Coleta de dados e reconhecimento facial na mira da Justiça
ViaQuatro é proibida de usar câmeras que captam reações e In Loco é investigada por obtenção de dados; casos ocorrem um mês após aprovação da Lei de Dados
Coleta de dados e reconhecimento facial na mira da Justiça
BuscarColeta de dados e reconhecimento facial na mira da Justiça
BuscarViaQuatro é proibida de usar câmeras que captam reações e In Loco é investigada por obtenção de dados; casos ocorrem um mês após aprovação da Lei de Dados
Luiz Gustavo Pacete
17 de setembro de 2018 - 10h45
A Justiça de São Paulo obrigou, na sexta-feira, 14, a ViaQuatro, empresa responsável pela gestão da linha 4 do Metro de São Paulo, a desativar os equipamentos de reconhecimento facial que a empresa utilizava como forma de monitorar a reação das pessoas a determinados tipos de publicidade. Caso a decisão seja descumprida, a multa diária será de R$ 50 mil.
As câmeras haviam sido instaladas em abril e reconheciam reações como felicidade e insatisfação. O responsável pela ação na Justiça foi o Idec, entidade de defesa ao consumidor que havia protocolado uma ação civil pública no final de agosto.“Os sensores são instalados nas portas de acesso ao trem, de modo que o usuário não tem direito de escolha: ou aceita a coleta dos seus dados, ou busca outro modo de se locomover na cidade, o que configura prática abusiva já que o transporte público se trata de um serviço essencial”, diz Rafael Zanatta, líder do programa de direitos digitais do Idec, em uma das notas relacionadas ao caso.
Em comunicado enviado ao Meio & Mensagem, a ViaQuatro alegou que desligou as câmeras e que vai provar a legalidade da utilização. “As portas digitais, que ficaram ativadas entre abril e agosto de 2018, não capturam e não tratam dados pessoais dos passageiros. A legalidade do sistema será comprovada em juízo. A concessionária reitera que até o momento não foi intimada para se manifestar judicialmente e sempre cumpriu rigorosamente todas as leis vigentes que dizem respeito ao tema”.
Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA (USP), defende a decisão da Justiça já que entende que o uso dessas informações sem o consentimento é grave. “É algo para se comemorar que a Justiça tenha tomado essa decisão, mas mostra o desafio da sociedade em lidar com cada vez maior concentração na coleta e uso de dados por parte de empresas”, afirma. Ele reforça que, com a GDPR, lei de dados da União Europeia e a recente Lei Geral de Dados aprovada no Senado a discussão em relação ao assunto ao menos será ampliada.O caso ocorre na mesma semana em que a Comissão de Proteção de Dados Pessoais do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instaurou um inquérito civil para investigar como a In Loco Media obteve dados de 60 milhões de celulares no Brasil. Em comunicado oficial, a In Loco diz que recebeu a notícia via imprensa antes de ser notificada oficialmente pelo órgão e reitera que trabalha conforme às leis sem violar a privacidade do usuário: “jamais acessamos dados de identificação pessoal”.
“A GDPR terá um efeito viral”
Lei Geral de Proteção de Dados
No dia 14 de agosto, o presidente Michel Temer sancionou a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais que estabelece diretrizes para a coleta, armazenamento e uso de dados de consumidores. As discussões em torno do tema ganharam força no Brasil em 2010 e desde então consultas públicas foram realizadas para chegar ao projeto hoje sancionado.
No Brasil, a LGPD será aplicada a operações que coletem dados pessoais dos consumidores, tanto online quanto off-line, e ainda aquelas que ofereçam bens ou serviços no território nacional. Entidades como a Associação Brasileira de Marketing de Dados (Abemd) participaram das consultas públicas que levaram à proposta sancionada.
Compartilhe
Veja também
Novo canal, Times | CNBC quer falar do “dono da pizzaria ao da fintech”
CEO do conselho de administração e líder do projeto, Douglas Tavolaro acredita que nova emissora, que estreia domingo, 17, pode ajudar a popularizar os assuntos de negócios
Supercopa Desimpedidos remodela formato para se aproximar do público
Com versão 100% ao vivo, NWB escolheu Mercado Livre Arena Pacaembu para receber torcida e equipes de transmissão