As estratégias da Meta para se aproximar das agências
Com o evento Agency Summit, empresa convidou agências para discutirem sobre talento, motivação, modelo de negócios e criação
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Giovana Oréfice
2 de dezembro de 2021 - 17h08
Na terça-feira, 30, aconteceu o Agency Summit, evento da Meta que tem como público-alvo as agências de publicidade do Brasil. Debater inspirações, novidades e tendências do mercado, aliados às oportunidades presentes nas plataformas da empresa, é um dos caminhos para que a big tech tente estreitar relações com o mercado. O evento aconteceu em formato de festival online on demand e foi sustentado em três temas principais: talento e motivação, modelo de negócios e criadores. A proposta foi levar o público a reimaginar o futuro com base nesses temas.
Segundo Laura Chiavone, diretora de agências da Meta no Brasil, os talentos representam a cadeia daqueles que pensam e geram a comunicação, enquanto os novos modelos de negócios se relacionam com as novas empresas e agências que trazem novidades, refrescando a indústria, e fazendo com que ela evolua. Já os creators, representam uma explosão de possibilidades para a união entre marcas e plataformas. “Eles acabam sendo provocadores, parceiros, trazendo usos das plataformas que nos provocam a melhorar, em como fazem conteúdo, engajam audiências e como se relacionam com marcas”, comenta Laura. O formato gratuito do evento foi pensado, segundo a diretora, para abarcar pessoas diversas, tanto em termos de background quanto de níveis hierárquicos.
O festival contou com nomes como Felipe Silva, da agência Gana; Dilma Campos, fundadora da Outra Praia; Carla Julião, gerente de RH da Mirum & i-Cherry; e a criativa Domenica Dias, além de colaboradores da Meta de diversas áreas, desde vendas até marketing insights e AR e VR . “Fizemos questão de fazer um evento aberto, que desse mais acesso e que pudesse compartilhar as coisas que passamos”, explica a diretora, dizendo que a curadoria buscou apresentar pessoas inspiradoras e que fazem a diferença na indústria, além de profissionais que colocam as agências como parceiro importante da Meta.
“Vejo uma oportunidade enorme de seguir essa parceria aumentando ainda mais o uso da criatividade com as tecnologias que vamos trazer”, diz Laura, sobre a relação de proximidade com as agências. Sendo um dos atores participantes da construção do metaverso, a Meta já vê anunciantes e agências adotando elementos que a plataforma oferece para compor o novo mundo virtual, como filtros no Instagram, QR codes e realidade aumentada. Ela diz que a empresa proporciona uma gama de soluções pensando no funil inteiro da experiência do consumidor com as marcas, indo desde o conhecimento de novas marcas — através do que a companhia chama de discovery commerce — até a evolução tecnológica dos algoritmos que entregam personalização, algo benéfico para o consumidor e agências.
Como está o outro lado?
Palestrante do palco Talento e Motivação, Dilma Campos fundou a Outra Praia em 2013, agência focada em live marketing, da qual é CEO, para ter voz no mercado. “Quando eu abri a Outra Praia, não tinham outras mulheres pretas no setor da comunicação sendo CEO de negócios, liderando. Obviamente, em todo lugar que eu ia fazer prospecção, todos ficavam olhando para mim e se perguntando quem eu era”, relembra. Esse foi o ponto levantado por ela durante discurso no Agency Summit. “Eu tenho uma filha pequena e não quero que ela passe por isso no futuro, eu preciso fazer minha parte”, diz Dilma.
A CEO celebra o convite da Meta para falar sobre mulheres pretas em cargos de liderança, uma vez que a escada de sucesso para esse grupo é ultrapassada por outros mais privilegiados na sociedade, sobretudo nas corporações. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE), somente 3% de mulheres e homens negros chegam a postos de diretoria ou gerência no Brasil. Ela ressalta que a ascensão de mulheres pretas à alta hierarquia é muito significativa e diferente, uma vez que, quando promovidas, sempre é esperado que elas errem.
Quando indagada sobre a diversidade e inclusão na indústria da comunicação, Dilma aponta que o mercado está, de fato, enfrentando um posicionamento em que estão todos tentando se encontrar, inclusive as agências. “É um momento de muito aprendizado, gosto de considerar assim. Porque do mesmo jeito que eu aprendo, eu sinto que também as pessoas aprenderão”, aponta. “O mercado fala que tem diversidade e inclusão, mas não estamos olhando que os ambientes para serem criativos, precisam ter a liberdade de errar, ouvir o outro e deixá-lo falar”, completa, reforçando a importância da co-criação para gerar resultados diferentes. A fundadora da Outra Praia finalizou apontando que a representatividade só será atingida, pelo menos em sua totalidade, quando as lideranças diversas chegarem não só em agências, mas nos clientes.
*Crédito da imagem do topo: is.a.bella/shutterstock
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