Amanda Schnaider
15 de agosto de 2019 - 7h16
Produtores de conteúdo que utilizam canais online para influenciar comportamentos tanto na internet como fora dela, os influenciadores digitais, representam a ponta de uma indústria que vem se profissionalizando e se reinventando. Neste contexto, as marcas estão, cada vez mais, utilizando a estratégia da influência para se conectar com os consumidores. De acordo com o estudo “Quem são os principais influenciadores digitais de 2019?”, realizado pela plataforma de pesquisas MindMiners , um dos motivos para que as marcas contem com influenciadores e celebridades digitais em suas estratégias de marketing é a busca por novas formas de “quebrar o bloqueio de confiança em peças publicitárias”.
(Crédito: Antonio Diaz/iStock)
O levantamento – realizado em 2019 com mil pessoas de todas as classes sociais, das cinco regiões do Brasil, no aplicativo de opinião MeSeems, de propriedade da MindMiners – aponta que 41% dos respondentes já compraram algum produto ou serviço recomendado por algum influenciador digital.
A pesquisa ainda revela que o público acima de 25 anos está mais sujeito a comprar produtos do que os mais jovens, visto que 44% da faixa etária de 25 a 40 anos afirmaram já ter comprado um produto recomendado por um produtor de conteúdo digital, contra 39% dos jovens de 16 a 24 anos.
Outro estudo da mesma empresa, voltado para o público maduro (50+), analisa que essa faixa etária também está aberta a indicações de compras por meio dos influencers: 71% dos entrevistados dessa faixa etária disseram ter descoberto algum produto ou serviço por recomendação de um influenciador digital, sendo que 48% dessa faixa, comprou algum produto de higiene e beleza baseado em indicações de personalidades da internet.
Segundo a pesquisa, os e-commerces têm potencial para investir em parcerias com os influencers, pois 52% das pessoas que compram por recomendação deles, optam por lojas online (como Amazon e Submarino) e 45% por sites da marca que eles indicam. Por ser uma ferramenta de vendas B2C, 22% dos entrevistados dizem que já compraram algum produto por meio do Instagram. Apesar da base dos influenciadores digitais ser a internet, o estudo mostra que 51% das pessoas que compram com base na recomendação dos criadores de conteúdo online, fazem isso em lojas físicas.
Dentre as categorias de produtos e serviços que as pessoas mais compram seguindo indicações dessas personalidades da internet, estão Cosméticos (51%), Maquiagem (46%), Livros (41%) e Roupas (38%).
Para Lucas Mathias, responsável pelo estudo, um dos dados mais importantes aponta para a confiança das pessoas nos influenciadores. “Na pesquisa a gente questionou ‘se você comprasse um produto e ele não fosse bom, você ainda confiaria nas recomendações do influenciador?’, e nossa surpresa foi que 54% das pessoas continuaria confiando nele, na pesquisa de 2018 esse número era de 34%. Então, na era de fake news e muitas informações para compra, a opinião dos influenciadores digitais vem se tornando um dos principais caminhos para marcas encontrarem seus consumidores”, reforça.
Apesar do estudo revelar que 20% dos entrevistados afirmam se sentir incomodados quando uma personalidade da internet faz um publicação patrocinada ou um #publipost, a confiança nessas mesmas personalidades vem crescendo com o passar dos anos. Segundo o levantamento, em 2018, 32% concordavam/concordavam totalmente com a frase “Eu confio na opinião de influenciadores sobre produtos e marcas”, sendo que esse percentual sobe para 46% em 2019.
Ainda segundo a pesquisa, as marcas mais mencionadas e indicadas por criadores de conteúdo digital em 2019 são: Ruby Rose e Salon Line, da categoria de beleza e cosméticos; Adidas e Nike, da categoria de esporte; e Samsung, da categoria de eletrônicos.
Dinâmica das redes
Atualmente, de acordo com o estudo, 56% das pessoas preferem o YouTube como rede social para acompanhar um influenciador, 46% preferem o Instagram, 23% o Facebook e 10% o Twitter. Quando o levantamento compara diferentes faixas etárias, o Facebook aparece como o mais forte entre o público de 25 anos ou mais. Já entre os mais jovens (16 a 24 anos), a rede social que mais vem crescendo é o Twitter. Em 2018, somente 4% dessa faixa de idade considerava a plataforma como a sua preferida e, em 2019, esse percentual chegou a 16%, alta de 12%.
Muitos jovens que responderam à pesquisa disseram que gostam do Twitter porque a rede permite maior interação no dia a dia com os influenciadores, na qual as pessoas mostram a realidade de suas vidas, além de ser uma plataforma que possibilita a leitura de conteúdos de forma atualizada e ágil. Já quando as análises comparativas da pesquisa são feitas por classes sociais, o estudo revela que a classe AB prefere ver conteúdos de criadores pelo YouTube, enquanto a classe CDE, prefere fazê-lo pelo Instagram.
No final de julho deste ano, a HopperHQ, empresa de agendamento de posts no Instagram, divulgou um ranking com as celebridades/influenciadores que mais faturam na rede social. A blogueira mineira de moda, Camila Coelho, foi a quarta colocada entre os brasileiros da lista, faturando cerca de R$ 111 mil por publicação, ficando apenas atrás de Neymar, Ronaldinho Gaúcho e Caio Castro. No ranking mundial, a blogueira apareceu na 66ª posição.
Em entrevista ao portal Pequenas Empresas e Grandes Negócios, Camila comentou que ainda que ela tenha um canal de sucesso no YouTube, o Instagram representa 40% e 50% de seus negócios, no qual um único post para uma marca chega a R$ 25 mil, sendo que hoje ela só faz parte de uma campanha se o projeto incluir ao menos seis postagens.
Era dos Stories
De acordo com a pesquisa da MindMiners, os formatos de conteúdo preferidos das pessoas em 2019, são: Dicas (48%), Stories (47%) e Tutoriais (44%). Já os formatos que não se deram tão bem esse ano são: Vlogs do dia a dia e Vlogs de viagem, que tiveram variações de queda maior que 20% entre 2018 e 2019. Outro dado interessante é que Texto cresceu 25% no último ano. Já quando comparamos entre idades, para 42% do público de 16 a 24 anos, os gameplays são os principais formatos, contra 22% dos 25 a 40 anos.
O estudo da ainda revela que 49% dos entrevistados gostariam de se tornar um influenciador digital, abordando principalmente assuntos de entretenimento, dia a dia, games, comédia e família. E não é para menos, afinal, de acordo com levantamento realizado pela MediaKix, agência de marketing de influência, em 2020, o gasto previsto com anúncios em criadores de conteúdo digitais deve girar em torno de US$ 5 e US$ 10 bilhões. Esse dado reafirma que cada vez mais as marcas têm que se unir a esses influenciadores, pois cada vez mais, os consumidores estão considerando a opinião deles no momento de decisão da compra.
*Crédito da imagem no topo: Urbazon/iStock