Daniela Falcão comenta marcas e mídia nordestinas
Executiva propõe que as marcas nordestinas são o antídoto da Shein, ao se referir a empresas de fast fashion
Daniela Falcão comenta marcas e mídia nordestinas
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Thaís Monteiro
3 de maio de 2022 - 7h00
Depois de sair da Edições Globo Condé Nast, Daniela Falcão foi ao Nordeste, tanto no sentido físico quanto mental e empresarial. Com Nordestesse, executiva visa conectar saberes ancestrais da região ao comércio nacional, além de fomentar a indústria criativa do design e da moda.
(Crédito: Divulgação/Ale Virgilio)
A empresária do mercado de comunicação voltou à cidade onde passou a infância, Recife, e passou a compartilhar marcas da região que achava inspiradoras em suas redes sociais. O interesse dos seus seguidores deu a entender uma demanda por essa curadoria e isso deu origem, em setembro de 2021, ao Nordestesse, plataforma cuja proposta é descrever as marcas, fazer ponte entre elas e formadores de opinião, conectando-os entre si para gerar um ambiente de troca e desenvolvimento e conectando-os com órgãos de fomento para potencializar seus empreendimentos.
O Nordestesse abrange cinco pilares: moda, design, artes visuais, gastronomia e hotelaria. O site traz as histórias das marcas, artistas e empreendedores. No segundo semestre de 2022, será lançado um aplicativo reunindo dicas de consumo e viagem para quem planeja visitar a região. Há, ainda, uma seção de shopping batizada Balaio, e experiências de varejo físico em parceria com multimarcas pelo País, como Pinga, Q.U.A.D.R.A e Magal.
Ao Meio & Mensagem, Daniela compartilha suas percepções sobre negócios e conteúdo da região.
Meio & Mensagem – Por que é importante o resgate aos saberes ancestrais da região e quais seriam esses saberes?
Daniela Falcão – Quando fazemos a curadoria, não pegamos a cestaria pela cestaria, mas o design autoral e o valor dele sobe. As marcas não fazem produtos caricatos. Eles têm o trabalho do criador jovem que ativa as comunidades de artesãos, que faz com que o valor agregado seja maior e beneficia a cadeia inteira. A rendeira faz uma peça de roupa junto com o designer e aí você remunera uma cadeira inteira e de forma assertiva. Eles têm um respeito ao processo de produção. Falamos muito de slow fashion mas como essas marcas tem um braço com o artesanal muito forte, elas terminam sendo obrigadas a ter um prazo de produção efetivamente diferente. Elas são de fato slow fashion, porque você não pode triplicar a fabricação de renda. Quanto mais pessoas empregadas melhor, mas o tempo do trabalho manual é mais compatível com os valores que temos hoje. É saber valorizar e contar essa história. Eu tenho que explicar o porquê o crochê é mais caro em alguns momentos. São duas coisas. É você respeitar o tempo de produção e ter criatividade. Como elas estão em região menos industrializada, menos recurso e linha de crédito, você tem que ter mais criatividade. Elas compram muito tecido de confecção e não necessariamente são usados, então tem muita marca que se aproveita disso não gera o desperdício, trabalha sob demanda. Por opção algumas não trabalham com pronta entrega para não gerar desperdício. Sustentabilidade e criatividade são as grandes lições. Somos o antídoto da Shein.
M&M – Quais são os desafios e benefícios de de empreender enquanto marca nordestina?
Daniela – O maior desafio das marcas nordestinas é perder o medo de se assumirem nordestinos. Existe uma baixa autoestima e você olha muito para o que a moda faz no Sul e Sudeste. Também é um projeto de educação para mostrar que elas têm um DNA nordestino, contemporâneo e global. É ressaltar os aspectos regional como global. Mostramos que o linho é um tecido muito nordestino e associamos ao nordeste. É quebrar esse paradigma de que o nordeste é só sol e praia. O segundo passo é comunicar de forma que dialogue com seu produto e que tenha apelo para a mídia e formadores de opinião.
M&M – Você é uma jornalista com anos de experiência na mídia. Como enxerga o mercado de mídia na região?
Daniela – Existe e vimos nos últimos três anos uma aceleração muito grande do consumo de informação local com o boom dos nano influenciadores. Eles fazem sentido na questão identitária quando falamos de plus size, LGBTQIA+, afro empreendedores, mas tem a questão do regionalismo muito importante. As marcas nacionais e globais devem estar mais em sintonia e dentro desse universo local de pequenos influenciadores. A Mynd abriu um braço nordeste, mas os grandes contratos são feitos sem levar tanto em conta a questão do regionalismo porque a expressão e piada mudam. Em cada estado e região você vê isso acontecer. A quantidade de influenciadores que são desconhecidos que tem performance fora da curva é enorme. Eu acho que o regionalismo vai ser cada vez mais necessário para os grandes conglomerados.
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