Atletiba faz história e fortalece tendência
De acordo com analistas, partidas com transmissão via web como a do clássico paranaense, que ocorreu nesta quarta-feira, 1º, serão cada vez mais frequentes
De acordo com analistas, partidas com transmissão via web como a do clássico paranaense, que ocorreu nesta quarta-feira, 1º, serão cada vez mais frequentes
Luiz Gustavo Pacete
2 de março de 2017 - 7h19
Os clubes Atlético Paranaense e Coritiba fizeram uma partida histórica na noite desta quarta-feira, 1º. O clássico conhecido popularmente como Atletiba foi transmitido via Facebook e YouTube onze dias após a Federação Paranaense de Futebol (FPF) ter impedido a primeira tentativa de realização do jogo alegando que as empresas contratadas pelos clubes para transmitir a partida não fizeram credenciamento de imprensa com quarenta e oito horas de antecedência. O vencedor do clássico foi o Atlético Paranaense por 2 a 0. Somadas as audiências nos canais dos dois clubes, os vídeos chegaram a 3,6 milhões de visualizações, até a manhã desta quinta-feira, 2. Na transmissão foi veiculado um comercial da empresa de telecom Copel e da Panasonic e foram veiculados os logos dos patrocinadores do Atlético Paranaense Umbro, Caixa e Net.
Anteriormente, os dois clubes haviam recusado propostas da Globo para transmitir suas partidas e decidiram pela exibição independente do clássico. No dia 19 de fevereiro, data que estava marcada a primeira partida, a Globo chegou a emitir uma nota afirmando que não tinha nada a ver com o cancelamento do jogo. “Entendemos que cabe aos clubes dispor livremente dos direitos nos jogos em que se enfrentam e estávamos cientes inclusive da transmissão via Internet”, disse a emissora, em nota.
Ao Meio & Mensagem, Anderson Gurgel, autor do livro Futebol S/A e professor dos cursos de jornalismo esportivo do Mackenzie, analisa o caso como uma tendência que ainda será alvo de muitas discussões. “O fato de os clubes usarem internet e redes sociais é tendência de outras áreas de conteúdo e começa a chegar com força no futebol”, diz Gurgel, ressaltando que a primeira tentativa dos clubes foi boa, mas esbarrou em argumentações técnicas. “A alegação da ausência de credenciais foi um argumento técnico que pegou os clubes despreparados”, afirma.
De acordo com Gurgel, a iniciativa dos clubes do Paraná é a resposta de equipes que não estão satisfeitas com a forma como as negociações se estabeleceram atualmente e encontraram uma brecha a ser explorada. “O que está em jogo é um embate entre poder instituído e que não está restrito a esse ou outro campeonato local, mas envolve Copa do Mundo, Olimpíadas e outros grandes eventos. Não envolve somente a Globo, mas grandes emissoras também fora do Brasil. É um poder que tenta retardar esse processo que, no longo prazo, ou melhor, no médio prazo vai mudar”, diz Gurgel.
Para o consultor esportivo Amir Sommogi, a transmissão via internet é algo interessante para clubes não interessados no atual modelo e já é realidade em outras modalidades esportivas. “A NBA por exemplo, dobrou seu ganho com as transmissões explorando essa tecnologia, através do League Pass. Como no Brasil ainda é muito desregulado em termos de futebol, não temos uma liga ou mesmo uma associação de times que lidere essa mudança”, observa Sommogi.
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