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Estadão abre acervo digital de 137 anos

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Mídia

Estadão abre acervo digital de 137 anos

Com evento nesta quarta-feira, 23, o jornal coloca todas as páginas na internet desde a fundação, em 4 de janeiro de 1875


23 de maio de 2012 - 9h00

Um dos jornais mais antigos do País em circulação, o Estado de S.Paulo abre oficialmente o acesso público ao Estadão Acervo nesta quarta-feira, 23, a partir das 20 horas, em evento com políticos e artistas. São mais de 2,5 milhões de páginas e 200 mil fotografias, a princípio (que poderão chegar a 2 milhões ao final do processo, do acervo total de mais de 50 milhões que o jornal tem). Durante o primeiro mês, o acesso está liberado para o público. Depois, terão acesso gratuito universidades, faculdades e escolas que fecharem parceria com o Estadão e, finalmente, todos os assinantes das plataformas digital e impressa do veículo. O projeto de consolidação do acervo digital ocorre três fases, das quais a primeira fase é a que dispõe o conteúdo do Estadão na internet. Na segunda fase, entram os demais títulos do Grupo como o Jornal da Tarde, áudios da rádio Eldorado e fonogramas do estúdio Eldorado. Serão digitalizados, ainda, o Estadinho, que era uma edição vespertina que circulou na década de 1910, e o suplemento Rotogravuras, que usava uma refinada técnica fotográfica da década de 1930 para relatar os fatos da cidade de São Paulo.

O projeto não é apenas um acervo estático. Ao contrário. É dinâmico, um portal que terá equipe editorial própria e que fará links entre as notícias atuais e as antigas. O Estadão Acervo é um projeto inteiramente desenvolvido pela própria equipe do Estadão e dispõe, inclusive, de um dicionário com mais de 40 mil palavras que serve de base para que o sistema de busca identifique e reconheça as diferentes grafias nesses 137 anos de existência do jornal. O dicionário foi desenvolvido em parceria com o Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

“Definimos altos índices de SLA (Service Level Agreement ou acordo de nível de serviço) para as buscas pelos quais o portal tem que reconhecer, no mínimo, 80% das palavras. Usamos a tecnologia OCR (Optical Character Recognition – reconhecimento ótico de caracteres) para que o portal ‘leia’ as edições e as reconheça como texto, inclusive os anúncios e classificados. É um dos melhores e mais completos projetos de digitalização em termos de qualidade”, afirma o diretor-presidente do Grupo Estado, Silvio Genesini. A digitalização do jornal abrange períodos históricos como os cinco anos em que a família Mesquita ficou afastada do Estado de S.Paulo pelo governo Vargas, entre 1940 e 1945. Nessa ocasião, a família proprietária do jornal se exilou em Portugal. E também, num gesto que deverá agradar, sobretudo, os historiadores, todas as matérias censuradas durante os governos militares, nos anos de 1972 a 1975, quando edições do Estadão e do Jornal da Tarde saíram com poemas de Luís de Camões e com receitas, respectivamente, em substituição aos artigos censurados.

Prédio de 76 andares

Em termos de volume, em papel, as páginas do acervo do Estadão, perfiladas em linhas reta, equivalem a 1.440 Km, a mesma distância entre as cidades de São Paulo e Vitória da Conquista, na Bahia. Se fossem sobrepostos, os volumes encadernados de todas as edições somariam 230 metros, a mesma altura de um prédio de 76 andares. “A tendência do conteúdo é ter cada vez mais singularidade. E ninguém tem esse passado que temos, com essa extensão”, afirma o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour. O diretor brinca que ‘várias ruas’ passaram pelas redações do Estadão: Oscar Freire, Raul Pompéia, Rangel Pestana. Um dos maiores escritores brasileiros, Euclides da Cunha, autor do clássico “Os Sertões”, foi jornalista da casa e da sua cobertura do conflito de Canudos nasceu o livro. O criador de Emília e do Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato, deu expediente como repórter. Outro escritor atual, Raduan Nassar (autor de Lavoura Arcaica, entre outros livros), também foi da redação do jornal.

O evento que acontece nesta quarta-feira, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, apresentará uma linha do tempo, uma espécie de documentário que retratará fatos do Brasil e do mundo, com navegação pelo Estadão Acervo intercalada por atrações musicais que remeterão à época dos fatos. Assim, por exemplo, Arnaldo Antunes estará conectado à Semana de 22, Jair Rodrigues à década de 70, Dinho Ouro Preto aos anos 80 e Ná Ozetti aos anos 90. Participam ainda do evento o cantor Gilberto Gil e os ministros Ana de Hollanda (Cultura), Aldo Rebelo (Esportes), Aloizio Mercadante (Educação), Guido Mantega (Fazenda), o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab.
 

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