Disney e Epic Games: o que pode significar essa aproximação?
Especialistas em games avaliam o investimento bilionário da Disney na Epic Games para construção de universo totalmente novo de jogos e entretenimento
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Amanda Schnaider
16 de fevereiro de 2024 - 6h00
A Disney anunciou, na última quarta-feira, 7, que investirá US$ 1,5 bilhão na Epic Games, dona do jogo Fortnite. Em comunicado, a empresa revelou que as empresas trabalharão juntas na construção de um “universo totalmente novo de jogos e entretenimento que expandirá ainda mais o alcance das adoradas histórias e experiências da Disney”.
De acordo com a Disney, esse universo será um lugar onde os fãs possam jogar, assistir, comprar e interagir com personagens e cenários das histórias de Disney, Pixar, Star Wars, Marvel, Avatar e outros.
Além disso, esse novo ambiente promete permitir que as pessoas criarem suas próprias histórias e experiências, mostrarem suas paixões e compartilharem conteúdo entre si, com tudo alimentado pelo Unreal Engine, software da Epic Games.
Essa, porém, não é a primeira parceria entre as companhias. Diversos personagens de franquias da Marvel e Star Wars e outros já fizeram parte de jogos do Fortnite, inclusive, em 2020, a Marvel teve uma temporada no jogo.
No comunicado que anunciou a parceria, o CEO da Disney, Bob Iger, não afirmou qual é o objetivo por trás desse movimento, apenas revelou que se trata do maior movimento da companhia no universo dos jogos. “Isso marca a maior entrada da Disney no mundo dos games e oferece oportunidades significativas de crescimento e expansão”, disse.
Ao serem questionados pela reportagem, nem a Disney, nem a Epic Games quiseram comentar sobre a parceria.
Na visão de Carlos Silva, sócio e head of gaming da Go Gamers, empresa responsável pela Pesquisa Game Brasil, o grande objetivo da Disney com esse movimento é manter a expansão das suas franquias nas diversas plataformas, considerando já uma forte presença na TV, streaming e cinema. “Os games como mais uma plataforma de conteúdo se torna interessante pelo alto impacto e engajamento, inclusive como uma forma de apoio ou até sustentação das marcas”, complementa.
Ainda neste sentido, a coordenadora do Núcleo de Pesquisas ESPM Rio e especialista em sensorialidade e games, Ana Erthal, salienta que a longo prazo, esse movimento deve criar um espaço para a Disney dentro dos jogos, com suas próprias produções, ou em parcerias com empresas sólidas, como a Epic. “São marcas valiosas e amadas. A junção do capital criativo pode projetar inovações que nem esperamos”.
Dessa forma, essa união pode ser benéfica tanto para ambas as empresas quanto para o consumidor. Segundo Silva, o ganho para o consumidor será no conteúdo, visto que essa parceria abre muito mais possibilidades para a Epic escalar a sua produção e manter um ciclo de conteúdos extremamente rico, considerando as grandes franquias que poderão ser exploradas dentro do jogo e além.
Entretanto, a parceria entre Disney e Epic não impacta somente ambas as companhias e seus consumidores, ela também acaba movendo toda a indústria de jogos e entretenimento. O primeiro impacto desse movimento será na consolidação da Epic Games como uma frente estratégica para novos negócios, na visão de Silva.
“O que se construiu com a plataforma da Epic é algo que poderá se tornar uma nova busca da cadeia produtiva e até dos novos e antigo estúdios, entregando plataformas cada vez mais preparadas para criar experiências novas e exclusivas”, ressalta o sócio da Go Gamers. Ele ainda pontua que isso é chamado de experiência in-game, que normalmente tende a ser mais complexa do ponto de vista de investimento e tempo de produção, mas que, no longo prazo, é uma das mais imersivas e impactantes.
“O impacto maior é no presente, uma vez que esse investimento vai fazer outras empresas despertarem para o universo dos games”, avalia Ana. A professora ainda destaca que, nos próximos meses, provavelmente haverá outros movimentos neste sentido, de empresas de mídia, música e entretenimento. “O longo prazo para o mercado de games é muito longo. Certamente esse movimento da Disney na direção dos games vai inflacionar o mercado. Quem estava achando que era uma coisa para o futuro teve suas certezas abaladas”, reforça Ana.
A Disney se tornou uma investidora no metaverso ainda em 2022, quando o assunto ainda estava sendo muito discutido pelas empresas de mídia, como a Meta. Porém, com o tempo e com o boom da inteligência artificial generativa, o metaverso foi deixado um pouco de lado. Em 2023, a própria Disney demitiu 50 colaboradores da sua divisão de metaverso criada em 2022.
Para Silva, essa parceria entre Disney e Epic Games pode, inclusive, contribuir para esse ambiente de experiências que é o metaverso se tornar algo maior. “O que foi explorado nos últimos anos sobre o tema metaverso, foram testes e em alguns casos em plataformas que ainda não estavam consolidadas”, enfatiza.
Agora, o sócio da Go Gamers reforça que há uma plataforma preparada para essa tecnologia e com uma marca que agrega muitos fãs em diversas faixas etárias e gostos. “Acredito que essa parceria poderá entregar o que deveria ser o metaverso desde o início quando falamos das experiências em games”, finaliza.
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