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Como tirar os entraves da TV paga?

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Mídia

Como tirar os entraves da TV paga?

Representantes de empresas do setor discutem os principais pontos que precisam ser resolvidos para que o setor retome ritmos mais expressivos de crescimento


6 de agosto de 2014 - 8h11

O mais longevo programa da TV paga foi reproduzido no palco do Congresso da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) para discutir os obstáculos e as perspectivas do setor. Os jornalistas Lucas Mendes e Ricardo Amorim, do Manhattan Connection, receberam representantes de programadoras, empacotadoras, agência de publicidade e de produtora no ABTA Connection, painel que abordou as estratégias do setor para crescer e ganhar uma importância cada vez maior.

Dividida em dois blocos, a apresentação foi feita aos moldes de um programa de entrevistas. Os apresentadores levantaram diversos assuntos que pautam o dia a dia da indústria, como a regulação de mercado, a competitividade, a cota de conteúdo nacional, os desafios de conquistar mais verba publicitária, entre outros temas.
Na primeira parte da apresentação, José Félix, presidente da Net Serviços, Fernando Medin, vice-presidente executivo da Discovery Networks Latin America e Carlos Zenteno, presidente da Claro, concordaram que é errado subestimar o crescimento da base de assinantes comparando-a com anos anteriores. “Se olharmos em escala mundial, são bem poucos setores que conseguem uma expansão de 11%”, destacou o representante da Discovery. “Em um País cuja economia cresce 0,8%, crescer mais de 10% é muito bom. O que tivemos nos anos anteriores foi um crescimento extremante acelerado, fora do normal”, pondera José Félix, da Net.

Os palestrantes também comentaram sobre os efeitos das ofertas múltiplas (TV paga, internet banda larga e telefonia fixa) no crescimento da base de TV por assinatura do Brasil. Para Carlos Zenteno, presidente da Claro, oferecer todos os serviços em um único pacote é um facilitador, que atrai bastante o público. Apesar de concordar com a informação, o porta-voz da Discovery ponderou que os “combos” não são o único atrativo que levam o público a assinar serviços de TV paga. “A expansão da base tem muito a ver com a integração dos serviços, logicamente, mas as pessoas querem ter os canais pagos pelo conteúdo interessante que estamos entregando”, destacou Medin, da Discovery.

Os três convidados também falaram sobre as normas e regulações do mercado. Enfático, o presidente da Net Serviços não hesitou em apontar a carga tributaria como o principal entrave da TV por assinatura. “Em alguns estados brasileiros, a carga tributária para o setor de Telecom chega a 50%. Para um governo que diz que quer ampliar o acesso da população aos serviços de internet e TV paga, isso é bastante incoerente”, criticou.

Entre as conhecidas polemicas do setor, a Lei 12.485, que limita uma quantidade mínima de canais e de produções nacionais na grade, também foi lembrada. “Sempre tivemos uma grande preocupação em ter conteúdo nacional. Mas a Lei, além de se preocupar mais com a quantidade do que com a qualidade, cria tantos entraves que fica realmente difícil cumpri-la oferecendo boas produções ao publico”, disse Medin.

O grande assunto da edição do ano passado do Congresso da ABTA – a tributação das empresas OTTs, que oferecem serviços pela Internet (como Netflix, por exemplo – voltou a tona no painel. Segundo os porta vozes da Net e da Claro, é preciso encontrar um modelo para que as operadoras sintam-se estimuladas a investir recursos em internet banda larga, que é fundamental para as operações do gênero. Em relação à competitividade com os canais pagos, o porta voz da Net acredita que quem as programadoras podem se prejudicar mais, em virtude do conflito de conteúdo oferecido.

Bloco 2

No segundo bloco do painel ABTA Connection, outros convidados subiram ao palco para discutir outros temas ligados ao setor. Daniel Chalfon, sócio e VP da Loducca e presidente do Grupo de Mídia, Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat e Andrea Barata, sócia da produtora O2 falaram sobre o maior volume de produções nacionais na grade e discutiram o tema que tanto instiga a maioria dos presentes no evento: por que o mercado publicitário ainda não investe tanto na TV paga como em outras mídias de massa.

Sobre o incremento de conteúdo nacional, Andrea Barata comemorou o fato de a produtoras terem conquistado, finalmente, um espaço na grade dos canais pagos. Os convidados, no entanto, não foram precisos ao responder se a maior quantidade de conteúdo nacional trouxe maior audiência para as emissoras pagas. “Não é mais possível atingir uma grande audiência sem produzir conteúdo que as massas aprovem. Independente de ser nacional ou não, é necessário que as pessoas se identifiquem com ele”, frisou Pecegueiro.

Já a Chalfon coube explicar as razões dos investimentos ainda tímidos nas agências e anunciantes na TV paga. “O crescimento da base de TV por assinatura é um fenômeno novo e o mercado publicitária trabalha com pesquisas e estatísticas construídas no passado. É normal que leve algum tempo para que esse crescimento da TV paga gerem dados para pautar um novo comportamento do mercado”, defendeu o profissional da Loducca.

Leia mais sobre a cobertura do Congresso da ABTA 2014:

TV paga: bom, mas pode melhorar

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