Como a Inteligência Artificial está se inserindo nos realities
Flávia Morete, diretora de conteúdo na Floresta, fala sobre as inovações que a tecnologia pode trazer para a programação
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Valeria Contado
17 de novembro de 2021 - 6h00
Os reality shows já são parte do dia a dia do brasileiro, tanto os mais populares, que de fato trazem o cotidiano dos participantes, como é o caso o Big Brother Brasil da Globo, ou A Fazenda da Record, até os programas de nichos voltados a culinária, namoro, negócios entre outros. Por esse motivo, as emissoras estão investindo em programações que constroem uma grade completa e variada de realitys.
Mas para que isso aconteça, o programa precisa ser bem embalado e entregue da melhor forma possível para o espectador. E parte importante disso passa pela pessoa que o conduz: o apresentador. Com a saída de Tiago Leifert, por exemplo, a Globo fez mudanças em sua grade para trazer um substituto que dê continuidade ao estilo de seu principal reality-show. Tadeu Schmidt, ex-apresentador do Fantástico, irá assumir o BBB a partir de 2022. No seu lugar, no Fantástico, entrará Maju Coutinho. O jornalista Alex Escobar assume os famosos cavalinhos do Fantástico.
No entanto, uma nova categoria de apresentação tem entrado na pauta das produtoras. O uso de inteligência artificial como porta-voz do reality já se tornou uma realidade, como é o caso de programas como o Brincando com Fogo, da Netflix, ou o do Gloob. Flávia Morete, diretora de conteúdo na Floresta, explica como IA está se inserindo nas grades de programação e entrando no radar das produtoras.
Meio & Mensagem– Reality-shows são um formato muito antigo na televisão. Por que eles ainda têm apelo?
Flávia Morete– O principal motivo pelo qual esse tipo de programa tem apelo e continuará tendo por muitos anos a seguir é o material humano. Se você compreende que a audiência se engaja naquilo que reflete a sua realidade, que gera uma identificação e é capaz de até mesmo provocar questionamentos, você já percorreu metade do caminho. Os formatos sempre vão se renovar, para se adequar aos modismos, ao contexto sociocultural. Escolher um para torcer a favor e outro para torcer contra se identificar com um dos participantes e se imaginar nas situações vividas, são esses os principais fatores que continuarão sustentando o sucesso dos realities por um bom tempo.
M&M – O que as pessoas buscam ao assistir? E qual o principal desafio para as produtoras?
Flávia – As pessoas estão cada vez mais interessadas em realities de empreendedorismo – o que mostra a ascensão de programas nessa linha. Nesse ponto, o desafio é saber como agregar entretenimento de qualidade a um conteúdo educativo, pois muitos telespectadores gostariam de ter uma orientação.
M&M –Nesse sentido, como vocês pensam os formatos comerciais?
Flávia– Até pouco tempo as ações eram realizadas somente em um determinado minuto do programa, hoje, com a marca e conteúdo integrados, conseguimos fazer um conteúdo repleto de entretenimento alinhado com os pilares das marcas. Nós mergulhamos nos pilares, necessidades e interesses da marca para criar um conteúdo alinhado com ela, mas que essencialmente seja um conteúdo interessante, entretenha e informe o público. Um exemplo é o programa “No Gás do Just Dance“, um talent show de dança que é totalmente alinhado com a essência da marca presente no programa.
M&M– Estamos vendo uma ascensão de realitys apresentados por sistemas de Inteligência Artificial, como o do Gloob e o Brincando com Fogo. Ao que você atribui isso?
Flávia –As produtoras estão sempre buscando, numa tentativa de atrair os olhares dos players e do próprio público, que se mostrou interessado nessa dinâmica. E tudo isso vai muito de encontro com o que estamos vivendo hoje, com tudo que temos ao nosso alcance, e, consequentemente, faz com que o espectador se conecte ainda mais com o conteúdo desses programas.
M&M – A figura do apresentador é importante para questões comerciais?
Flávia–Quando se tem um apresentador já conectado com o público de determinado programa ele pode potencializar o alcance de um produto. Mas existem outras formas criativas de inserção de marcas no conteúdo dos programas que podem atingir o mesmo alcance ou até mais do que quando se tem um apresentador. Um bom exemplo é o Tang no Tank, um especial que fizemos do formato Shark Tank para o Sony Channel, no qual a marca está super presente e totalmente integrada ao formato original do programa.
M&M – Como fica essa parte se não há apresentador?
Flávia –Existem diversas formas criativas e interessantes de colocar um produto ou uma marca de forma natural e orgânica dentro de um programa, seja por meio de um product placement ou de uma linha narrativa do programa, alinhada com os pilares da marca, entre outras. Quanto mais o conceito e o propósito da marca estiverem alinhados com conteúdo, casting e público do programa, mais leve e natural será a conexão do espectador com o tal produto.
M&M– As marcas estão mais participativas nas criações?
Flávia –Elas estão mais participativas. Fazemos reuniões de imersão, criação e alinhamos o propósito da marca ao seu desejo de estar em um programa, ao mesmo tempo elas também têm nos dados muito mais liberdade para criar em cima dos pilares e da mensagem que gostariam de passar. criar um conteúdo de qualidade que o público consome alinhado com a mensagem que a marca deseja passar. Conseguimos ao mesmo tempo agradar a marca, o player e principalmente levar um conteúdo de qualidade e interessante para o espectador.
M&M– Você acha que o fato de não ter um apresentador deixa o investimento mais barato para as marcas e serve como incentivo para elas?
Flávia–O fato de ter apresentador aumenta o investimento por questões de cachê e pelo valor agregado à marca que ele pode trazer. Mas dependendo de como a marca é inserida no conteúdo e na narrativa do programa, pode ficar tão orgânico que naturalmente o espectador se conecta com o produto ou com a mensagem que ela quer passar.
M&M – O apelo mudou nos últimos anos com o advento das redes sociais?
Flávia –As redes sociais alteraram completamente a forma de consumir conteúdos em geral. Elas oferecem uma experiência mais inclusiva, possibilitando que a audiência participe ativamente na construção dos programas, inclusive em tempo real. As redes também impactam relações de patrocínio, já que essa gigante plateia online sabe muito bem o que quer e quais são os seus valores.
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