Cinemas drive-in ressurgem como opção de entretenimento
Modelo que se popularizou há décadas passadas aparece como opção para marcas e empresas atraírem público em tempos de distanciamento social
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Karina Balan Julio
24 de junho de 2020 - 6h00
Os nostálgicos cinemas drive-in, que se popularizaram nas décadas de 1950 e 1960 nos Estados Unidos e perduraram no Brasil até os anos 1970, estão voltando a ganhar espaço como opção de entretenimento em tempos de distanciamento social. Uma das poucas atividades externas liberadas pelas autoridades até então, esses cinemas estão na mira de redes exibidoras e empresas de entretenimento. Marcas e agências, por sua vez, têm nesses espaços uma possibilidade de fazer ativações de marca, inserções de mídia e eventos.
Em São Paulo, há pelo menos três cinemas drive-in em funcionamento desde o início de junho. Nesses espaços a céu aberto, não há contato próximo de equipes do cinema com os espectadores e é respeitado o distanciamento mínimo de 1,5 m entre carros. Para garantir qualidade de som, em muitos casos o áudio dos filmes é transmitido dentro dos próprios veículos por meio de estações de rádio específicas.
O tradicional cinema de rua Petra Belas Artes firmou uma parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo para transformar o Memorial da América Latina, que normalmente hospeda shows e feiras, em um cinema drive-in. Em 2016, o Belas Artes já havia lançado, junto ao empresário Facundo Guerra, uma “sala drive in” inspirada nos cinemas a céu aberto. Com a pandemia, o cinema viu no drive-in “de verdade” uma chance de alavancar receitas enquanto as salas de rua seguem fechadas. “Fechamos o cinema em março e todo mundo achava que a questão da pandemia se resolveria em mais ou menos um mês. Quando chegamos ao final de abril, me vi com uma equipe fixa de 50 pessoas sem poder trabalhar no cinema e sem perspectiva de receitas. Daí surgiu a ideia do drive-in para enfrentar a situação”, conta o empresário André Sturm, que comanda o Belas Artes e já foi secretário da cultura de São Paulo.Outro grupo de empresários, à frente do complexo de eventos Estaiada, na capital paulista, também inaugurou neste mês o cinema Arena Estaiada Drive-In, com capacidade para cem carros e vista para a emblemática Ponte Estaiada. O projeto é comandado pelos sócios Bob Dannerberg, Fernando Ximenes e Thiago Armentano, com participação da produtora de experiências audiovisuais Visualfarm. “Nossos espaços de eventos ficaram inviabilizados por conta da pandemia e, observando o movimento de retomadas nos Estados Unidos e na Europa, vimos que os drive-ins podem ser utilizados não só para cinema, mas para eventos em geral”, analisa Bob Dannerberg.
O grupo inaugurou um primeiro evento proprietário, o Cine Stella, com patrocínio da Stella Artois, com sessões de filmes clássicos e contemporâneos, cujas vendas de ingressos destinam 5% do valor arrecadado à ong Fome de Música.
Além dessas iniciativas, São Paulo contará com o Cinema Drive-in Patties, com patrocínio de marcas como Havaianas, Webmotors e Heinz, além de apoio da Coca-Cola, Prudence e Heineken.
Outras regiões do Brasil também começam a receber iniciativas parecidas. Em Minas Gerais, a rede exibidora Cineart, que conta com 70 salas no estado e 70 anos de história, criou o Cinear Drive-in para atender cinéfilos órfãos das telonas. A iniciativa já existia como um projeto de cinema a céu aberto e, quando houve fechamento das salas de cinema, a exibidora decidiu tocá-lo adiante. O cinema está funcionando em dois endereços na cidade de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. “É um renascimento com uma proposta muito nostálgica e, além disso, muita gente tem curiosidade de saber como é um cinema drive-in. Dificilmente será um programa que substituirá a ida ao cinema normal, mas é alternativa interessante para se ter esporadicamente”, analisa Thaís Henriques, diretora da rede Cineart.
Em Brasília, um grupo de quatro sócios criou o Festival Drive-in, um espaço no aeroporto da capital que sediará, até agosto, não apenas sessões de cinema, mas shows com grupos musicais locais, orquestra e comediantes stand-up. “Pensamos em programação de teatro, música e lives para trazer entretenimento para todas as idades e em diferentes formatos”, diz Nina Rocha, uma das organizadoras do festival. O foco é também valorizar a cultura local. “Estamos procurando bandas e espetáculos teatrais que fazem sucesso por aqui”, complementa.
A íntegra desta reportagem está publicada na edição semanal de Meio & Mensagem, que pode ser acessada gratuitamente pela plataforma Acervo, onde também está disponível a consulta a todas as edições anteriores que circularam nos 42 anos de história da publicação. Também está aberto a todo o público, gratuitamente, o acesso à versão digital das edições semanais de Meio & Mensagem, no aplicativo para tablets, disponível nos aparelhos com sistema iOS e Android.
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