Facebook contratou terceiros para transcreverem áudios de usuários
Rede social revela já ter interrompido a prática, mas admite ter contratado pessoas para revisarem tecnologia de AI que interpretava fala humana
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Meio & Mensagem
14 de agosto de 2019 - 6h00
O Facebook Inc. pagou centenas de pessoas de fora da companhia para transcrevem áudios de usuários de suas plataformas. A informação foi revelada por profissionais envolvidos com o trabalho.
A tarefa, segundo as pessoas contratadas pela rede social, consistia em apenas transcrever os arquivos de áudio. Essas pessoas, contudo, não sabiam como e quando esses áudios foram gravados e de que maneira foram obtidos. Eles se dedicam à tarefa de ouvir as conversas particulares de usuários das plataformas do Facebook e transcrevê-las, sem saber, contudo, para quê a empresa deseja obter essas transcrições. As pessoas que trabalham na operação não revelaram suas identidades com receio de perder o trabalho.
O Facebook confirmou que vinha transcrevendo áudios de seus usuários, mas afirmou que a prática não acontece mais. “Nós paramos a revisão humana dos áudios há mais de uma semana”, disse a rede social nessa terça-feira, 13. A companhia também declarou que os usuários afetados foram aqueles que selecionaram uma opção, dentro do aplicativo Messenger, que permitia à rede social transcrever suas conversas de áudio. As pessoas contratadas estavam checando se a inteligência artificial do Facebook interpretava corretamente as mensagens, que apareciam de maneira anônima, de acordo com a rede social.
Grandes companhias de tecnologia, como a Amazon e a Apple, têm recebido críticas por coletar trechos de áudios dos devices de seus consumidores e submetê-los à uma análise humana – prática que, segundo os críticos, pode ser configurada como invasão de privacidade. Em abril, a Bloomberg noticiou que a Amazon mantinha uma equipe de milhares de profissionais em todo o mundo para ouvir as solicitações de áudio da Alexa com o objetivo de melhorar o software. Uma mesma análise humana foi usada pela Apple para a assistente virtual Siri e também para a inteligência artificial do Google.
A Apple e o Google afirmaram que não adotam mais a prática, enquanto a Amazon afirmou que irá permitir que seus usuários escolham não participar da análise de voz feitas pelos profissionais contratados.O Facebook diz ter interrompido as transcrições de áudio após as polêmicas envolvendo os programas de coleta de áudio de outras empresas de tecnologia. A rede social – que acabou de firmar um acordo no valor de US$ 5 bilhões com Federal Trade Comission, dos Estados Unidos após a investigação de suas práticas de privacidade – negou que tenha coletado os dados de voz de seus usuários para repassar informações a anunciantes ou para ajudar a definir o que as pessoas verão em seu feed de notícias. O próprio CEO da empresa, Mark Zuckerberg, negou a prática em depoimento ao Congresso. “Não fazemos isso”, disse ao Senador Gary Peters, em abril do ano passado.
Em resposta ao Congresso dos Estados Unidos, a companhia havia declarado que apenas acessa os microfones dos usuários que concederam tal permissão ao utilizar o aplicativo – e que fazia isso somente se eles estivessem usando um recurso específico que requer áudio. A empresa, no entanto, não informou o que é feito posteriormente com o áudio coletado.
A rede social, contudo, não havia divulgado aos seus usuários que seus áudios poderiam ser avaliados por terceiros. Isso fez com que algumas pessoas contratadas para esse trabalho ficassem em dúvida em relação à ética da operação, de acordo com pessoas próximas ao assunto.
Sabe-se, no entanto, que uma das empresas contratas para esse trabalho de transcrição de áudios é a TaskUs Inc. localizada em Santa Monica, na California. Os funcionários da empresa, no entanto, são proibidos de falar sobre o Facebook e, internamente, chamam a empresa pelo codinome de “Prism”.
O Facebook também usa os serviços da TaskUs para verificar os possíveis conteúdo que estariam violando suas políticas de uso. Há funcionários dessa empresa trabalhando na preparação para o período eleitoral, em relação aos anúncios políticos.
A política de uso de dados do Facebook, que foi atualizada no ano passado para ficar mais compreensível para o público, não inclui nenhuma menção aos áudios. Ela, contudo, diz que o Facebook coletará “conteúdo, comunicações e outras informações fornecidas pelo usuários quando eles enviarem mensagens ou se comunicarem com outras pessoas.”
A rede social explica que “sistemas processam automaticamente o conteúdo das mensagens que os usuários fornecerem para analisar seu contexto”. Nessa explanação, não há nenhuma menção a ao fato de que esse conteúdo poderia ser analisado por terceiros. Em uma lista denominada “Terceiros com os quais compartilhamos informações”, o Facebook não menciona a equipe de transcrição, mas faz uma vaga referência a “fornecedores e prestadores de serviços que dão suporte aos nossos negócios analisando como nossos produtos são utilizados.”
O papel dos seres humanos na análise de gravações de áudio ressalta os limites da inteligência artificial e sua habilidade de reconhecer as palavras e formas de linguagem. As máquinas estão se aperfeiçoando na tarefa mas, algumas vezes, acabam enfrentando o desconhecido. O fato de algumas pessoas contratadas para fazerem as transcrições terem se incomodado com o conteúdo ouvido é mais uma lembrança da ferramenta humana na moderação do conteúdo da maior rede social do mundo.
Com informações do Advertising Age
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