CEO do Porta dos Fundos: “Entretenimento será outro”
Christian Rôças diz como a produtora readaptou sua rotina e analisa que a pandemia demandará reavaliação da produção
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Bárbara Sacchitiello
14 de abril de 2020 - 6h00
Fazer humor em um contexto em que as notícias e o contexto mundial estão longe de motivar qualquer risada é algo desafiador. Desde meados de março, o Porta dos Fundos, no entanto, vem procurando maneiras de fazer com que as pessoas, ao menos por alguns instantes, esqueçam um pouco do árduo cenário externo com suas esquetes, lives e vídeos de humor.
Assim como a maior parte dos veículos e produtores de conteúdo multiplataforma, o Porta dos Fundos também teve de reorganizar a rotina para cumprir as atuais medidas de isolamento social. Roteiristas, editores, atores e todos os 70 profissionais que compõem a equipe da produtora passaram a trabalhar de casa, adaptando a produção às necessidades do momento. “Quando fomos para casa, passamos a pensar de que maneira poderíamos ajudar as pessoas nesse período, tanto em termos de conscientização sobre a importância de ficar em casa como também fornecendo um conteúdo que possa aliviar esse momento tenso”, conta Christian Rôças, CEO do Porta dos Fundos.
onhecido no mercado como Crocas, o profissional assumiu a liderança do grupo humorístico em dezembro de 2019 após anos de trabalho no Facebook, Instagram e também na conexão entre artistas e o mercado publicitário. Nesta entrevista, Crocas revela como o Porta dos Fundos (que, em 2017, passou a fazer parte do portfólio da Viacom) alterou a rotina e a grade de programação para acompanhar a quarentena das pessoas e analisa como o novo coronavírus deve impactar a indústria global de entretenimento.
Meio & Mensagem: De que forma o Porta dos Fundos reorganizou sua rotina de trabalho e adaptou sua produção de conteúdo ao home office?
Crocas: Estamos há um mês em office. No dia anterior à declaração da pandemia, já decidimos adotar o novo esquema de trabalho, tentando planejar como faríamos nas próximas duas semanas, projetando sempre esse espaço de tempo. Fizemos uma parceria com o YouTube, que nos forneceu home studios para nossos 13 talentos. Eles entregaram luzes especiais, microfone, câmera, tripé, suporte, toda a estrutura. Ao mesmo tempo, os roteiristas começaram a planejar novos roteiros adequados a esse momento. Todo o trabalho de pré-produção também mudou, assim como o processo de direção. Os diretores tiveram de ser mais flexíveis e se adaptar a esse trabalho à distância. O que aconteceu de bom nesse período é que estamos podendo testar vários formatos que, eventualmente, não testaríamos em períodos normais.
M&M: Qual é o papel que um veículo de humor pode ter um período como o atual?
Crocas: Assim que fomos para casa, fiquei pensando em como reforçar o papel do Porta dos Fundos como um produtor de entretenimento. As informações jornalísticas, em geral, são pesadas e sóbrias, porque assim tem de ser. Então, pensamos, primeiramente, em como ajudar as pessoas a compreenderem a seriedade desse período. Levamos a toda a nossa produção o mantra de que é necessário ajudar as pessoas a ficarem em casa e criamos uma programação especial de quarentena, com a publicação de lives e vídeos nas redes sociais, sobretudo em nossos canais no Instagram e YouTube. Apesar de nosso papel ser o de fazer rir, ele precisa ser sério neste momento. Jamais fazemos piada com a doença, mas procuramos enxergar as situações cômicas e absurdas que ela acaba trazendo para as pessoas. A primeira atitude que tomamos foi mudar nosso logo, pela primeira vez na história, procurando trazer leveza e informação nesse momento. O público tem sido generoso e vem notando nossa intenção de fazer um trabalho direcionado aos fãs, de acordo com a nossa irreverência e estilo.
M&M; As medidas de isolamento social também impactaram algumas produções do Porta dos Fundos, assim como as de outros veículos e produtoras de todo o mundo. Que impactos acredita que essa pandemia causará na indústria de entretenimento?
Crocas: A palavra do momento é adaptação – e espero que ela prevaleça, mesmo depois de esse momento complicado passar. Venho procurando ler e estudar muito sobre a greve dos roteiristas, que atingiu os Estados Unidos em 2007 e 2008, e vejo como o mercado de entretenimento foi obrigado a passar por transformações, naquela época. Acredito que a pandemia, agora, traz um novo capítulo para a indústria do entretenimento, mas com um impacto muito maior. A indústria será outra depois desse advento que estamos passando. O que estamos procurando fazer, como personagem dessa indústria, é encontrar formas de mantê-la viva, forte e resiliente dentro desse processo, olhando adiante e entendendo como podemos nos adaptar. E esse novo aprendizado envolve todas as áreas: criação, administração, setor financeiro, produção, roteiro. Todos terão de revisitar as resistências e abrir o coração para o novo.
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