o consumo de vídeos.“ Atualmente as pessoas ainda assistem mais à TV que a vídeos online, mas acho que elas vão migrar um pouco mais para a web com o passar do tempo”, aposta. Zaguini também crê que o brasileiro passará mais tempo no ambiente digital e o mercado seguirá os hábitos do seu consumidor. “As tendências do mercado publicitário acompanham as tendências do mercado consumidor”, diz.
Compartilhe
Veja também
Prime Video oficializa acordo com LFU e transmitirá Brasileirão
Plataforma exibirá um jogo por rodada em contrato que tem duração até 2029
Eletromidia e Globo: os termos do acordo bilionário da mídia brasileira
Valor de mercado da empresa de OOH pode beirar os R$ 5 bilhões, em negociação que reforça a aproximação dos grandes grupos de mídia as operações de publicidade em telas