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Falhas no Privacy Sandbox, do Google, levantam questões no setor

Interrupções no Privacy Sandbox durante fases de testes criou um novo cenário para editores e anunciantes navegarem


31 de maio de 2024 - 10h57

*Por Garret Sloane, do Ad Age

Os primeiros a testarem o Privacy Sandbox, do Google, estão descobrindo como lidar com os problemas mais recentes em torno do fim dos cookies.

Recentemente, uma interrupção cortou o fluxo de publicidade na plataforma experimental de anúncios da big tech. Na semana passada, falhas desativaram as interfaces de programação de aplicativos (APIs) do sistema central da Privacy Sandbox.

falhas privacy sandbox

(Crédito: Andreas-Prott/Adobestock)

Os fornecedores de tecnologia de anúncios, publisheres e anunciantes utilizam essas APIs para participar de leilões de anúncios conduzidos inteiramente no navegador Chrome. Após as falhas, alguns editores relataram que a atividade publicitária e a receita pararam de fluir pelo Privacy Sandbox por horas.

Foi um pequeno contratempo que a equipe do Privacy Sandbox do Google corrigiu rapidamente, mas o fato de as APIs serem suscetíveis a problemas levantou questões sobre a possibilidade de falhas futuras.

O que pensam os profissionais

“Isso levanta a questão mais importante: os navegadores são softwares e, às vezes, softwares falham”, afirmou Paul Bannister, diretor de estratégia da Raptive, um coletivo editorial que está testando o Privacy Sandbox. “Existe algum recurso caso haja um problema e o Sandbox caia por algum motivo?”.

Na semana passada, Bannister relatou no LinkedIn que a falha durou cerca de 16 horas. Como a plataforma está apenas em fase de testes, a interrupção nos negócios pequena. No entanto, se as APIs da Privacy Sandbox forem amplamente adotadas e representarem uma parcela maior da receita dos editores, acontecimentos do tipo teriam implicações mais complexas.

“Ter todo o sistema indisponível durante grande parte do dia pode ser catastrófico para muitos publishers e anunciantes”, escreveu. “Será interessante ver como o Chrome e a equipe do Sandbox podem oferecer um conforto de que isso não pode acontecer. Mas não tenho certeza se isso é possível. Sistemas falham”.

Dado que o erro da semana passada foi pequeno, o profissional estimou que isso tenha afetado apenas algumas centenas de dólares em anúncios. Por sua vez, o Google apontou que o problema estava relacionado à forma como configurou os testes do Privacy Sandbox. Também afirmou que o mesmo não aconteceria novamente quando o último período de testes terminasse, no final de junho.

O período de testagem faz com que 1% do tráfego no Chrome seja colocado no Privacy Sandbox para que todas as partes experimentem veicular anúncios por meio dele.

“A equipe do Chrome dá a mais alta prioridade à confiabilidade de nossa plataforma e de todas as APIs críticas usadas pelos principais sites e serviços da web, incluindo as tecnologias Privacy Sandbox”, comentou um porta-voz do Google em comunicado ao Ad Age. “Reconhecemos que as ferramentas Privacy Sandbox ajudarão a apoiar a monetização na web e continuaremos a trabalhar com as partes interessadas do setor para garantir o melhor desempenho e confiabilidade possíveis”.

Atrasos e gargalos

Com o Privacy Sandbox, o Google está tentando revisar a tecnologia de anúncios na web aberta, para que públishers e anunciantes não dependam de cookies de terceiros para rastrear consumidores e direcionar anúncios.

Agora, a big tech planeja desativar cookies de terceiros no Chrome em meados de 2025. A medida visa melhorar a privacidade do consumidor em seu navegador. O Privacy Sandbox bloqueia os dados para que não vazem para terceiros durante os leilões de anúncios. Ao mesmo tempo, os players se conectam às APIs para manter suas funções de anúncios.

A mudança nos canais de tecnologia de publicidade representa uma grande revisão na forma como editores, anunciantes e fornecedores de adtech fazem negócios. E o Google está sendo observado de perto sobre como implementa o Privacy Sandbox. Em abril, a companhia adiou a suspensão do uso dos cookies do final deste ano para meados do próximo.

Justin Rau, gerente de produto do grupo NextRoll, um fornecedor de tecnologia de publicidade, declarou ao Ad Age que a falha apenas destacou a necessidade de mais testes, e que as interrupções não são algo que a indústria de tecnologia de publicidade não tenha enfrentado antes. “O Privacy Sandbox representa uma mudança estrutural significativa na forma como a publicidade digital opera, e essas transições estão fadadas a enfrentar contratempos à medida que são refinadas e melhoradas”, disse.

Outros especialistas em tecnologia de publicidade acreditam que existam maneiras de distribuir as responsabilidades dos anúncios para que nem tudo seja executado no Chrome no futuro. Por exemplo, o Google e seus parceiros estão desenvolvendo “ambientes de execução confiáveis”, ou TEEs, que são plataformas de computação seguras na nuvem que deverão lidar com algumas das funções de publicidade fora do Chrome.

“Mover tudo para o navegador e tornar tudo muito mais complicado, o que acontece quando ele falha, quem é o responsável pelos potencialmente milhões de dólares que não são gastos?”, indagou um executivo da área sob condição de anonimato. “Com serviços rodando em TEEs, que são operados pelas próprias empresas de tecnologia de publicidade, quando um servidor cai, a culpa é delas. Mas se a API do navegador cair por qualquer motivo, a culpa é do navegador”.

Entidades sobre as falhas no Privacy Sandbox

Em um relatório publicado em fevereiro, o IAB Tech Lab, o grupo comercial do setor, chegou a teorizar que uma das desvantagens potenciais do Privacy Sandbox era a incerteza sobre a responsabilidade sobre possíveis fahas.

“Com o Chrome atuando como um participante ativo em uma transação financeira (o leilão de anúncios) e na entrega de mercadorias (veiculação do anúncio), se o Privacy Sandbox negligenciar os requisitos legais e comerciais, isso representa uma grave preocupação”, escreveu o IAB Tech Lab.

O Google respondeu dizendo que o Privacy Sandbox não muda drasticamente a forma como editores, anunciantes e fornecedores estruturam os negócios.

“O acesso às APIs não depende da aceitação dos termos de serviço ou da celebração de um contrato com o fabricante do navegador do usuário”, rebateu a equipe do Google na época. “Isso é fundamental para o funcionamento da web: quando um usuário navega por um site, ele deve simplesmente funcionar independentemente dos acordos comerciais pré-existentes com o navegador”.

“Nada no Privacy Sandbox exige uma mudança neste modelo”, acrescentou o Google. “As APIs do Privacy Sandbox, como a Protected Audience e Attribution Reporting, não são serviços fornecidos por uma entidade a outra, nem são disponibilizados sujeitos a garantias comerciais. São ferramentas técnicas integradas ao navegador que os desenvolvedores decidem se e como usar”.

*Tradução por Giovana Oréfice

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