Eleições: quais são os desafios das emissoras na corrida eleitoral?

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Eleições: quais são os desafios das emissoras na corrida eleitoral?

Canais de TV precisam lidar com os dilemas das edições feitas pelos candidatos para suas redes sociais e com a desinformação das campanhas eleitorais


5 de setembro de 2024 - 6h00

No primeiro debate da Band, em 08 de agosto, foram cinco os principais candidatos para prefeitura de São Paulo

No debate da Band, em 8 de agosto, estavam presentes os candidatos a prefeito de São Paulo Ricardo Nunes, Pablo Marçal, Tábata Amaral, José Luiz Datena e Guilherme Boulos (Crédito: Reprodução)

Os formatos de debates eleitorais sofreram diversas mudanças desde que o primeiro aconteceu na TV brasileira, durante a redemocratização, nos anos 1980. Em decorrência das redes sociais e do fenômeno da desinformação, as emissoras tiveram que repensar algumas dinâmicas dos seus programas de debates e entrevistas com candidatos.

Em 2024, os primeiros debates entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo foram marcados por confusões e troca acalorada de acusações. Até aí, nada muito diferente do que ocorreu, por exemplo, no primeiro debate presidencial, em 1989, promovido pela Band, com 22 candidatos, dentre os quais Lula (PT), Leonel Brizola (PDT), Paulo Maluf (PDS) e Fernando Collor (PRN), com moderação da jornalista Marília Gabriela. Entretanto, agora, as emissoras de TV precisam lidar com novas práticas, como as edições feitas pelos candidados para as suas redes sociais.

“Em 1989, eu precisava fazer reuniões específicas com candidatos para discutir até onde eles concordariam com a edição. Hoje, antes de terminar o primeiro bloco do programa, o debate já está esfacelado pelo Brasil inteiro”, diz Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

Em São Paulo, o primeiro debate televisivo realizado entre os candidatos à prefeitura — Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB) e Tábata Amaral (PSB) — aconteceu no dia 8 de agosto, na Band, e acabou sendo o termômetro dos proximos encontros entre os candidatos.

A transmissão atingiu 4,4 pontos de pico de audiência, o que representa  um crescimento de 356% em relação à média do horário das 22h à 00h, segundo à Band.

Como os cortes para redes sociais interferem nos debates?

Em 2024, os dilemas, apesar de semelhantes aos das eleições anteriores, assumiram outras dimensões. Os debatedores, agora, trabalham o tempo de tela para fomentar cortes para suas redes sociais, independentemente de responderem ao não os questionamentos propostos.

Para Virgílio Abranches, vice-presidente de jornalismo, conteúdo e operação da CNN, essa prática tem sido uma preocupação constante. “Em São Paulo, até agora, apenas um candidato fez isso e tivemos que acionar a Justiça Eleitoral. Porque pegaram um vídeo da CNN e fizeram uma edição que dava a entender que a empresa estava dando apoio aquele candidato”, conta.

A Globo foi uma das emissoras que atualizou suas regras. De acordo com a empresa, as imagens e áudios dos debates não podem ser utilizados pelos candidatos em propaganda eleitoral gratuita ou na internet sem autorização da emissora. Publicações indevidas podem ser retiradas do ar. Essas regras valem para os debates realizados no G1 e na TV Globo. No que diz respeito à disseminação de conteúdos falsos, desde 2018, o Grupo Globo tem o projeto Fato ou Fake.

Como prevenir as fake news durante o debate?

“O debate é dos candidatos, é feito para que eles se expressem, eles têm plena liberdade para isso. Se algum mente, ele vai ser desmentido no próprio debate pelos adversários”, comenta Mitre. Além disso, na Band, há blocos em que os jornalistas da emissora fazem suas próprias perguntas, o que, para Mitre, gera uma fiscalização do conteúdo que é debatido.

Abranches, da CNN, explica que outra atitude que tem sido adotada pela emissora é a produção de conteúdos educativos para o cidadão. “O espalhamento de fake news é algo impossível de controlar; vai acontecer. De fato, a única madeira de nos precavermos é ensinar as pessoas à identificarem se elas estão sendo alvo de fake news”, complementa.

Debate ou sabatina?

Por razões de infraestrutura, a CNN optou por não realizar debates em nenhum município, tendo em vista que eles possuem apenas uma faixa de radiodifusão pata explorar. Apesar disso, no digital, a empresa tem feito sabatinas com os principais candidatos de São Paulo e Rio de Janeiro, além de designar repórteres para cobrir as principais capitais brasileiras. Além disso, por meio do agregador de pesquisas em parceria com o cientista político Antonio Lavareda, a CNN tem feito o monitoramento de eleições nas cidades com mais de 200 mil eleitores.

Além das entrevistas individuais no programa Roda Viva, a TV Cultura promoverá um debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, no proximo dia 15 de setembro, às 21h, com cinco blocos de duração. No primeiro, serão feitas perguntas a todos os participantes e, nos três blocos seguintes, os candidatos farão perguntas entre si. O quinto e último bloco será dedicado às considerações finais de cada um.

Para a diretora de jornalismo de TV Cultura, Marília Correa Assef, eventuais abusos dos candidatos serão coibidos pela Justiça Eleitoral, com o apoio da emissora para eventuais esclarecimentos. A emissora também firmou parceria com uma agência de checagem para acompanhar o debate.

Quais são as mudanças depois de 30 anos de debates?

Por ter inaugurado a tradição dos debates na televisão, durante a redemocratização, o Grupo Bandeirantes acompanhou as mudanças sociais e tecnológicas no Brasil. Desde 2018, em parceria com o Google, a Band investiu na sala digital para monitorar em tempo real a repercussão dos debates na emissora. “A tradição de que o primeiro debate seja na Band não significa repetição, mas inovação. A cada ano é um novo desafio, não existe um padrão para criação de debates, cada ano tem suas especificidades”, explica Mitre.

Os primeiros debates, nos quais os candidatos de 19 municípios se encontraram, aconteceram em 8 de agosto. Foram contempladas cidades como Belo Horizonte, Boa Vista, Salvador e Teresina. No ambiente digital, 530 mil pessoas assistiram aos embates das 19 cidades. Nas primeiras 12 horas após os eventos, foram contabilizados mais de 4,2 milhões de views nas plataformas da Band. Nas redes sociais, os debates da Band ficaram no top 10 de assuntos mais relevantes do Brasil por mais de 10 horas.

Em parceria com as emissoras afiliadas, as transmissões de todos os debates foram ao ar simultaneamente nas plataformas digitais Band.com.br e Bandplay. “O debate seguia uma lógica linear da programação, hoje os debates estão espalhados para todo lado e influem na campanha”, diz Mitre.

Até 2 de outubro, as emissoras da rede somarão debates em 55 cidades. Considerando o segundo turnos, a Band e suas afiliadas terão promovido cerca de 70 debates. Além disso, o grupo tem feito a cobertura política pelos programas Band Eleições e pelo quadro Nossa Cidade, com discussões que abordam as perspectivas locais e o impacto para o Brasil.

Cobertura ampla 

Em todo o Brasil, cerca de 4.400 profissionais do jornalismo da Globo estão envolvidos na cobertura multiplataforma das eleições municipais. A emissora vai realizar,  ao longo do primeiro turno, cerca de 550 entrevistas com candidatos, além de 120 debates em todo o País. Destes, 99 serão promovidos pela TV Globo, em parceria com as afiliadas, no dia 3 de outubro, às 22h.

Enquanto isso, até o dia 27 de setembro, o G1 fará 17 debates com os candidatos às prefeituras das principais cidades das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. Algo que será replicado no segundo turno das eleições municipais. No comparativo com 2016, o G1 aumentou em quatro vezes o número de debates no primeiro turno. Além disso, o compartilhamento de trechos publicados em todas as plataformas do G1 estará disponível tanto no site quanto nas redes sociais, como YouTube, Instagram, Tiktok e Kwai.

Sobre as estruturas dos debates no G1, os programas podem chegar a até seis blocos, dependendo do número de participantes, com temas livres e determinados. Em cada bloco, cada candidato tem direito a fazer uma pergunta de 30 segundos e mais 30 segundos para a réplica. Após isso, o candidato que responde tem um minuto e 30 segundos para a resposta e mais 30 segundos para a tréplica. No último bloco, todos os candidatos dispõem de 30 segundos para fazer as considerações finais.

O que esperar para o segundo turno das eleições?

Na TV Cultura, durante o segundo turno, haverá um Roda Viva Especial com os dois candidatos que irão disputar a Prefeitura de São Paulo. Com tempos iguais de participação, em quatro blocos, os entrevistados ocuparão o centro do programa jornalístico de forma alternada. No quinto bloco, os dois candidatos estarão juntos no estúdio para as considerações finais.

Na Band, o debate no segundo turno está marcado para 14 de outubro, às 22h15. Por fim, o debate da Globo, em 25 de outubro, fecha o ciclo eleitoral municipal.

Agenda dos próximos debates no primeiro turno

  • TV Cultura: 15 de setembro, às 21h;
  • UOL / RedeTV: 17 de setembro, às 9h30;
  • UOL / Folha de S.Paulo: 30 de setembro, às 10h;
  • TV Globo: 3 de outubro, às 22h.

Agenda de debates no segundo turno

  • Band: 14 de outubro, às 22h15
  • UOL / RedeTV: 17 de outubro, às 9h30
  • UOL / Folha de S.Paulo: 21 de outubro, às 10h
  • TV Globo: 25 de outubro, às 22h
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