Fabiana Ecclestone: F1 tem conteúdo para todo tipo de interesse
Em entrevista, a vice-presidente da FIA para América Latina falou sobre formatos de transmissão, Ayrton Senna e GP na Argentina
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Renan Honorato
4 de novembro de 2024 - 7h47
As semanas que antecederam o Grande Prêmio (GP) Lenovo de Fórmula 1 em São Paulo, realizado neste domingo, 3, revelaram as incertezas que envolvem os direitos de transmissão do campeonato no Brasil. Durante os treinos livres na sexta-feira, 1, a Band emitiu uma nota reafirmando o acordo firmado com a Liberty Media, detentora dos direitos de transmissão da categoria.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, Fabiana Ecclestone, vice-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para América do Sul, confirmou essa informação. Apesar disso, os direitos de transmissão para 2026 voltam a estar na disputa para as emissoras no Brasil.
“Por se tratar de uma propriedade comercial, tudo que está no mercado tem um preço e, se tem gente interessada, voltam a estar disponíveis. Pode ser que a Bandeirantes entenda que a Fórmula 1 é um produto especial e junte recursos para renovar. Mas, outras empresas que entendem a importância desse evento também possam fazer um pitch para comprar”, diz. De fato, por não estar à frente dos direitos comerciais de transmissão, Fabiana não pode dar detalhes sobre o andamento das conversas entre as partes neste tema.
Ao longo da transmissão do GP do Brasil, o jornalista e apresentador Sérgio Maurício reforçou, em diversas ocasiões, o posicionamento emitido pela emissora em nota. Em setembro, a Liberty Media pediu a antecipação do encerramento do contrato com a Band para o final de 2024, sendo que o contrato original tem vigência até 2025.
Enquanto isso, a possibilidade do campeonato voltar à Globo tomaram fôlego nas redes sociais, ainda mais quando a própria emissora colocou no palco um carro de Fórmula 1 durante seu upfront, em outubro. Apesar dos rumores, a Band renegociou os termos com a Liberty e garantiu que a transmissão continuasse na casa.
Essa é a segunda vez que a Band tem a Fórmula 1 na grade, já que no ano de 1980 o canal fez a primeira cobertura ao vivo e integral do campeonato. Porém, no ano seguinte, em 1981, a Globo reavivou a parceria com o então dirigente da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, e fez a transmissão até 2020, quando a cobertura retornou à Band.
Segundo Fabiana, o Brasil é um dos poucos países que a transmissão dos Grandes Prêmios acontecem em televisão aberta, o que torna o tema mais acessível.
“O que eu acho relevante é o interesse de promover conteúdos para todas as plataformas. Tem muito conteúdo para todos os tipos de interesse. Desde a parte técnica e competitiva até saber quem participa do evento, das personalidades e do backstage”, diz.
Parte do sucesso da Fórmula 1 nos anos recentes, avalia, se justifica por essa ampliação de formatos de conteúdos e plataformas disponíveis. Além da transmissão da Band em TV aberta, a emissora também criou o Cola no Grid em março de 2024. Com transmissão no site e no streaming, o editor-executivo da F1 na Band, Fred Sabino, apresenta o programa.
Após o conglomerado norte-americano de comunicação Liberty Media adquirir a Fórmula 1, os executivos almejavam expandir a influência do campeonato em novos públicos. Para atingir esse objetivo, a principal estratégia foi investir na criação do seriado Drive to Survive, produção da Netflix que acompanha os bastidores dos 25 Grandes Prêmios e 10 times. No Brasil, a Sponsorlink mostrou que 51% de brasileiros conectados às redes sociais são fãs da categoria.
“O mercado brasileiro é vasto, mas temos que entender a delimitação dos contratos. Se o pacto vendido pela emissora já contempla todo esse tipo de acesso, eles não podem vender para outras empresas. Mas, se for uma venda delimitada em que seja possível gerar outros tipos de conteúdo, no futuro, nada impede de ter mais de uma transmissora”, explica Fabiana.
O ano de 2024 foi marcado por uma série de homenagens de marcas, times e pilotos aos 30 anos de legado do piloto brasileiro Ayrton Senna. O piloto morreu durante o GP de San Marino, em Ímola, em primeiro de maio de 1994.
“O Senna faz parte da história da Fórmula 1, sendo um ícone para o Brasil em tempos difíceis. A Fórmula 1, como um todo, continua lembrando e prestigiando essa história. Porque a competição só se constrói com a história dos pilotos”, comenta. Antes da largada do Grande Prêmio Lenovo de São Paulo, o campeão mundial Lewis Hamilton pilotou a McLaren MP4/5B de Senna.
De fato, atualmente, o Brasil é o único país na América do Sul a sediar um dos prêmios de Fórmula 1. Mesmo assim, as oportunidades de expansão estão em debate.
Recentemente, a Argentina demonstrou interesse em voltar ao calendário após 26 anos. Uma dessas razões se dá pela participação de Franco Colapinto na segunda fase do campeonato neste ano. Nesta sexta-feira, 1, o Mercado Livre anunciou o patrocínio oficial da Williams Racing, time em que corre o argentino.
O campeão da Fórmula 3 e prodígio na Fórmula 2, Gabriel Bortoleto assinou o contratou como piloto titular da Sauber na Fórmula 1 para 2025. Esse movimento reforça a esperança dos brasileiros em ter um compatriota no grid, que têm em Felipe Drugovich, piloto reserva da Aston Martin, outra chama de expectativas. Porém, as promessas do automobilismo brasileiro também perpassam pela diversidade no esporte.
Parte do trabalho de Fabiana na frente da FIA, responsável pela organização do campeonato, é fomentar as categorias de base na América Sul. Para a executiva, o fato de Rafaela Ferreira integrar à F1 Academy é uma fato histórico para a América do Sul.
A jovem pilota brasileira, de 19 anos, entrou na competição feminina no time da RB e se juntou à Aurelia Nobels, que também compete na modalidade pela Ferrari.“Quanto mais competições tiverem para os jovens pilotos mostrarem seus talentos, as grande equipes acabam levando eles para categorias mais altas no esporte”, diz.
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