Clubes buscam novas formas de monetizar conteúdo
Grupo Globo, em parceria com os principais times brasileiros, estuda projetos de streaming
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Luiz Gustavo Pacete
5 de junho de 2017 - 9h45
No mês passado, em teleconferência com os investidores do Manchester, Ed Woodward, chairman do clube inglês, reforçou o projeto de comercialização de espaço publicitário em sua plataforma de conteúdo, a MUTV. Criado no início deste ano, o serviço de streaming nasceu com o objetivo de ser o “Netflix” do Manchester. Para conduzir o núcleo, foram contratados executivos do Yahoo e da Sony Pictures.
O movimento de monetizar conteúdo, inclusive com publicidade, já é visto com importância pelos principais grupos europeus e é algo forte em outras modalidades como basquete e surfe. Em parceria com o Grupo Turner, a NBA criou, na temporada 2011/2012, o NBA League Pass, plataforma de transmissão de partidas para o público também fora dos Estados Unidos. Outro exemplo vem do surfe. Em março, a Liga Mundial de Surfe (WSL, na sigla em inglês) fechou uma parceria com o Facebook para a transmissão das 12 etapas, além de veicular o conteúdo em suas plataformas próprias.
No Brasil, o Santos prepara um projeto de plataforma de streaming. A previsão de Fábio de Souza Cappellini, coordenador da Santos TV, é de que a Santos Play seja lançada no segundo semestre. “Entendemos a forma de distribuir conteúdo via internet e entramos na fase de gerar receita, inclusive com publicidade”, diz Cappellini. Quinzenalmente, o clube já produz, em suas partidas pelo Campeonato Brasileiro, o pré-jogo, formato que mostra os bastidores ao vivo feito por uma equipe própria 30 minutos antes dos duelos.
“Há um movimento de apropriação de conteúdo por parte das agremiações e as redes sociais representam o meio para que os clubes, confederações e federações trabalhem o engajamento do torcedor e monetizem parte do conteúdo”, diz Fabio Eitelberg, diretor da EverStream, empresa responsável pelo pré-jogo do Santos e que também produz conteúdo para Palmeiras e Flamengo. “Não é questão de romper com as emissoras nem competir, nossa visão é complementar, os clubes dependem dos direitos de transmissão”, pondera Cappellini.
Em março, o Atlético Paranaense anunciou a criação do Cap Play, plataforma de conteúdo próprio que ainda esbarra em dificuldades de definição de formatos, já que para que as partidas sejam transmitidas, elas dependem dos times adversários que mantêm acordos distintos com os canais de TV. O anúncio ocorreu em meio às repercussões da transmissão do Atletiba, clássico entre Coritiba e Atlético-PR, pelo YouTube e Facebook. A primeira partida foi realizada em 1º de março e teve 1,6 milhão de visualizações reunindo a audiência de Facebook e YouTube. Já a final, realizada em 30 de abril, chegou a 1,1 milhão de visualizações nas duas plataformas.
Bianca Maksud, diretora de marketing de esportes do Grupo Globo, conta que a empresa já desenvolve parceria com alguns clubes para veiculação de conteúdo. “Estamos conversando com dezenas de outros clubes a parceria de conteúdo em plataformas próprias de streaming. Isso caminha de forma acelerada e veremos muitos projetos neste sentido. Agora, não há problema nenhum que isso também ocorra em paralelo”, diz Bianca.
A chegada de novos concorrentes
A discussão sobre projetos independentes ocorre em um momento em que outros players começam a entrar no mercado esportivo. Em março, o Facebook assinou um contrato com a Major League Soccer (MSL), principal campeonato de futebol nos Estados Unidos e, em parceria com a Univision, está transmitindo algumas partidas da Liga Mexicana nos Estados Unidos.
No início de maio, o Twitter ampliou os acordos que já tinha com a NBA e NFL. “Com essas parcerias, permitimos que as pessoas participem da conversa ao mesmo tempo que assistem aos seus eventos e assuntos favoritos ao vivo em uma única tela, pelo Twitter. A transmissão de conteúdo ao vivo de qualidade gera conversação, conexão e interação no Twitter, proporcionando um ambiente para que marcas e anunciantes possam se relacionar com seu público-alvo”, diz Sergio Floris, diretor de entretenimento do Twitter para a América Latina.
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