Fake News e Eleições: quais as medidas de Google e YouTube
Empresa de tecnologia estabelece novas regras para a publicação de conteúdo e de anúncios publicitários de teor eleitoral
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Bárbara Sacchitiello
23 de março de 2022 - 16h11
Na tentativa de coibir a disseminação de notícias e informações falsas que tendem a circular com mais intensidade no período eleitoral, o Google, tanto em sua ferramenta de buscas quanto no YouTube vem, já há algum tempo, estabelecendo novas regras tanto para a veiculação de anúncios de cunho político como a respeito da hospedagem de conteúdo relacionado às eleições.
Nesta terça-feira, 22, o YouTube apresentou uma atualização de suas políticas de integridade eleitoral, que estabelece, entre outras medidas, o veto à publicação de conteúdo que alegue supostas fraudes, erros ou problemas técnicos em eleições já realizadas.
Com essa nova regra, na prática, serão removidos do YouTube vídeos que coloque em dúvida a veracidade e integridade das eleições presidenciais de 2018 no Brasil. A mesma regra vale também para as eleições dos Estados Unidos e para as eleições federais da Alemanha, realizadas no ano passado.
A plataforma do Google também não permitirá a publicação de vídeos e conteúdos que tenham por objetivo a supressão de eleitores, ou seja, que tragam informações que possem atrapalhar, confundir ou desestimular a participação das pessoas no pleito, como informações erradas sobre horários e locais de votação. “Também não serão permitidos vídeos que propaguem declarações falsas sobre os requisitos técnicos de qualificação de candidatos políticos e representantes do governo eleitos para ocupar um cargo público”, explica o YouTube, em seu blog.
O YouTube também irá vetar conteúdo que incite o público a interferir em processos democráticos além de, também, vetar a distribuição de informações e de conteúdo adquirida por hackers e que possam interferir no processo democrático.
Anúncios políticos no Google
O Google também vem se preparando para estabelecer um maior controle acerca da comercialização dos anúncios de caráter política, que devem representar uma fatia mais importante em seus negócios. O primeiro passo, anunciado em outubro, foi a obrigatoriedade da verificação dos anunciantes que queiram fazer anúncios políticos pelo Google Ads.
Na prática, a plataforma exigirá a identificação da pessoa ou da empresa que irá custear aquela peça publicitária. Essa informação estará contida no Relatório de Transparência de Publicidade Política, documento que o Google planeja lançar no Brasil ainda neste ano.
“A publicidade política é algo recente no Google. A primeira eleição que passou a contar com anúncios pagos na internet foi a de 2018. Por isso, fizemos um esforço em entender a realidade brasileira e, ao mesmo tempo, harmonizá-la com as práticas que já temos em outros mercados”, conta Natalia Kuchar, advogada do Google Brasil, em entrevista ao Meio & Mensagem.
O Google define como publicidade eleitoral toda a mensagem que mencione algum partido político, candidato para cargos de nível federal ou titulares desses cargos. Outra regra da empresa de tecnologia é de que a segmentação desses anúncios eleitorais só pode ser feita por faixa etária, gênero e localidade.
Natalia explica que essas e outras regras em relação à publicidade que envolve campanhas eleitorais geram dúvidas entre os partidos, candidatos e até mesmo no público eleitor e que, por isso, a empresa vem conversando com esses atores do cenário político para esclarecer suas diretrizes e orientá-los a respeito do que é permitido ou não no ambiente do Google Ads. “Não é permitido, por exemplo, fazer uso de algum evento ou situação que cause comoção pública nessas mensagens publicitárias. Assim como não é permitido mencionar os adversários nos anúncios. Temos trabalhado próximos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para deixar essas regras mais claras a respeito da publicidade digital”, finaliza.
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