Como os veículos incorporam o ESG em suas linhas editoriais?
Além da realização de eventos acerca do tema, veículos criam editorias e projetos especiais para reconhecer e debater a agenda ESG junto a marcas e audiências
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Giovana Oréfice
10 de outubro de 2024 - 12h00
A agenda ESG e seus inúmeros desdobramentos tomaram conta dos diálogos acerca da existência das empresas em relação ao planeta e à sociedade. A importância da pauta, somada ao interesse crescente da população sobre as questões ambientais, sociais e de governança tem revelado uma nova frente para os veículos brasileiros: eventos ligados ao ESG.
O Estadão conta com o Summit ESG, evento anual sobre o tema, que consolida e aprofunda o que foi discutido nas diferentes áreas do Estadão durante o ano. Embora esse assunto apareça em outros eventos editoriais do Estadão, a relevância e urgência motivou a criação de uma conferência exclusiva à agenda, explica Rodrigo Flores, diretor da publishing house do Estadão.
“A relevância do tema se impõe. Não é mais possível falar de empresas, serviços ou gestão pública sem considerar as questões sociais, ambientais e de governança envolvidas. O leitor do Estadão espera isso do veículo, que cumpre seu dever de informar e pautar o debate público”, explica Flores.
A última edição do Summit ESG, que aconteceu em setembro, contou com convidados como Carlos Nobre, cientista, climatologista, referência internacional em estudos sobre aquecimento global; Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (Abihv), Ian Nunjara, advogado, head de ESG na MSD e fundador do Instituto Black Office, entre outros.
Entre os assuntos abordados estiveram a preparação para a COP 30, que acontece em Belém, no Brasil, em novembro de 2025; economia circular, o futuro dos combustíveis etc.
Segundo o diretor, o cuidado com o conteúdo do Summit é o mesmo atribuído às reportagens, com a escolha criteriosa das fontes, temas alinhados ao propósito e valores da companhia. Toda a curadoria e desenho dos temas é feita pelas redações do Estadão e do Broadcast.
A Exame está na quarta edição do também intitulado Summit ESG, que acontece em junho, elencado pelo veículo com o Mês do ESG.
Questionada sobre o aumento de demanda por parte do público em comparecer a eventos do tipo, Renata Faber, diretora de ESG do veículo, vê uma variedade crescente, indo desde executivos a colaboradores que trabalham com o tema e buscam melhores práticas para até mesmo estudantes.
“Acreditamos que o tema deixou de ser macro, como o que é e os desafios, para se voltar para as soluções e para o micro, sobre o que de fato as empresas estão fazendo”, comenta Renata. Além de buscar os assuntos de maior interesse na editoria específica sobre ESG no portal, a Exame apura com empresas no Brasil e fora dele temas que ainda não sejam tão relevantes.
A conferência acontece de maneira online e pode ser acessada pelo site da Exame ou pelo YouTube. A head aponta que para além de alcançar uma audiência mais abrangente, o modelo permite enriquecer a programação com palestrantes de todas as partes do Brasil e até mesmo do mundo, algo que seria dificultado em um evento presencial.
Além disso, os patrocinadores das conferências entram como parceiros importantes para dar endosso à pauta e aumentar o engajamento com os temas. Neste ano, o Summit ESG do Estadão, por exemplo, contou com o apoio de companhias como 99, Grupo Boticário, Heineken Spin, Ultragaz, entre outras.
Para o diretor da publishing house do Estadão, esses são exemplos de empresas que investem no ESG e enxergam o summit como uma oportunidade para compartilhar iniciativas e, ao mesmo tempo, se engajar nas discussões sobre o tema. “Alguns dos cases mais bem-sucedidos de ESG partem do setor privado, e a presença de empresas comprometidas enriquece ainda mais o debate”, descreve.
Neste sentido, Renata, da Exame, corrobora que há uma busca por companhias patrocinadoras e apoiadoras que sejam exemplo, uma vez que o propósito editorial ESG da Exame é trazer cases de empresas que estão avançando na agenda em diferentes velocidades, apresentando cases que sirvam de exemplo e inspiração.
No ano passado, a CDN lançou o relatório ESG na Mídia, propôs a entender como os veículos cobrem o ESG na mídia brasileira, além de avaliar o tratamento e espaço concedidos ao assunto.
A edição mais recente do levantamento destacou a Exame, Valor e Broadcast, da Agência Estado, como os veículos que mais abordam temas ligados ao meio ambiente, causas sociais e governança. “O Summit é a consolidação física e presencial do que temos todos os dias em nossas páginas impressas”, diz Flores
Projetos editoriais dão tração e alimentam o tema na imprensa. Ainda que a Editora Globo não conte com um evento exclusivo para abordar o tema, os temas ambiental, social e de governança permeiam outros eventos e publicações jornalísticas nas 27 marcas que a empresa detém, conforme explica Tiago Afonso, diretor de desenvolvimento comercial e digital da Editora Globo.
Ainda em 2021, a Editora lançou a plataforma Um só Planeta, movimento editorial voltado à sustentabilidade e às mudanças climáticas que reúne todas as redações da empresa, bem como do Sistema Globo de Rádio, em torno da agenda. A iniciativa conta com equipe própria e diversas ações que vão desde lives, publicações especiais e o evento Mind the Gap, que discutiu a resiliência climática em 2024.
“Nosso compromisso é garantir um grande envolvimento de toda a sociedade com essa pauta. Quanto maior o repertório coletivo, maior será a adoção e potencial de mudança”, afirma o diretor. Ainda segundo Afonso, ações como a da plataforma surge como uma maneira de envolver todo o ecossistema editorial com os temas, cada veículo com um olhar diferente voltado para as suas audiências.
O Valor, por exemplo, está entre as publicações que contam com uma vertical contínua de conteúdo com a Prática ESG. Além disso, o veículo promove eventos junto a empresas parceiras, como aconteceu em setembro com o Brazil-US Climate Impact Summit.
Em parceria com a Câmara Americana de Comércio, o Valor discutiu a transição energética na sede da ONU, em Nova York. Ao todo, foram oito patrocinadores, entre nomes como Petrobras, JBS, Embratur e outras. “Acreditamos que o nosso papel é ajudar as empresas e instituições que querem se comunicar com as nossas audiências, seja sobre esse tema ou qualquer outro, sempre garantindo transparência para os leitores sobre o patrocínio e quando o conteúdo é oferecido por uma marca”, esclarece o diretor.
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