Assinar

Em carta, VP do Facebook diz: “Não lucramos com o ódio”

Buscar

Em carta, VP do Facebook diz: “Não lucramos com o ódio”

Buscar
Publicidade
Mídia

Em carta, VP do Facebook diz: “Não lucramos com o ódio”

Nick Clegg, VP de políticas públicas, fala sobre a dificuldade de filtrar todo o conteúdo postado na plataforma e defende que as redes ajudam a mostrar à sociedade o que vem acontecendo


1 de julho de 2020 - 11h33

Nick Clegg é vice-presidente de políticas públicas e comunicação global da rede social (Crédito: Reprodução/YouTube)

Maior alvo do movimento que sugere a grandes anunciantes que interrompam a publicidade nas redes sociais, o Facebook veio a público para falar sobre o assunto.

Em carta aberta assinada pelo vice-presidente global de políticas públicas e comunicação do Facebook, Nick Clegg, a companhia fala sobre as críticas que tem recebido e afirma que não lucra com o ódio (já que a principal motivação do boicote está no fato de as entidade ligadas aos direitos civis considerarem que a rede social não atua de forma contundente para filtrar e banir conteúdos nocivos de sua página).

O comunicado do executivo vem sendo publicado por veículos de imprensa de todo o mundo. No Brasil, o Valor Econômico foi o primeiro a receber e publicar o conteúdo da carta, que, agora, já está disponível no blog oficial do Facebook. Confira o texto na íntegra:

“Quando a sociedade está dividida e as tensões aumentam, essas divisões aparecem nas redes sociais. Plataformas como o Facebook funcionam como um espelho da sociedade – com mais de 3 bilhões de pessoas usando pelo menos um dos aplicativos do Facebook todos os meses, tudo de bom, ruim e até desagradável vai encontrar expressão na nossa plataforma. Isso coloca uma grande responsabilidade no Facebook e em outras empresas de redes sociais, para decidir o limite sobre qual conteúdo é aceitável.

O Facebook tem recebido muitas críticas nas últimas semanas após a decisão de permitir que posts controversos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuassem na plataforma, e receios da parte de muitas pessoas, incluindo empresas que são anunciantes em nossa plataforma, sobre nossa abordagem no combate ao discurso de ódio. Quero ser claro: o Facebook não lucra com o ódio. Bilhões de pessoas usam o Facebook e o Instagram porque elas têm uma boa experiência – elas não querem ver conteúdo odioso, nossos anunciantes tampouco querem ver isso e nem nós. Não há qualquer incentivo para nós a não ser remover esse tipo de conteúdo.

Mais de 100 bilhões de mensagens são enviadas por nossos serviços todos os dias. Somos todos nós conversando, compartilhando nossas vidas, opiniões, esperanças e experiências. Nessas bilhões de interações, uma fração muito pequena é de discurso de ódio. Quando encontramos posts odiosos no Facebook e Instagram, temos tolerância zero e removemos esses conteúdos. Quando o conteúdo fica perto de ser classificado como discurso de ódio – e também não viola outras políticas que têm como foco prevenir danos no mundo offline ou supressão de votos – prevalece a liberdade de expressão porque, no fim do dia, a melhor maneira de combater discurso ofensivo e divisivo é com mais argumentos e conversas. Dar luz ao tema é melhor do que escondê-lo.

Infelizmente, tolerância zero não significa incidência zero. Com tanto conteúdo sendo postado diariamente, erradicar o ódio é como procurar uma agulha em um palheiro. Investimos bilhões de dólares todos os anos em pessoas e tecnologia para manter nossa plataforma segura. Triplicamos para mais de 35 mil pessoas nossas equipes trabalhando em segurança e integridade. Somos pioneiros em uso de tecnologia de inteligência artificial para remover conteúdo com discurso de ódio em escala.

E estamos tendo progresso. Um recente relatório da Comissão Europeia apontou que o Facebook revisou 95,7% das denúncias de conteúdo com discurso de ódio em menos de 24 horas, mais rápido que YouTube e Twitter. No mês passado, divulgamos que encontramos perto de 90% dos conteúdos com discurso de ódio que removemos antes mesmo que alguém tivesse denunciado esses posts – ante 24% dois anos atrás. Agimos contra 9,6 milhões de posts no primeiro trimestre de 2020, contra 5,7 milhões no trimestre anterior. E 99% do conteúdo que removemos sobre o Estado Islâmico e a Al Qaeda acontece antes que qualquer um denuncie isso a nós.

Estamos melhorando, mas não estamos satisfeitos. Por isso, anunciamos recentemente novas políticas e produtos para garantir que todos possam permanecer seguros, informados e, principalmente, usar sua voz onde mais importa – nas eleições. Isso inclui a maior campanha de informações para eleitores da história dos EUA, com o objetivo de registrar quatro milhões de eleitores, e atualizações de políticas destinadas a reprimir a supressão de eleitores e combater o discurso de ódio. Muitas dessas mudanças são resultado direto do feedback da comunidade de direitos civis – continuaremos trabalhando com eles e com outros especialistas à medida que ajustamos nossas políticas para lidar com novos riscos à medida que eles surgem.

Obviamente, é necessário e compreensível se concentrar no discurso de ódio e outros tipos de conteúdo prejudicial nas redes sociais, mas vale lembrar que a grande maioria das bilhões de conversas online é positiva.

Veja o que aconteceu quando a pandemia de coronavírus começou. Bilhões de pessoas usaram o Facebook para permanecer conectadas quando estavam fisicamente separadas. Avós e netos, irmãos e irmãs, amigos e vizinhos. Mais do que isso, as pessoas se reuniram para ajudar umas às outras. Milhares e milhares de grupos locais se formaram – milhões de pessoas se uniram – para se organizar e ajudar os mais vulneráveis ​​em suas comunidades. Outros, para comemorar e apoiar nossos profissionais de saúde. E quando as empresas tiveram que fechar suas portas ao público, para muitos o Facebook era a tábua de salvação. Mais de 160 milhões de empresas usam as ferramentas gratuitas do Facebook para alcançar os clientes, e muitas as utilizaram para ajudar a manter seus negócios vivos quando suas portas estavam fechadas ao público – salvando empregos e vidas.

É importante ressaltar que o Facebook ajudou as pessoas a obter informações precisas e confiáveis sobre saúde. Direcionamos mais de dois bilhões de pessoas no Facebook e Instagram a informações de autoridades de saúde pública, com mais de 350 milhões de pessoas clicando nos links para saber mais.

E vale lembrar que, quando as coisas mais sombrias estão acontecendo em nossa sociedade, as redes sociais oferecem às pessoas um meio de fazer a luz brilhar. Mostrar ao mundo o que está acontecendo; organizar-se contra o ódio e se unir; e para milhões de pessoas em todo o mundo que demonstram solidariedade. Vimos isso em todo o mundo em inúmeras ocasiões – e estamos vendo isso agora com o movimento Black Lives Matter.

Talvez nunca consigamos erradicar que o discurso de ódio apareça no Facebook, mas estamos melhorando o tempo todo para impedir esse tipo de conteúdo.”

Onda de boicote
Enquanto o Facebook tenta recuperar sua imagem perante a sociedade e o mercado publicitário, a lista das marcas que aderiram ao boicote só cresce. Esta quarta-feira, 1º de julho, inicia o período da paralisação dos anúncios da rede social.

A maioria das empresas prometeu deixar de veicular anúncios na rede por 30 dias. Outras, no entanto, estenderam o prazo para até o fim de 2020.

Já são mais de 50 marcas que aderiram ao boicote. Entre elas, estão grandes anunciantes globais como Coca-Cola, Unilever, Adidas, Kimberly-Clark, PepsiCo, Mars, Volkswagen, Pfizer, Diageo, Puma, HP e Ford.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • ANPD acusa TikTok de tratamento irregular de dados de menores

    ANPD acusa TikTok de tratamento irregular de dados de menores

    Autoridade Nacional de Proteção de Dados pede que rede encerre "feed sem cadastro" e fortaleça mecanismo de verificação de idade

  • Uncover leva marketing mix modeling para empresas de médio porte

    Uncover leva marketing mix modeling para empresas de médio porte

    Martech visa expansão de negócios com solução para clientes menores e estratégia de internacionalização