Beleza Fatal: o nome por detrás da novela
Raphael Montes, autor do título, é escritor e roteirista de outras produções como Bom Dia, Verônica, A Menina Que Matou os Pais: A Confissão, o longa A Família Feliz e a futura série Dias Perfeitos
Raphael Montes, autor do título, é escritor e roteirista de outras produções como Bom Dia, Verônica, A Menina Que Matou os Pais: A Confissão, o longa A Família Feliz e a futura série Dias Perfeitos
Sergio Damasceno Silva
17 de abril de 2025 - 15h48
Raphael Montes, roteirista e escritor, tem deixado atrás de si um rastro de produções tanto no mercado editorial quanto no audiovisual. Montes está envolvido em produções como Beleza Fatal, Bom Dia, Verônica, A Família Feliz, e a futura série Dias Perfeitos (Crédito: Divulgação)
Grave este nome: Raphael Montes. Roteirista e escritor, tem, atrás de si, um rastro de produções tanto no mercado editorial quanto no audiovisual. Montes está em produções como Beleza Fatal, Bom Dia, Verônica, O Menino que Matou Meus Pais e A Menina Que Matou os Pais, A Menina Que Matou os Pais: A Confissão, o longa A Família Feliz, e a futura série Dias Perfeitos.
Como autor de livros, a carreira é tão bem-sucedida quanto na TV e streaming: são oito livros publicados, entre os quais Suicidas, Dias Perfeitos, O Vilarejo, Uma Mulher no Escuro, Bom Dia, Verônica (que virou série da Netflix) e Uma Família Feliz (que virou filme).
Ainda, foi o autor de maior vendagem da Companhia das Letras em 2024 e a estimativa é que, até janeiro do ano passado, seus livros haviam vendido mais de 1 milhão de cópias.
Montes concedeu entrevista para a edição especial de 47 anos de aniversário de Meio & Mensagem. Inclusive, o aniversário de M&M é exatamente nesta quinta-feira, 17.
A entrevista na íntegra é exclusiva para assinantes, que podem ler a versão digital aqui. A seguir, trechos da conversa com o autor e roteirista.
Meio & Mensagem – Beleza Fatal tem feito carreira bem-sucedida na Max como a primeira novela do streaming, com 40 episódios, o que a diferencia entre as séries, que costumam ser mais curtas e a aproxima das novelas a que o brasileiro se acostumou. Num momento em que as gerações atuais valorizam vídeos curtos e têm preguiça até mesmo de ver jogos de futebol porque os considera longos, a que você atribui esse sucesso numa plataforma que é caracterizada por produções mais curtas e rápidas?
Raphael Montes – As diferentes gerações estão atrás de coisas diferentes, mas culminou com o momento em que esse formato teve sucesso. Todo mundo, independentemente de qualquer dado, gosta de uma boa história. Pode fazer 180 capítulos que as pessoas vão lá assistir. Quando fui fazer Beleza Fatal, a ideia era fazer uma novela. Realmente, acho que é uma novela porque o que caracteriza uma novela não é a quantidade de capítulos, e sim a estrutura dramática.
Portanto, novela tem que ser uma refeição completa, tem suspense, romance, drama, segredo de família, comédia. Tem um momento para se emocionar, tem hora para ficar com raiva, tensão, para rir, tem vários núcleos para que se possa transitar. Nesse sentido, Beleza Fatal é uma novela.
Quando fui escrever, queria fazer uma novela com elementos muito clássicos.
Mas, ao mesmo tempo, como estava no streaming, não precisava ter a reiteração, que é algo muito comum na novela da TV aberta. Podia começar os personagens com arquétipos, a mãe guerreira, a vilã carismática, a mocinha vingativa e, ao longo da história, transformar os arquétipos, que é algo mais próprio de série.
Assim, o que explica o sucesso de Beleza Fatal é essa união do clássico com o contemporâneo, com o fato de que venho das séries. Essa ideia de que um produto do streaming pode furar a bolha é o que me parece mais interessante. Recebi dados de que grande parte era formada pelo público jovem, que viram pela primeira vez uma novela. Beleza Fatal foi a primeira novela de muita gente.
M&M – Suas obras têm sido distribuídas por diferentes plataformas de streaming – Netflix, Prime Video, Max, Globoplay. Ou seja, não há relação de exclusividade. Como são feitas as negociações e como é a decisão de optar por um ou outro player?
Montes – Peguei um momento muito feliz da televisão quando entrei na TV Globo como roteirista júnior. Fiz uma série de terror chamada Supermax. Depois, escrevi uma novela, A Regra do Jogo, do João Emanuel Carneiro, mas nessa, realmente, não estou nos créditos. Fui o colaborador fantasma da novela.
Todo mundo, dessa forma, estava na TV Globo, todos os autores, atores, diretores. Desde cedo, queria muito contar minhas histórias e al tinha toda a estrutura, hierarquia a ser respeitada, e eu demoraria muito para conseguir contar minhas histórias.
Em retrospecto, eu estava lá quando a Netflix chegou no Brasil precisando de novos autores, de novas vozes. Porque todas as vozes famosas já estavam na TV Globo.
Assim, saí da Globo para ser autor da minha série da Netflix. A maioria das pessoas me dizia que eu era louco, que a Globo era uma mãe, que eu ia ficar lá para sempre porque essa era a lógica daquela época.
Me antecipei ao movimento que veio depois e, quando ninguém saia, fui para a Netflix, que me deu esse lugar de não ser apenas o autor, mas ser a imagem por detrás do projeto. Na Netflix, não somente escrevi como ajudei a escolher o elenco, participei das filmagens, ajudei a fechar os episódios e ganhei uma experiência que pouca gente do mercado até então tinha a oportunidade de ter.
De fato, somente os autores de novela faziam isso, de escolher o elenco etc., nessa lógica em que existe um tripé muito forte do autor com o diretor e o canal. Venho de uma cultura em que se acostuma a receber notas do executivo, que é uma coisa que, para alguns, é impensável.
Portanto, para mim, é natural porque aprendi a fazer assim desde a primeira temporada de Bom Dia, Verônica. Sei trabalhar com dados de audiência que é algo que você aprende no streaming.
Ali, fui entendendo qual era o meu caminho, a delícia de poder contar a história do meu jeito com um parceiro que também topa contar desse jeito. A ideia de ser contratado de um lugar e ficar anos naquele lugar talvez seja mais confortável para quem não tem muita ideia. Para quem tem muita ideia, é um pouquinho inquieto e quer sempre experimentar coisas novas, talvez seja mais interessante esse caminho, que é o novo porque o novo mercado de ser.
M&M – No mês passado, estreou o remake de Vale Tudo, da TV Globo, em que um dos maiores ganchos foi a pergunta: “Quem matou Odete Roitman?”. Ou seja, um núcleo do gênero policial que mobilizou telespectadores-investigadores em todo o País. Você gosta de novelas? Seria um novelista para tramas longas como as da Globo?
Pontes – Adoro novelas, via as novelas do Manoel Carlos, do Lauro César Muniz. Mas os autores com quem mais me identificava eram Gilberto Braga, Silvio de Abreu, Aguinaldo Silva. Mais recentemente, João Emanuel Carneiro. São todos autores de novelas policiais, de crime. No caso do Gilberto, teve quem matou o Lineu, do Silvio, A Próxima Vítima, quem assassinou a Bia Falcão. Brasileiro tem muito isso, né?
Temos muito orgulho das nossas novelas, mas também, às vezes, desprezamos as nossas coisas. A novela, realmente, deveria voltar a ocupar o lugar que merece. É um produto tipicamente brasileiro que fazemos muito bem, que chega ao Brasil todo, atinge todas as classes, muda a maneira das pessoas pensarem e enxergarem a sociedade.
Dessa forma, sem dúvida, teria muito prazer em fazer uma novela para a TV aberta, para um público amplo, tendo uma coisa que ainda não tive que é o retorno da audiência enquanto escrevo, que deve ser algo diferente. Sou meio movido a desafios.
M&M – O gênero true crime, tanto fictício quanto de programas de fatos reais, continua a ser um dos mais fortes na oferta de títulos de streamings. Por que o público é tão afeito a crimes?
Pontes – O ser humano tem interesse em entender a mente humana. Essa é a minha visão como autor e é isso que aparece em todo o meu trabalho. Somos todos potencialmente bons e maus. Há um interesse de entender como alguém chega a cometer um crime.
É muito fácil dizer que a Suzane von Richthofen (personagem principal da trilogia O Menino que Matou Meus Pais e A Menina Que Matou os Pais, A Menina Que Matou os Pais: A Confissão, de autoria de Pontes, disponível no Prime Video) era um monstro. O perturbador é que ela não era um monstro, era um ser humano mais próximo de todos nós do que somos capazes de imaginar ou queremos aceitar.
Portanto, o interesse em true crime vem de tentar entender a mente. Esse é o meu interesse em escrever histórias de crime. Brinco que decepciono meus leitores porque não sou uma pessoa macabra. Ao contrário, sou muito de bem com a vida.
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